
Na última sexta-feira (16), o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) entregou as obras do Projeto de Engenharia de Soluções Individuais de Tratamento de Efluentes Domésticos na comunidade Serra dos Morgados, em Jaguarari (BA). O projeto, executado pela construtora Joamar e financiado pelo CBHSF por meio da Agência Peixe Vivo, beneficiou 140 famílias com sistemas sustentáveis de tratamento de esgoto, garantindo saneamento básico integral na região.
As obras utilizaram tecnologias de baixo e médio custo para implementar sistemas ecológicos, que tratam os efluentes domésticos sem contaminar o solo ou os recursos hídricos. A iniciativa visa proteger as nascentes locais, essenciais para o abastecimento de diversas comunidades.
O professor Juracy Marques, morador da Serra, destacou a importância do projeto que cuida também da saúde dos moradores. “Hoje cuidamos dos resíduos provenientes do banheiro e da pia, evitando a contaminação da água. Somos uma área produtora de água, e essa parceria com o CBHSF foi exitosa. A Serra dos Morgados está renascendo: já produzimos cafés de qualidade mundial e estamos prontos para receber turistas, porque este projeto é a obra mais importante, pois protege o que nos sustenta: a água.”
Acompanhando de perto todas as etapas do serviço, a presidente da Associação de Mulheres Agricultoras e Artesãs da Serra dos Morgados, Edna Maria de Almeida, comemorou mais uma conquista. “Celebramos hoje a conclusão do segundo projeto financiado pelo CBHSF. Antes vista apenas como um lugar frio, a Serra hoje é exemplo de organização. Já temos viveiros de mudas, barramentos para recarga das nascentes, e agora, saneamento”, afirmou, lembrando que a obra utilizou mão de obra local gerando renda para a comunidade. “Seguiremos unidos, pois só assim conquistamos melhorias.”
A obra foi custeada integralmente pelo Comitê do São Francisco através de recursos oriundos da cobrança pelo uso da água na bacia. O Coordenador Técnico da Agência Peixe Vivo, Guilherme Guerra, reforçou o montante investido: “Foram investidos R$ 2,3 milhões, recursos da cobrança pelo uso da água do São Francisco. É uma evolução para acabar com doenças ligadas à contaminação da água e todos estão de parabéns pelo compromisso e participação ativa nesse processo”, afirmou, informando que o Comitê e a Agência Peixe Vivo continuarão monitorando as tecnologias.
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Legado e próximos passos
Além do saneamento, a comunidade comemora a retomada de nascentes antes secas e o reconhecimento internacional de seu café. O desafio agora é atrair mais apoio para infraestrutura turística e garantir a continuidade dos recursos hídricos. O Secretário de Administração de Jaguarari, Erasmo Morgado, informou que a Prefeitura está comprometida em ampliar parcerias como esta. “Essa obra é um modelo a ser replicado, inclusive em futuras construções públicas aqui”.
O CBHSF reforça que projetos como este dependem da manutenção dos fundos da bacia, ameaçados por cortes recentes, como lembrou o Coordenador da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco, Cláudio Ademar. “Este projeto prova que é possível aliar economia e ecologia. O café da Serra, associado à água preservada, tem potencial para conquistar mercados como a China. Mas alerto: 33% dos recursos do CBHSF foram cortados pelo Congresso, o que inviabiliza novos projetos. Precisamos pressionar para reverter isso, pois o dinheiro vem dos usuários do rio e não faz parte do Orçamento da União, e a Serra dos Morgados é um exemplo de que, com transparência e participação popular, fazemos muito com pouco.”
Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Juciana Cavalcante
*Foto: Juciana Cavalcante