A coordenadora da Câmara Técnica de Planos, Programas e Projetos (CTPPP) do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Ana Catarina Pires, participou ontem (21) de uma audiência pública promovida pela Comissão do Meio Ambiente da Assembleia Legislativa de Alagoas juntamente com a Marinha do Brasil, Semarh, OAB/AL, ANAMA, IBAMA, IMA, UFAL, Greenpeace, Instituto Biota de Conservação, AESAL, Federação dos Pescadores do Estado de Alagoas, além de deputados estaduais e secretários de meio ambiente dos municípios alagoanos afetados.
Na pauta, a situação em que se encontra o litoral alagoano após ele ser atingido por uma grande mancha de óleo há algumas semanas. Segundo dados apresentados pelo professor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Robson Santos, os impactos do óleo sobre o manguezal, recifes e todo litoral é mais profundo do que se consegue imaginar, infelizmente. “O mangue, por exemplo, é uma área muito sensível ao derramamento de óleo, podendo ter impacto letal em algumas semanas ou meses, decréscimo na cobertura folhosa, falhas na germinação. Sobre os recifes de coral, poderá ter mortalidade direta, diminuição da cobertura, diversidade e recrutamento, branqueamento, diminuição do sucesso reprodutivo. Além disso, as tartarugas marinhas além de morrerem, diminuirão suas taxas de crescimento, desenvolverão doenças, a reprodução ficará menor e terão alteração no comportamento. É preciso monitorar, planejar ações de proteção de ambientes, espécies sensíveis e traçar planos de ação em caso de contaminação”, explicou.
De acordo com a coordenadora da CTPPP do CBHSF, Ana Catarina Pires, o Comitê está trabalhando voltado para a região da foz do Rio São Francisco, em Piaçabuçu e Penedo, com os apoios da UFAL e da Marinha do Brasil. “As questões que estão sendo tratadas mais vinculadas ao Comitê se referem aos mangues, sedimentos e bancos de camarões. Já são muitos pontos atingidos, infelizmente, cerca de 30 desde a Barra Grande na divisa com Pernambuco até a foz do Rio São Francisco, em Alagoas, o que nos deixa preocupados. Nesta audiência, o que ficou evidente foi o fato da grande mobilização entre políticos e a população, o envolvimento nas ações”, pontuou.
A coordenadora da CTPPP acrescentou o que vem sendo realizado pelos órgãos envolvidos nesta missão em prol da limpeza e minimização dos danos ambientais no litoral nordestino. “Não é apenas retirar o óleo do mar, por exemplo, e os estudiosos explicaram da necessidade de dar um direcionamento correto a ele. A biodiversidade está sendo impactada também e eles deixaram isso bem claro. As comunidades aquáticas têm sido afetadas e futuramente poderemos ter problemas sérios em relação ao ecossistema”.
“Depois de escutarmos a posição do Governo do Estado, UFAL, de empresários do segmento turístico durante a audiência pública não se chegou a um denominador comum em relação ao decreto de emergência. Apesar de eu continuar defendendo o decreto, ficou claro que o Governo do Estado não irá fazer isso. No entanto, a Comissão do Meio Ambiente da Assembleia Legislativa está escrevendo uma carta para ser entregue ao presidente Jair Bolsonaro onde será solicitado o pedido de recursos para os municípios afetados pelas manchas de óleo discutirem a questão do monitoramento, como será realizado e sua manutenção após passar o estado de emergência, e como se precaver de uma nova calamidade caso esse óleo volte para cá com a mudança dos ventos”, declarou o deputado estadual e presidente da Comissão de Meio Ambiente da ALE, Davi Maia.
Marcelo Lima, especialista em clima e energia do Greenpeace, mostrou algumas ações já realizadas em outros locais pelos voluntários e o que eles estão fazendo no litoral nordestino, em especial Alagoas e Pernambuco. “Nos juntamos no combate ao impacto das manchas de óleo no litoral e continuaremos com o trabalho a fim de minimizar os danos”.
O superintendente Regional do IBAMA em Alagoas, Mário Daniel Sarmento, informou que foram disponibilizados 59 servidores para dar apoio nas ações de direcionamento e acompanhamento, duas aeronaves e 10 viaturas por dia com o intuito de dar o suporte no que for necessário para evitar mais danos ao meio ambiente. “Além disso, disponibilizamos imagens de satélites para monitorar o derramamento de óleo nas regiões litorâneas”.
Ricardo César, responsável pelo Gerenciamento Costeiro do IMA/AL, destacou que a integração entre os órgãos para a execução dos trabalhos tem acontecido. “Temos uma situação diferenciada em nossa região, óleo bem temperizado e não há como identificar que ele esteja tão longe da costa, vem fragmentado em placas. A equipe do IMA tem sobrevoado os locais onde apareceram as manchas de óleo e os procedimentos continuam sendo realizados dentro dos parâmetros técnicos para minimizar os impactos ambientais”, finalizou.
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*Texto: Deisy Nascimento
*Fotos: Deisy Nascimento