CBHSF investe mais de R$ 1,2 milhão em sustentabilidade hídrica para indígenas Pipipã

03/07/2025 - 11:59

Com investimento integral do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), o projeto “Zelando e Cuidando da Mãe Terra: O retorno que a terra pode nos dar” está em fase final de implantação nas terras indígenas do povo Pipipã, no município de Floresta, em Pernambuco.


Com recursos que somam mais de R$ 1,2 milhão oriundos da cobrança pelo uso da água, o objetivo do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco é aumentar a disponibilidade hídrica, promover a conservação de Áreas de Preservação Permanente (APPs), melhorar a qualidade da água e diminuir o assoreamento na região.

O projeto, apresentado pelo cacique Valdemir Lisboa da comunidade indígena Pipipã da Aldeia Travessão do Ouro, foi selecionado via Edital de Chamamento Público nº 01/2018 do CBHSF, focado em Biodiversidade e Requalificação Ambiental.

O projeto já concluiu a fase de obras, beneficiando a comunidade com 12 barraginhas e cercamento em áreas das Aldeias Caraíbas e Capoeira do Barro, e com a implantação de Sistemas Agroflorestais (SAFs) nas Aldeias Caraíbas, Faveleira, Aldeia Capoeira do Barro e Travessão do Ouro, visando a preservação ambiental e a prática da fruticultura sustentável. Além disso, a comunidade recebeu cinco barragens subterrâneas para aumentar a disponibilidade hídrica no subsolo, possibilitando o uso da água para fins de consumo humano e agropecuário. O projeto incluiu ainda o cercamento de Áreas de Preservação Permanente e a adequação de estradas rurais com a construção de barraginhas, que ajudam a diminuir o carreamento de sedimentos para os corpos hídricos e a reabastecer aquíferos.

De acordo com o engenheiro civil Warney Francisco, da EW2 Engenharia – empresa contratada pelo CBHSF por meio da Agência Peixe Vivo –, as fases de execução do projeto foram finalizadas e, atualmente, está sendo realizada apenas a manutenção dos SAFs. A entrega da obra está prevista para setembro.

Paulo Sérgio da Silva, coordenador técnico da Agência Peixe Vivo, destacou durante uma visita recente, que a fiscalização do projeto está em sua 11ª edição, de um total de 14 relatórios previstos pela Gama Engenharia, a empresa fiscalizadora. Os três relatórios restantes serão realizados em julho, agosto e setembro, confirmando a previsão de entrega para setembro. “Agora a empresa realiza apenas a manutenção florestal das mudas plantadas. Essa última visita incluiu a fiscalização de cercamentos que ainda estavam sendo finalizados”, explicou. A manutenção florestal é crucial para garantir a maior taxa de sobrevivência das mudas, estendendo-se até o final do contrato.



O povo Pipipã e a bacia do rio Pajeú

A comunidade Pipipã está localizada em Floresta, Pernambuco, no Submédio São Francisco, a 463 km da capital. Com uma história marcada pela presença e resistência indígena, o território Pipipã abrange cerca de 63.000 hectares nos municípios de Floresta, Inajá, Petrolândia e Tacaratu. A população estimada é de 1.378 indígenas, segundo relatório da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI), e 1.421 habitantes no total, conforme dados de 2024 do Ministério da Saúde.

A escassez de água na região tem limitado a agricultura, que conta com pequenas áreas cultivadas com milho e feijão, insuficientes para a subsistência dos moradores.

A bacia hidrográfica do Rio Pajeú localiza-se na região semiárida onde os rios têm regime intermitente, dependendo das chuvas para se manterem em curso. O Rio Pajeú é perene, exceto em secas prolongadas, sendo a maior bacia do estado, com aproximadamente 16.685,63 km², o que corresponde a 16,97% da área de Pernambuco.

O rio nasce na cidade de Brejinho e percorre cerca de 353 km até desaguar no lago Itaparica, no Rio São Francisco. Seus principais afluentes incluem os riachos Tigre, Barreira, Brejo, São Cristóvão, Belém, Cedro, Quixabá, São Domingos, Poço Negro e do Navio, sendo este último o mais importante.

A bacia é dividida em Alto, Médio e Baixo Pajeú. O Alto Pajeú está na zona do alto sertão, entre Afogados da Ingazeira e Itapetim, pertencendo ao Planalto da Borborema. O Médio Pajeú faz a transição entre o Planalto da Borborema e a Depressão Sertaneja. Já o Baixo Pajeú abrange os municípios de Floresta e Carnaubeira da Penha.


Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Juciana Cavalcante
*Foto: Paulo Sérgio