Coordenação da CCR Alto São Francisco se reúne com Comando da Marinha do Brasil em Pirapora

14/09/2018 - 11:32

Capitania Fluvial do São Francisco continua em funcionamento e novos investimentos serão feitos na região.

Boatos e informações falsas veiculadas principalmente nas redes sociais deixaram a população do Norte de Minas apreensiva com um possível fechamento da Capitania Fluvial do São Francisco no município de Pirapora/MG. A preocupação aumentou com o anúncio da criação de uma unidade da marinha em Belo Horizonte. O tema foi um dos assuntos da reunião realizada na quarta-feira (12/09) entre a coordenadora da Câmara Consultiva Regional do Alto São Francisco (CCR Alto São Francisco), Sílvia Freedman, e o comandante da Capitania de Pirapora, Alessandro Anilton Maia Nonato.
De acordo com o comandante Alessandro, a unidade da marinha na região do Alto São Francisco existe há 92 anos e vai permanecer em plena atividade, inclusive já se preparando para as festividades dos seus 100 anos. Ele ainda apresentou dados sobre a atuação da capitania, além dos investimentos em obras, novas viaturas, embarcações e motores. “A região norte de Minas permanece sendo muito bem cuidada pela Capitania Fluvial do São Francisco nos seus 261 municípios, com 25 mil embarcações inscritas, 24 mil amadores, seis mil aquaviários, mais de 1500 embarcações abordadas no ano, mais de 20 cursos de formação de aquaviários em 2018 e as provas de Arrais Amador”, detalha.
Sobre a criação de uma capitania em Belo Horizonte, que deverá ser instalada até o final do ano, Alessandro considera uma ampliação da atividade da marinha em Minas Gerais. Segundo o comandante, o estado possui grandes dimensões e extensa capacidade hídrica. O lago de Furnas e a região do Rio Doce, por exemplo, passarão a ser de responsabilidade dessa nova Capitania de Minas Gerais. Atualmente, a Capitania dos Portos de São Paulo é responsável por Furnas e o Rio Doce está sob responsabilidade da Capitania do Espírito Santo.
Ao ressaltar um fluxo intenso de trabalho e as condições estratégicas da hidrovia, o comandante apresentou ainda dados que comprovam a viabilidade da navegação no rio São Francisco, mesmo em períodos de estiagem. “Os números provam que temos mais de mil embarcações abordadas na região e no feriado do dia sete de setembro, tivemos um grande volume de barcos abordados, mais de cem, devido ao Campeonato Nacional de Pesca Esportiva no lago de Três Marias”, ressalta.
Mobilização
Na reunião, também foram discutidas as necessidades de ações de prevenção e proteção ambiental, favorecendo os usos múltiplos das águas e a preservação das margens do São Francisco, principalmente na época de seca, com construções e intervenções que podem prejudicar o leito dos rios. A coordenadora da CCR Alto São Francisco, Silvia Freedman, ponderou sobre os períodos cíclicos do rio, os quais apresentam momentos de estiagem e enchentes. De acordo com a coordenadora, a série histórica de medição do rio São Francisco revela essas alternâncias no volume das águas.
Para Sílvia, é preciso mobilizar a comunidade no alerta para a não invasão da área de preservação neste período de seca. A coordenadora fez um convite ao comandante para a Reunião Pública “Enchentes no Rio São Francisco”, no dia 24 de outubro, em Pirapora. “Precisamos despertar o interesse da comunidade em participar e entender esses ciclos”, enfatizou.

Investimentos
No encontro, também foram anunciados investimentos vultuosos durante cinco anos por parte do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), em um relevante projeto para recuperação das lagoas marginais, principais berçários de peixes. Freedman explicou que o projeto será uma parceria com a Cemig, com investimentos do Comitê nos primeiros cinco anos, sendo a Companhia responsável por manter o trabalho por mais 30 anos. “A ideia é inserir na gestão do Operador Nacional do Sistema Elétrico a proteção ao bioma, a ictiofauna do rio São Francisco e a necessidade de enchente das lagoas marginais para retomada da reprodução dos peixes. O reservatório teria que verter água para encher as lagoas” salienta. O status desse projeto será tema de apresentação na próxima reunião da CCR Alto São Francisco dia 21, em Belo Horizonte.
Ainda na região do Alto São Francisco foi anunciado pela coordenadora da Câmara Regional, um aporte do Comitê da Bacia para construção de uma terceira unidade de captação de água para abastecimento da população de Pirapora. “Representamos 72% das águas do Velho Chico e estamos vivenciando desabastecimento hídrico humano nas cidades da região. A primeira captação chega até o centro da cidade e a segunda já apresenta totalmente assoreada”, alerta Sílvia. Segundo a coordenadora, uma reunião entre técnicos do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) e a equipe da Diretoria Técnica da Agência de Bacia Peixe Vivo está agendada para o dia 18 de setembro (terça-feira).
A coordenadora também anunciou que em breve, a sede da Coordenação do Alto São Francisco, abrangendo Minas Gerais e um trecho da Bahia, próximo à Carinhanha, no oeste do estado, além de parte de Goiás e Distrito Federal, entrará em funcionamento junto à sede da Associação dos Municípios da Bacia do Médio São Francisco (Amesf).
Reunião Pública “Enchentes no Rio São Francisco”
A Marinha do Brasil, por meio da Capitania Fluvial do São Francisco se colocou a disposição para ajudar a convidar e informar a toda a comunidade ribeirinha para a participação na reunião pública sobre enchentes no Rio, dia 24/10/2018 na sede do hotel Canoeiros.
A Coordenadora Sílvia Freedman reforçou a importância de se falar sobre as enchentes do Rio e suas consequências, especialmente no período da seca, quando a população acha que pode ocupar suas margens e as áreas de preservação permanente, o que ocasiona grandes problemas quando o ciclo pluvial se regulariza. “Temos que respeitar o Rio” diz Silvia Freedman.

*Texto: Paulo Bellardini
*Fotos: Carina Vaz