Assolada pela seca, a Lagoa de Itaparica ganhou status de desastre ambiental em 2017, quando mais de 50 milhões de peixes morreram por decorrência de sua seca total
Em busca de soluções viáveis para revitalizar a lagoa, o Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF) juntamente com o Núcleo de Defesa do Rio São Francisco (NUSF), do Ministério Público, e outras entidades da sociedade civil e órgãos governamentais se articularam em prol de um plano de ação denominado “S.O.S Lagoa de Itaparica” que prevê ações e intervenções que possam mitigar os efeitos da degradação e perenizar de forma sustentável a lagoa conhecida outrora como “Mãe da Pobreza”.
Como garantia de que as intervenções atinjam os objetivos esperados de maneira eco responsável e seus efeitos sejam duradouros, o CBHSF, por meio de sua delegatária, a Agência Peixe Vivo (APV), firmou contrato com a empresa CONSOMINAS Engenharia para elaboração de um diagnóstico socioambiental da Lagoa de Itaparica. De acordo com o coordenador da Câmara Consultiva Regional (CCR), Ednaldo Campos, o diagnóstico é uma ferramenta de suma importância no sentido de orientar o processo de revitalização. Entretanto, segundo ele, não funcionará como ação isolada. “O diagnóstico nos dará ciência da real situação e nos norteará, mas se não integrarmos esforços e trabalharmos em todas as frentes necessárias, ele será só um calhamaço de papel. A responsabilidade de garantir um futuro para a Lagoa de Itaparica deve ser assumida por todos nós”, afirmou.
Como parte da elaboração do diagnóstico, foi realizado um seminário aberto ao público, onde foi apresentada a proposta de trabalho para a elaboração do estudo de viabilidade para implantação do plano de ação S.O.S Lagoa de Itaparica.
Coordenada pelo geógrafo Daniel Sampaio, a equipe responsável pela elaboração do diagnóstico conta ainda com outra geógrafa, um biólogo e um gestor ambiental. Toda a pesquisa será projetada para uma Área de Proteção Ambiental (APA) de 78 mil hectares, entre os municípios de Xique-Xique e Gentio do Ouro, no semiárido baiano, com impacto direto na lagoa que, com seus 24 Km de extensão, é o maior berçário natural da ictiofauna do Velho Chico.
“A equipe tem realizado visitas in loco a fim de coletar dados para contextualizarmos o problema como um todo. Neste momento, a lagoa está praticamente sem espelho d’água, o solo está totalmente seco e o quadro apresentado é de seca severa. Para se ter uma ideia, nós atravessamos a lagoa de carro o que é surpreendente, já que sazonalmente estamos no final do período de chuvas”, pontuou Daniel, externando sua preocupação com a atual situação da lagoa.
“Para atingirmos o objetivo final tudo é importante. O tipo de clima, a vegetação, a rede hidrográfica, o solo, todo tipo de informação é importante. Para termos dados precisos vamos utilizar também o SIGAE (Sistema de Informações Geográficas e Análises Espaciais), de onde retiraremos algumas informações para conhecer inicialmente a região a ser visitada e estudada e também para orientar as ações na construção do plano de trabalho”, explicou Daniel.
Ao final do contrato o diagnóstico conterá seis produtos distintos: plano de trabalho; mapa de uso e ocupação do solo nas áreas de estudo; diagnóstico do meio físico; diagnóstico do meio biótico; diagnóstico do meio socioeconômico e o estudo de viabilidade para a implantação do plano de ações e intervenção da Lagoa de Itaparica.
Texto: Higor Soares
Fotos: Ascom Prefeitura de Xique-Xique
Veja as fotos da reunião:
*Texto: Higor Soares
*Fotos: Ascom Prefeitura de Xique-Xique