Nos dias 17 e 18 de agosto, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco promoveu um curso de capacitação para manejo da irrigação com agricultores, técnicos e estudantes no município de Lapão (BA), no Médio São Francisco. Aproximadamente 30 participantes compareceram aos dois dias de atividades, divididos entre formação teórica e aula prática.
Ednaldo Campos, coordenador da CCR Médio São Francisco, que acompanhou a programação, revelou que a iniciativa atende uma demanda avaliada como prioritária para o CBHSF: “a necessidade de capacitar os irrigantes da Bacia para o uso sustentável da água foi identificada pelo Comitê que, a partir disso, decidiu financiar essa capacitação, a ser realizada em um município de cada uma das quatro regiões fisiográficas”. Campos observou ainda que a escolha do município de Lapão, no Médio SF, se deu em função do grande número de irrigantes na região e do uso intensivo da água do subsolo: “um grande gargalo para o desenvolvimento na área irrigada no Território de Irecê é a escassez de água, então o manejo adequado permite economizar água e com isso utilizar áreas maiores para produzir”, complementou.
A capacitação foi ministrada pelo engenheiro agrônomo, especialista na área de irrigação e drenagem e consultor da empresa Água e Solo, Professor Altamirano Vaz Lordelo. Lordelo também será responsável pela capacitação nas demais regiões fisiográficas e avalia a ação como necessária diante dos desafios crescentes quanto ao abastecimento hídrico, no Brasil e no mundo: “a atividade agrícola é hoje a maior responsável pelo consumo de água no país, então um trabalho de manejo e economia de água é fundamental. A difusão do conhecimento representa um impacto positivo na conservação dos recursos hídricos e no meio ambiente de forma geral”.
A importância do conhecimento científico aplicado também foi reconhecida pelo produtor e estudante de Agronomia, Luigi Dourado, cuja família cultiva cebola, cenoura e está iniciando a implantação de limão-taiti no município de João Dourado, a cerca de 30km de Lapão: “a região de Irecê tem uma irrigação forte, mas ainda pouco técnica. Quando soube da capacitação, logo me inscrevi e está valendo muito a pena. São informações de grande valia – muitas delas são abordadas na graduação em Agronomia, – mas na capacitação a abordagem é aplicável à agricultura daqui que, entre várias características, está a presença do solo mais argiloso”, avaliou o estudante após 8 horas de capacitação teórica no dia 17.
Brenda Queiroz, estudante de Agronomia da Universidade Federal do Oeste da Bahia e moradora de Lapão, considera o curso de capacitação uma excelente ocasião para os pequenos produtores: “é uma oportunidade de acesso à informação ‘na porta de casa’, com conteúdos relacionados às características da região e explicados de forma simples, de fácil entendimento. Os agricultores conseguiram entender e interagir com o palestrante, o que considero muito positivo”.
Na manhã do dia 18, orientados pelo professor Altamiro, os participantes visitaram um lote modelo escolhido pela empresa, onde realizaram exercícios práticos com tensiômetros, ensaios de infiltração e tiraram dúvidas sobre o manuseio e operação dos aparelhos. “O objetivo é deixá-los o mais habilitados possível para o monitoramento das principais culturas da região”, explicou Altamiro. Ao final da prática, cada participante recebeu dois tensiômetros de 20cm e 40cm de profundidade, além de uma apostila com informações técnicas relacionadas ao manejo da irrigação. “Os materiais servirão de subsídio futuro para a aplicação dos conhecimentos na agricultura irrigada. Na medida do possível, as recomendações aqui expostas devem ser colocadas em prática e o conhecimento propagado para todos os irrigantes do Território”, concluiu Ednaldo Campos.
Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Mariana Carvalho
*Fotos: Mariana Carvalho