Começou ontem (30/10), na Casa da Aposentadoria, em Penedo (AL), o I Seminário de Pesca Artesanal da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. O evento, que contou com representantes de Alagoas, Pernambuco, Bahia, Sergipe e Minas Gerais, discutiu em seu primeiro dia as diversas realidades do segmento, bem como visou a construção de estratégias para fortalecer a pesca artesanal no rio São Francisco.
Durante a solenidade de abertura, o vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Maciel Oliveira, falou da realidade vivenciada por pescadores e ribeirinhos e apresentou ações e projetos que trarão desenvolvimento às regiões banhadas pelo rio São Francisco.
De acordo com Maciel Oliveira, o seminário foi muito positivo neste primeiro dia. “A troca de informações é extremamente necessária, pois o rio São Francisco precisa ser melhor cuidado e entendido. Cada trecho dele possui uma realidade diferente e é preciso observar suas especificidades. A presença da FAO/ONU é muito boa porque irá nos auxiliar tecnicamente e na articulação para uma grande ação na bacia do rio São Francisco voltada para a pesca”, afirmou.
O evento contou com palestras de especialistas no assunto. O professor doutor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Emerson Soares, trouxe o tema “Programa de Monitoramento do Rio São Francisco durante o período de vazão reduzida”. Segundo ele, “a situação do rio infelizmente assusta, pois o que vem acontecendo de cinco anos para cá não ajuda na sua preservação. Problemas como o uso de poluentes, o assoreamento e conflito entre pescadores e agricultores contribuem para a piora da qualidade da água, o que dificulta a sobrevivência da pesca artesanal”, explicou.
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O professor doutor da UFAL, Igor da Mata, falou sobre a “Pesca Artesanal na bacia hidrográfica do rio São Francisco: aspectos conceituais, históricos e institucionais”. Ele ressaltou que com o barramento das águas no Baixo São Francisco, o curso do rio foi alterado em diversas localidades. Com isso, o desenvolvimento de algumas espécies foi comprometido e muitos pescadores foram afetados economicamente. “Os pescadores apresentaram algumas demandas como forma de minimizar as difíceis condições atuais de pesca. Para eles, o principal problema enfrentado é a poluição, como o lixo e a falta de saneamento. Os pescadores anseiam por uma fiscalização mais eficiente e ostensiva e este seminário promovido pelo CBHSF ajudará a nivelar informações junto aos pescadores artesanais. Espero sair daqui com alguns encaminhamentos que possibilitem a construção de um programa de estatística pesqueira, a atualização das informações socioeconômicas e que sejam iniciadas reuniões de construção participativa para um plano de gestão de pesca”.
Para o Raimundo Ferreira, líder dos pescadores, este seminário é importante para ampliar o debate entre todas as lideranças pesqueiras que estão no entorno do rio São Francisco. “Este seminário foi uma excelente iniciativa do Comitê. A ação ajudará a unir forças de todas as regiões em prol de melhorias no que se refere a pesca artesanal. Precisamos de apoio e alternativas para melhorarmos os trabalhos realizados pelos pescadores”.
No período da tarde, a primeira palestra tratou do tema “A pesca enquanto atividade humana: Pesca Artesanal e sustentabilidade – principais desafios”, apresentado pelo professor da UFAL, José Gilmar. Logo em seguida, um foi apresentado um panorama atual e as perspectivas da pesca na bacia do rio São Francisco, pela representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Érika Santos.
Para Cláudio Fabi, analista ambiental do ICMBio e coordenador do Plano de Ação Nacional do Rio São Francisco, que apresentou um Plano de Ação Nacional para Conservação de espécies ameaçadas da fauna aquática do rio São Francisco, é preciso que todos colaborem para que o rio continue vivo. “Tentamos mostrar nesta apresentação a importância do cuidado com o rio São Francisco por parte dos pescadores. São estratégias que dependem de um trabalho coletivo para manter o rio vivo. Há sete espécies de peixes que se encontram ameaçadas, duas delas de maior interesse como a pacamã e o pirá, então é imprescindível que a sua captura seja evitada”, disse.
José Roberto Borghetti, representante da Organização das Nações Unidas para a alimentação e a agricultura FAO/ONU apresentou as ações da entidade para o desenvolvimento da pesca e aquicultura. Os professores doutores Emerson Soares e Cláudio Sampaio, ambos da UFAL, mostraram o panorama atual da situação das manchas de óleo no litoral nordestino e quais as consequências para o ecossistema e pescadores. Soares pontuou que os impactos podem perdurar e são incalculáveis por enquanto. ” É preocupante o impacto que o óleo pode causar para todos os organismos aquáticos. Temos feito um trabalho em conjunto, como o monitoramento dos corais, a coleta de água para análises, monitoramento do mangue, análise de organismos aquáticos, outros organismos e macroalgas”.
Cláudio Sampaio ratificou que é importante monitorar, planejar ações de proteção de ambientes e espécies sensíveis e traçar planos em caso de contaminação. “O impacto socioeconômico e ambiental pode se tornar algo muito maior do que se pode imaginar. Os manguezais já estão bem fragilizados com a quantidade de poluição que recebem e agora com essas manchas de óleo, a situação se complicou ainda mais”, finalizou.
Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Deisy Nascimento
*Fotos: Edson Oliveira