Construção de viveiro visa recomposição da Caatinga em Lapão (BA)

01/03/2021 - 14:18

Quem chega ao município de Lapão (BA), rapidamente nota a existência do Parque da Cidade, situado às margens da BA-432, na entrada da cidade. O local chama a atenção por sua arborização e existe há mais de 20 anos, resultado de intensas mobilizações de moradores engajados ambientalmente e amantes da Caatinga. Agora, em 2021, parte do espaço será utilizada para a implantação e operação de um viveiro de mudas nativas e frutíferas, através de mais um projeto de requalificação ambiental financiado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF).

O projeto “Produzindo mudas para a recomposição da Caatinga” está entre os contemplados na região do Médio São Francisco pelo edital de Chamamento Público nº 01/2018, voltado para demandas espontâneas. Proposto pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Irrigação e Agropecuária, a reunião de abertura das atividades aconteceu no dia 23 de fevereiro, no próprio Parque da Cidade, em Lapão, com a presença de representantes do município, do CBHSF, da Agência Peixe Vivo e da FAVENI– Consultoria, projetos e serviços LTDA, empresa contratada para a elaboração do Termo de Referência do projeto. O objetivo do encontro foi promover o alinhamento entre os agentes envolvidos e realizar uma visita de reconhecimento na área.

O engenheiro civil e coordenador executivo da FAVENI, Alessandro Loreto, explicou do que se trata essa etapa: “Hoje estamos em uma visita pré-diagnóstica, para analisarmos a área onde será implantado o viveiro, fazermos uma estimativa da quantidade de mudas e conversarmos com os proponentes sobre suas expectativas e objetivos. A equipe chave dedicada a esse projeto conta com sete profissionais, além de outros colaboradores da empresa que estarão em campo na análise diagnóstica, a ocorrer nas próximas semanas”.

O valor total disponibilizado para o projeto é de até R$ 1 milhão e o prazo para a finalização e entrega do Termo de Referência pela FAVENI é de dois meses. O documento é responsável por reunir tudo que é necessário para a execução do projeto: equipe, materiais, levantamento de preços, tempo de execução, cronograma das ações, etc. A expectativa é que o viveiro tenha capacidade de produzir mais de 200 mil mudas/ano, atendendo, além do município de Lapão, a outras cidades do Território de Irecê.

Manoel Augusto, técnico agrícola e servidor municipal, observou que a implantação do viveiro pretende diversificar a produção agrícola da região: “Queremos produzir mudas frutíferas e com isso incentivar outras culturas entre os agricultores, substituindo a monocultura da cenoura praticada até então. Além de gerar renda, a fruticultura pode otimizar o uso da água no nosso território, uma questão ambiental urgente”.


Veja as fotos da visita: 


O coordenador da Câmara Consultiva Regional (CCR) Médio São Francisco, Ednaldo Campos, destacou que o município de Lapão possui experiências bem sucedidas em construção e manutenção de viveiros, o que sinaliza o potencial e a viabilidade do atual projeto: “Queremos implantar uma estrutura mais moderna, atualizada, para a produção de mudas, com uma área de compostagem, mecanismos de assepsia interna do viveiro e um espaço físico para cursos de extensão e capacitação, especialmente para os pequenos produtores”.

Além de incentivar a fruticultura na região, o novo viveiro irá ofertar à população mudas de espécies nativas para a recomposição da Caatinga, estimulando o reflorestamento em áreas degradadas, especialmente em morros e encostas. Trata-se de uma importante medida contra o acelerado processo de desertificação do semiárido, problema já demonstrado por diversos estudos científicos e acadêmicos, com o agravante de que o Território de Irecê é um dos mais atingidos pelo desmatamento no Estado da Bahia.

O projeto também prevê incentivar os produtores rurais a formarem áreas de reserva legal em seus estabelecimentos, fornecendo, além das mudas, apoio técnico. O reflorestamento da Caatinga contribui para a valorização do patrimônio cultural e genético desse bioma que é exclusivo do Brasil. “A agenda ambiental é urgente e o município de Lapão está sensível a essa questão. Esse projeto, financiado pelo CBHSF, é um ganho para o município, pois o viveiro irá envolver atividades com estudantes da rede de ensino, agricultores, equipe técnica e outros grupos interessados”, apontou Raul Silva, superintende de Agricultura Familiar, ao final da reunião.

 

Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Mariana Carvalho