Aconteceu na última terça feira (01/12), em Barra do Mendes (BA), a abertura do projeto “Água e vida no semiárido: produzindo alimento e resgatando a autonomia financeira dos agricultores”, que prevê a implantação de cisternas para captação das águas das chuvas para produção de alimentos e capacitação das famílias beneficiadas. A proposta foi contemplada pelo Chamamento Público nº 02/2019 do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), que está financiando iniciativas com foco na sustentabilidade hídrica do semiárido.
Na ocasião estiveram reunidos o coordenador da Câmara Consultiva Regional (CCR) Médio São Francisco, Ednaldo Campos, a coordenadora técnica da Agência Peixe Vivo, Rayssa Balieiro Ribeiro, profissionais da empresa responsável pela elaboração do termo de referência para a execução do projeto, a COBRAPE, representantes da Associação Comunitária Vereda de Baixo – instituição proponente da proposta- e outros representantes de comunidades do município de Barra do Mendes.
A Comunidade de Vereda de Baixo está situada no semiárido baiano e é composta por famílias de agricultores que tem nessa atividade o seu sustento. Moradores apontam que a produção é vulnerável aos impactos da estiagem, gerando prejuízos constantes e até mesmo falta de água para consumo humano. O problema também ocorre no povoado de Retiro, onde vivem aproximadamente 45 famílias.
José Martins, representante da comunidade, relatou que ainda há casas sem cisterna para consumo familiar e que as cisternas para produção são questão de sobrevivência: “Durante as chuvas de verão, quando tem água, a população consegue produzir alguma coisa, mas durante a estiagem é difícil até fazer uma horta”, contou o agricultor.
Valdeni Martins dos Reis, responsável pela elaboração do projeto e presidente da Associação Comunitária Vereda de Baixo, disse que assim que soube do edital decidiu escrever algo voltado para a agricultura orgânica e criação de animais: “A comunidade é exclusivamente agrícola, então as cisternas de produção proporcionam às famílias guardarem água da chuva para o plantio e dessedentação animal no período da seca”, argumentou. A Associação solicitou 30 cisternas de produção para associados da Vereda de Baixo, mas o CBHSF apresentou na reunião que irá disponibilizar aproximadamente R$ 1 milhão para a construção de 100 cisternas, entre produção e consumo, incluindo outros dois povoados.
A Companhia Brasileira de Projetos e Empreendimentos (COBRAPE) foi a empresa de engenharia contratada pela Agência Peixe Vivo para elaborar o termo de referência relativo ao projeto. Rafael Decina Arantes, representante da filial mineira, sinalizou que o objetivo é contemplar democraticamente o maior número possível de famílias: “A identificação dos beneficiários será feita com a participação dos líderes comunitários para chegarmos nas famílias com maior necessidade e que tem condições de receber o benefício nesse momento”.
Uma nova visita ao município está prevista para 15 de dezembro, quando uma equipe da COBRAPE irá realizar levantamentos topográficos, dados e informações sobre os beneficiários. A expectativa é que o Termo de Referência fique pronto nos próximos 60 dias. Rayssa Ribeiro, da Agência Peixe Vivo, explicou que “na elaboração do termo de referência a empresa irá elencar tudo que é necessário para a execução do projeto. Em seguida iremos fazer a contratação da empresa que virá instalar as cisternas.”.
Ednaldo Campos observou que as cisternas são uma tecnologia social eficaz e reconhecida mundialmente: “As cisternas representam uma solução simples de grande impacto”, pontuou o coordenador da CCR. O projeto prevê ainda a capacitação das famílias em produção agroecológica, formação sobre comercialização da produção e formação sobre Gerenciamento de Recursos Hídricos no semiárido. Também se espera que a construção das cisternas mobilize a mão de obra local, especialmente as cisternas de cimento: “No diálogo com a empresa executora já há uma indicação para contratação dos trabalhadores da localidade sempre que possível. Não é uma obrigação contratual, mas é desejável que isso ocorra”, revelou Campos.
A expectativa é que a execução do projeto dure em torno de 8 meses e melhore a vida da centena de famílias beneficiadas. Só com água vinda do céu.
Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Mariana Carvalho