A diretoria do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco está participando, como convidada, do Seminário sobre o Corredor Multimodal do Rio São Francisco, que foi aberto hoje, 31.01, e acontece até amanhã no Hotel Catussaba, em Salvador, numa iniciativa da Codevasf e Banco Mundial. A ideia do evento é aprofundar a discussão sobre o desenvolvimento de um corredor integrado de transporte tendo com eixo principal a hidrovia do Rio São Francisco, voltado sobretudo para o escoamento da produção na área de abrangência da bacia. De acordo com o projeto, o uso da hidrovia seria incrementado, substituindo principalmente o transporte rodoviário.
“A utilização dos modais fluvial e ferroviário é uma iniciativa louvável e que, em tese, apoiamos por serem duas alternativas sustentáveis e com uma base inclusive ecológica, mas temos que registrar a ausência total do Comitê nas discussões que deram origem a este projeto”, afirma o presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda, observando temer que a iniciativa perca de vista os reais interesses das populações que vivem no entorno do rio ou sob sua influência.
Segundo Anivaldo Miranda, o projeto em andamento precisaria ter levado em conta, na sua construção, os diversos “atores” da bacia: “Não foi isso o que aconteceu. O Comitê, como organismo que representa toda essa pluralidade que caracteriza a Bacia do São Francisco, deveria ter sido ouvido, pois teríamos muito no que colaborar, intermediando os conflitos e convergências que vierem a acontecer nesse processo”.
Da mesma opinião, a vice-presidente do CBHSF, Avani Torres, que também participa do encontro, vê o processo se formalizar “de cima para baixo”. No seu entender, “não estamos vendo pessoas. O que se vê são as estruturas político-econômicas sendo discutidas. Se por um lado, temos um sinal positivo, que é vermos o governo falar em novas matrizes de transporte, por outro nos preocupamos por não haver uma discussão sobre os impactos que isso pode ter. Não se trata apenas de incrementar a hidrovia, mas estudar os impactos que ela teria sobre a população ribeirinha e o próprio rio, uma vez que estamos falando em escoamento de grandes produções, inclusive de minérios”.
Anivaldo Miranda destacou, no entanto, o grande avanço que representa para o país o debate em torno do incremento de novos modais. “Basta lembrar que a hidrovia é nove vezes mais barata que o modal rodoviário. Isso para ficar só nas vantagens econômicas, embora haja outras, sobretudo no aspecto ambiental”, lembrou.
Em seu primeiro dia, o Seminário sobre o Corredor Multimodal do Rio São Francisco contou com as presenças do governador da Bahia, Jacques Wagner, dos secretários de Planejamento e de Indústria Portuária e Naval do Estado da Bahia, respectivamente José Sergio Gabrielli e Carlos Augusto Costa, além de diversos técnicos do Banco Mundial, Sudene e Ministério do Planejamento. Nesta sexta (01.02), o evento continua com dois painéis: um sobre “Financiamento e Ambiente Institucional do Corredor Multimodal” e outro sobre “Navegação de Interior”.