Membros da Câmara Técnica de Águas Subterrâneas (CTAS) do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) se reuniram na última quinta-feira (14), em Maceió, para tratar de diversas pautas, como a apresentação do Projeto Muringadim, a proposta conceitual de programa de monitoramento das águas subterrâneas e a estruturação de um plano de ação relacionado ao estudo do aquífero Urucuia.
Paulo Pessoa, geólogo e sócio proprietário da empresa Hidrovia, trouxe uma apresentação detalhada sobre o Projeto Muringadim, que busca caminhos mais simples e eficientes para preservar as águas. No eixo 1, por exemplo, foi mostrada a rede de monitoramento hidrométrico integrada e compartilhada. Já no eixo 2, o Paulo apresentou estudos hidrogeodinâmicos e no eixo 3 ele mostrou aos membros da CTAS a junção da sociedade e o meio ambiente dentro do projeto.
Jacqueline Evangelista, coordenadora técnica da Agência Peixe Vivo, informou que foi levado para conhecimento da CTAS o estudo de planejamento e do enquadramento das águas subterrâneas na região do Alto São Francisco. O estudo faz parte do escopo do projeto de proposição e de enquadramento das águas superficiais para a região do Alto São Francisco em três bacias que estão sendo estudadas: a do Pará, do Paraopeba e do entorno de Três Marias. “Devido à ausência de dados de monitoramento de águas subterrâneas até o momento no Brasil, não foi proposto, por falta de subsídio, o enquadramento das águas subterrâneas no país. Então, a Engecorps desenvolveu a proposição de um programa de monitoramento para que esses dados possam ser gerados especialmente na região do Alto São Francisco e que, no futuro, seja possível propor o enquadramento das águas subterrâneas. Ficou constatado que temos poucos dados hidroquímicos gerados atualmente, então ainda há um longo caminho a ser percorrido para que seja possível trabalharmos o enquadramento das águas subterrâneas. Mas, por enquanto, conseguimos fazer para as águas superficiais”, explicou.
A geóloga e membro da CTAS, Cristiane Neres, relatou que, dentro das propostas feitas no estudo do aquífero Urucuia, foi salientado que seria necessário ter uma malha de monitoramento bastante densa e com outros estudos de viabilidade hídrica, proposições de locações, perfurações de poços doados pelos setores públicos para abastecer essa malha de monitoramento a fim de ter respostas sobre o comportamento do sistema aquífero Urucuia. “Os estudos que foram mostrados pelo geólogo Paulo Pessoa a respeito do projeto Muringadim foram interessantes pelas proposições, para a eficiência da preservação das nossas águas, apresentando também uma rede de monitoramento hidrométrico integrado e compartilhado, estudos hidrogeodinâmicos e a interação com a sociedade e meio ambiente, mostrando que essas relações são importantes dentro de todo o ciclo hidrogeológico a partir da interferência do homem sobre o meio, além das questões ambientais e a própria hidrogeodinâmica do sistema”.
Para o coordenador da CTAS, Almir Cirilo, a reunião foi bastante profícua e trouxe a oportunidade de os membros discutirem o monitoramento como uma consequência do primeiro trabalho técnico que foi feito sobre as águas subterrâneas na bacia, enquanto Câmara Técnica. “Esse trabalho revelou um conjunto de informações importantes e, por uma boa coincidência, chegou até nós uma proposta de envolvimento da sociedade no processo de monitoramento, o que compreendemos que vai muito de encontro aos interesses e às proposições do Comitê que, afinal, tem como grande foco o envolvimento da sociedade no processo de governança dos recursos hídricos. Essa proposta foi ouvida, reconhecida e se espera que dela possamos trazer subsídios para fazer a integração mais próxima das pessoas com o monitoramento. Embora seja uma função do Estado diante da nossa legislação, os instrumentos cooperativos dão sua contribuição em benefício de todos”.
Cirilo acrescentou que também houve uma avaliação de um estudo sobre monitoramento das águas subterrâneas, do ponto de vista dos poços perfurados, que permite fazer o monitoramento de forma integrada. “Fizemos propostas a partir desse estudo onde foi concluído que existem lacunas de conhecimento nas bacias. Há indicadores de deplecionamento dos aquíferos em muitas regiões, o que é preocupante, mas em outras há uma certa estabilidade, por isso a necessidade desse monitoramento. Então, foi proposto pelos membros da Câmara um conjunto de 57 pontos que precisam ser monitorados na superfície, além de muitos outros. Tudo isso irá subsidiar nossa base de informações para melhor conhecer os sistemas hídricos. Esperamos, nesse contexto, não evoluir apenas no Urucuia, mas que tenhamos um maior conhecimento dessa integração das águas superficiais e subterrâneas em toda bacia hidrográfica”, finalizou.
Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Deisy Nascimento
*Fotos: Deisy Nascimento