Com o foco em melhorar e conscientizar sobre uso eficiente dos recursos hídricos na bacia do São Francisco, 30 irrigantes do município de Abaré, no interior da Bahia, participaram nos dias 22 e 23 de setembro da capacitação promovida e financiada pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco.
A ação, iniciada no ano passado em quatro cidades das regionais da bacia, foi ampliada, para oito municípios este ano, dois em cada região (Alto, Médio, Submédio e Baixo São Francisco). Em Abaré, antes um dos maiores no cultivo da cebola, a produção tem se diversificado para a fruticultura como banana, mamão, maracujá e manga.
Com mais de 1.500 produtores somente no município, uma das lideranças da Associação Comunitária dos Produtores Rurais do Umbuzeiro e Circunvizinhança (Acompruc), Fábio Santos Bispo, afirma que um dos maiores problemas da região é a falta de assistência técnica para auxiliá-los de modo regular. “Temos diversificado as culturas em uma região propensa para a produção, mas ainda faltam mais investimentos, políticas públicas que auxiliem o agricultor, acesso à investimentos e comercialização, além de assistência técnica que nos acompanhe de perto, porque quando não se tem conhecimento as coisas são feitas de forma aleatória, sem muita responsabilidade. Isso muda a partir do aprendizado, quando se dá valor a água, principalmente a gente que vive a benção de morar perto do Rio São Francisco. Este curso nos ensinou a usar a água com responsabilidade sabendo que é um bem finito, além da visão sobre novas tecnologias para nossas produções com uso eficiente dos recursos hídricos”.
A capacitação foi acompanhada pelo secretário de Comunicação do município, José de Assis Teles. O coordenador da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco, Cláudio Ademar, lembrou que a região concentra muitos produtores familiares. “A capacitação é importante do ponto de vista da conservação da água e para entender a demanda correta que cada cultura precisa. Então, a gente pretende replicar essa ação do Comitê em várias regiões do São Francisco, atendendo produtores como os de Abaré que não utilizam tanto o mecanismo de gotejamento. Já em Lagoa Grande (PE), que também receberá esse curso, este mecanismo é mais utilizado. A capacitação é pensada para cada realidade”, afirmou.
Em Abaré, os irrigantes receberam apostilas com o conteúdo das aulas teóricas e práticas, além de um kit de tensiômetros de 20 cm e 40 cm. O equipamento vai auxiliar na identificação do momento exato de irrigar suas plantações, evitando o desperdício de água e energia e o saturamento do solo que segundo a produtora Elizângela Barbosa da Silva já vem acontecendo em diversos locais. “Percebemos uma mudança muito grande no tempo com a falta de água e o solo que tem ficado muito fraco, impedindo a produção de algumas culturas. É o caso do feijão e do milho que plantamos para venda. Por isso, a capacitação tem proporcionado uma aprendizagem e estou ansiosa para colocar em prática na minha roça onde não tem gotejo. Estou aprendendo formas mais eficientes de produzir mais e economizar água”, afirmou a produtora.
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A capacitação, que ainda vai atender na região do Submédio São Francisco os irrigantes da cidade de Lagoa Grande nos próximos dias 28 e 29 de setembro, é ministrada pelo consultor Altamirando Vaz Lordelo, da empresa Água e Solo, contratada pelo CBHSF através da Agência Peixe Vivo, com recursos oriundos da cobrança pelo uso dos recursos hídricos.
O secretário do CBHSF, Almacks Luiz Carneiro da Silva, destacou a transformação da ação em programa que deve, em 10 anos, beneficiar um grande número de pequenos irrigantes da bacia do São Francisco. “Sentimos que para dar uma boa destinação aos recursos da cobrança paga pelos usuários deveríamos capacitar aqueles de menor porte que, muitas vezes não tem condição de contratar uma assistência técnica. Então, decidimos transformar a ação em programa atendendo cada ano mais regiões do São Francisco, buscando a eficiência pelo uso da água. Além disso, a capacitação traz o efeito positivo de atender os pequenos usuários que levam alimentos produzidos com a água do São Francisco para as escolas e associações e eles acabam também sendo fomentadores da consciência de que é preciso cuidar do que temos de mais importante. Nossa expectativa é que em 10 anos o Comitê tenha atingido uma grande quantidade de pequenos usuários”, concluiu.
Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Juciana Cavalcante
*Fotos: Juciana Cavalcante