Durante esta segunda-feira, 04, diversos alunos e professores de escolas públicas de Aracaju (SE) viraram carranca ao visitarem o Centro de Vivência da Universidade Federal de Sergipe (UFS) para conhecer um pouco mais sobre o Rio São Francisco. O local acolhe, até a próxima quarta, 06, a campanha “Eu viro carranca pra defender o Velho Chico” deste ano, organizada pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) há cinco anos consecutivos.
Com o objetivo de conscientizar e mobilizar para a preservação do rio, os alunos foram orientados por monitores sobre a fauna, flora, tradições e lendas. Se, ao chegar, a grande maioria dos alunos não sabia o que representava a carranca, após a visita, eles conseguiram compreender a importância do rio e incorporaram o personagem.
A estudante do 8º ano do Colégio Estadual Professor Gonçalo Rollemberg Leite, Grazielle Alves, abraçou a causa. “Estou amando a campanha e virei carranca para defender o nosso rio. Isso tudo é muito diferente da forma que aprendemos na escola, vimos todos os detalhes do Velho Chico. Tudo depende da água, não sei se conseguiríamos viver sem o Rio São Francisco. Precisamos ter mais cuidado e atenção a isso”, afirmou encantada.
“Formação de identidade”. Foi assim que o professor de geografia do Colégio Estadual Armindo Guaraná, Felipe Alan Souza, resumiu a participação dos seus alunos na campanha. Para ele, “uma proposta de educação ambiental só é válida se conseguir aproximar, criar identidade e sensibilizar para uma mudança na maneira de pensar e ver o ambiente em que está inserido. É isso que está sendo feito aqui. Eles tiveram acesso à questões culturais do Rio São Francisco, à percepção dos pescadores e da própria ciência. Isso concretiza o conteúdo passado em sala de aula ao pertencimento à Bacia Hidrográfica”.
Aos 15 anos, Solene Maciel já é pesquisadora do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) e monitora de alguns colegas no Colégio Gonçalo Rollemberg. Sob a orientação da professora Simone Cunha, o principal foco da pesquisa é o desperdício de água e, segundo a aluna, visitar a campanha contribuiu muito para o seu conhecimento e para o desenvolvimento do projeto. “Hoje foi a primeira experiência do meu projeto e achei incrível. Foi um grande aprendizado, não só para mim, mas para os meus colegas também. Estamos estudando exatamente isso e a campanha é uma forma de nos responsabilizar e convidar para que as pessoas ‘sejam carrancas’ e entrem nessa luta em defesa das nossas águas”, ressaltou Solene.
O grande fator que levou a professora de matemática do 1º ano do Gonçalo Rollemberg, Márcia Oliveira, a levar seus alunos para a visita foi o questionamento: como eles podem defender algo que nem conhecem?. ”A maioria dos alunos não conhece a região e a nossa cultura, apesar de ter nascido e morar aqui. Eles precisam conhecer para poder defender. Precisam gostar para se posicionar. Trouxemos para que eles conheçam um pouco mais do que é nosso e aprofundem o conhecimento na prática. Faz muitos anos que fui até o Velho Chico, pretendo retornar em breve, mas fico imaginando a diferença que vou encontrar. As pessoas estão perdendo algo que pode não ter volta, precisam fazer a sua parte e é essa consciência que quero que meus alunos tenham”, afirma a professora.
A ansiedade para saber o que a carranca significa é grande e com Luiz Fernando Costa, aluno do Colégio Armindo Guaraná, não foi diferente. Apesar de já ter estudado o assunto nas aulas de geografia, ele desconhecia as lendas que envolvem o Velho Chico. “Eu não sabia nada sobre a tradição das carrancas, mas depois que aprendi, eu também viraria carranca para defender o Rio porque ele é nosso. Muita gente depende da água que vem dele. Fico imaginando: se no futuro não tiver o rio, como a gente vai ficar?” refletiu o aluno.
Através de uma parceria com uma ONG local, o Instituto Canto Vivo, os visitantes receberam sementes de diversas espécies para contribuir com o meio ambiente. Para animar a tarde, Ton Toy e os Zabumbadores de Vó Lourdes chegaram com muita música. Em um cortejo, passaram por diversos setores da Universidade chamando a atenção das pessoas para se engajarem na luta em defesa do Velho Chico. Com o batuque dos instrumentos, diversas pessoas aderiram a campanha e também viraram carranca.
Confira as fotos das atividades da Campanha:
*Texto: Carolina Leite
*Fotos: Alan Rodrigo