Comunidade de Felixlândia apresenta propostas de revitalização para Lagoa de Dejetos do município

17/12/2019 - 18:07

A Lagoa de dejetos, no município mineiro de Felixlândia, localizado na região do Alto São Francisco, começa a receber atenção especial do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF). O local foi utilizado, por mais de 50 anos, como depósito de esgoto da área central da cidade e, atualmente, apresenta vários problemas ambientais e urbanísticos como assoreamento, contaminação do solo, proliferação de insetos, além de desaguar no córrego do Bagre, principal rio do município, desembocando na Represa de Três Marias. Outro agravante é o fato da Lagoa estar localizada a cerca de 500 metros da Igreja Matriz, principal ponto de turismo religioso na região.

Academia pública, ciclovia, arborização do entorno, construção de quadra e manutenção do espelho d’água foram as principais reivindicações da comunidade, resultado da mini oficina “Mapa Mental Falado”, atividade de educação ambiental realizada na segunda-feira (16/12), no Centro Comunitário Municipal. A atividade aconteceu durante o 1º Workshop de Apresentação das Estratégias de Trabalho para o Diagnóstico Ambiental, Prognóstico e Definição de Projetos de Requalificação Ambiental e Urbanística para a Lagoa de Dejetos no município de Felixlândia.

O workshop de segunda-feira foi o primeiro de três, apresentado pela empresa Inovesa, vencedora do processo licitatório, aberto pela Agência Peixe Vivo, com o objetivo de executar um estudo completo sobre a situação da Lagoa de Dejetos, além de propor intervenções adequadas no local. Serão investidos mais de R$ 1,3 milhão, oriundos da Cobrança pelo Uso da Água, prevista na Lei 9.433/97. Com execução de 12 meses, a empresa tem até setembro de 2020 para entregar o projeto, que será um norteador para a próxima etapa, a realização das obras previstas no estudo.

“Quando eu era menino, era lá que brincávamos, 50 anos depois a cidade foi ampliando e o volume de dejetos do centro e dos bairros da região central aumentou muito, gerando esse problema ambiental. Vale lembrar que em setembro do próximo ano teremos o projeto, não a obra. Ainda precisaremos pleitear os recursos”, explica o prefeito de Felixlândia, Vanderli de Carvalho Barbosa.

Trabalhos avançados

Durante a apresentação dos trabalhos, a equipe da Inovesa, composta por engenheiros, biólogos, geógrafos, arquitetos e geofísicos, expôs os resultados já obtidos nos quatro primeiros meses de execução desde a assinatura do contrato. A explicação teve inicio com a bióloga, Gisele Barbosa, mostrando detalhes do projeto e as áreas de atuação do CBHSF. Em seguida, a engenheira civil e coordenadora do projeto, Luciene Menezes, ressaltou os pilares técnicos do estudo, envolvendo a equipe multidisciplinar. Apresentou ainda o contexto de inserção territorial do córrego do Bagre e detalhes de sua localização na Bacia do rio São Francisco.

De acordo com a coordenadora, algumas etapas importantes já foram realizadas pela equipe, como estudos geológicos, hidrológicos, limnológicos e pedológicos. Na área de geologia, os resultados e análises foram explicados pelo geofísico, Guilherme Prosdócimi. Em seguida, a geógrafa, Renata Jordan, apresentou os dados geomorfológicos da Lagoa de Dejetos. Foi mostrada também, uma lista de mapas já produzidos e em elaboração. “Os projetos e produtos apresentados aqui são dados e informações importantes para responder com precisão às demandas da comunidade”, afirmou a geógrafa.

Aplicativo

Outro resultado do projeto desenvolvido pela empresa será a utilização do aplicativo “Geodesign Hub”, ferramenta que possibilita a elaboração de mapas digitais e interativos, construídos em conjunto com a comunidade visando às intervenções mais adequadas para melhoria do local. Os mapas, de acordo com Débora Faria, estagiária de Arquitetura e Urbanismo da empresa, contemplarão os temas habitação, riscos, infraestrutura, empreendimentos, mobilidade, cultura e lazer, hidrografia, vegetação, entre outros. As atividades para elaboração dos mapas serão desenvolvidas em seis etapas, envolvendo a produção de propostas, definição de modelos de mudança e análise dos impactos.

Oficina

Após as apresentações, foi realizada a mini oficina sobre os mapas mentais, com participação da comunidade. Nesta etapa, os participantes apresentam em grupos as propostas que gostariam que fossem implementadas na Lagoa de Dejetos. Para a professora de matemática, Sávia Alves Ferreira, a expectativa é positiva, ela convive, desde a infância com esta realidade. “O meu pai mora na região há 52 anos, bem próximo, o mau cheiro e os pernilongos são graves problemas, vivemos sempre a expectativa de mudar esse cenário. Hoje, posso dizer que estou feliz devido aos moradores do bairro terem comparecido, e vejo que há uma possibilidade efetiva de mudar essa realidade e corresponder aos anseios de ver aquele local transformado”, comenta a professora.

A engenheira ambiental da Prefeitura de Felixlândia, Leila Cordeiro Amorim, ressaltou a participação da comunidade como aspecto fundamental na construção das propostas e garantia de continuidade dos trabalhos.

O secretário da Câmara Consultiva Regional (CCR) Alto São Francisco do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Altino Rodrigues Neto, explica que o diagnóstico representa mais um desafio colocado para o Comitê. “O CBHSF entendeu que este projeto se enquadrava bem dentro daquelas demandas para requalificação hidroambiental, é um projeto pioneiro para Felixlândia, mas temos inúmeras cidades da Bacia do São Francisco que também possuem esse tipo de problema, as lagoas de dejetos como disposição final do esgotamento sanitário das cidades. Essa proposta tem um impacto ambiental e principalmente social, devido às possibilidades de melhoria na saúde da população, residente no entorno desta Lagoa de Dejetos”, avalia.

Para o secretario da CCR Alto São Francisco, a segunda parte do desafio, após a comunidade ter definido quais serão as principais mudanças, irá exigir um esforço dos agentes envolvidos, inclusive o Comitê, na captação de recursos para realizar as obras exigidas pela comunidade. Os próximos workshops devem acontecer em fevereiro e agosto de 2020.


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Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto e fotos: Paulo Emílio Torga