
O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) concluiu nesta semana o Projeto de Requalificação Ambiental na Bacia do Riacho Mocambo, em Curaçá, no semiárido baiano. O seminário final do projeto, realizado na manhã da última segunda-feira (20), celebrou a entrega das obras que beneficiaram cerca de 75 famílias nas comunidades rurais de Mocambo, Umbuzeiro, Boa Esperança e Boticudo.
Com um investimento de R$ 976.909,15 oriundos da cobrança pelo uso da água da bacia do São Francisco, as intervenções buscaram mitigar os impactos ambientais causados pelo uso excessivo do solo e pela seca, focando na conservação de água e solo. As obras foram executadas pela empresa Agrinatus – Agricultura e Meio Ambiente e fiscalizadas pela Gama Engenharia, contratadas pelo CBHSF através da Agência Peixe Vivo.
Entre as soluções implementadas estão a construção de 22 barragens sucessivas para contenção de sedimentos e armazenamento de água da chuva, além de barreiros-trincheira para prolongar a retenção hídrica, passagens molhadas, 3 barragens de pedra argamassada (BPA), manutenção de 3 cacimbas de bogó comunitárias e o cercamento de Áreas de Preservação Permanente (APPs) prioritárias para recuperação.
Satisfação e parceria institucional
O evento de encerramento reuniu membros do CBHSF, Agência Peixe Vivo, empresas e lideranças locais. O líder comunitário Celso Gomes dos Santos expressou a gratidão da comunidade. “Eu quero dizer que é uma honra receber vocês aqui nesse momento de conclusão da obra. Foi uma obra muito boa para a nossa comunidade e agradeço ao Comitê da Bacia do São Francisco que financiou o trabalho que nos devolve esperança.”
Representando o braço executivo do Comitê, Maurício Oliveira, analista da Agência Peixe Vivo, destacou o alcance do projeto em áreas de difícil acesso. “O Comitê consegue também ter essa agilidade, alcançar essas pessoas, alcançar essas comunidades que precisam de obras de requalificação ambiental. E, no fim das contas, tudo converge para o cerne que o Comitê busca: zelar pela qualidade e quantidade da água.”
O analista também detalhou o modelo de gestão, reforçando o papel da Agência Peixe Vivo: “O financiamento é feito pelo Comitê do São Francisco. A Agência Peixe Vivo é a parte da execução, sendo o braço executivo do CBHSF. Então, o Comitê decide o que fazer com base em critérios rígidos e a APV executa”.
Representando a Secretaria de Meio Ambiente de Curaçá, Elieusina Rodrigues de Almeida, ressaltou a importância da intervenção para o município e a participação da comunidade. “A requalificação dos riachos do Mucambo é de fundamental importância para a preservação da comunidade” afirmou, lembrando que para realização das obras, foi utilizada mão de obra local. “Eu vi casa alugada aqui pela empresa que se manteve todo o tempo de obra na comunidade e utilizou a mão de obra local, um movimento importante para garantir a participação e o pertencimento da população sobre o projeto”.
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Qualidade, prazo e participação social
Pedro Lucas Cosmo, engenheiro da entidade fiscalizadora, a Gama Engenharia, atestou a qualidade da execução e a ampla mobilização social que permeou a iniciativa, além de parabenizar a executora das obras. “Eu posso garantir que, durante esse projeto, a mobilização foi bem-feita. Houve diversos momentos participativos junto à comunidade, o que garantiu o sucesso do projeto. A empresa Agrinats está de parabéns por sua responsabilidade, seriedade e forma que conduziu o trabalho”.
O engenheiro também enfatizou a evolução da comunidade ao longo dos anos, destacando a criação de uma comissão de acompanhamento. “A comunidade amadureceu bastante durante o processo e criou até mesmo uma comissão que acompanhou toda a obra, o que nos ajudou muito”.
O olhar sobre a defesa do rio
Francisco Ivan de Aquino, membro do CBHSF representando a CCR Submédio, parabenizou a comunidade pela união e defendeu o modelo de gestão descentralizada e coletiva. “Parabéns a essa comunidade por ter agido diante do problema e buscado soluções junto ao Comitê. Isso mostra a responsabilidade, o compromisso que vocês têm com o ambiente em que vivem”.
Representando o coordenador da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco, Elias Silva e o presidente do CBHSF, Cláudio Ademar, Ivan aproveitou para ressaltar a necessidade de ação por parte do Estado na revitalização do São Francisco. “O Comitê está fazendo o papel dele, está fazendo a parte dele, mas o Estado também tem que fazer esse trabalho de recuperação para garantir água de qualidade e em quantidade, para que o São Francisco não morra. Essa luta tem que ser coletiva e não só do Comitê do São Francisco”.
Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Juciana Cavalcante
*Foto: Juciana Cavalcante