Mais que uma data de comemoração, o Dia Internacional da Mulher (08 de março), é marcado pela luta, reivindicações de direitos e, principalmente, por uma forma de pensar socialmente justa para todos. Ainda que a realidade esteja longe do almejado, as mulheres vêm protagonizando um cenário de empoderamento em diversas áreas. A participação nas principais lideranças está se tornando cada vez mais comum e essa luta por espaço na sociedade perpassa, também, outras importantes discussões como a defesa do meio ambiente.
No mês em que se celebra o Dia Internacional da Mulher, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) por meio de quatro mulheres guerreiras, homenageia todas aquelas que contribuem para a preservação ambiental, conscientização social e manutenção da quantidade e qualidade das águas da bacia do São Francisco e de seus afluentes.
A pescadora que vive do São Francisco
Fundadora e presidente da Colônia de Pescadores Artesanais e Aquicultores da Z34, localizada em Barra do Guaicuí, no encontro do Rio das Velhas com o São Francisco, Vilma Martins Veloso mora na beira do rio desde criança. Sua colônia possui 110 pescadores. Ela é membro do CBHSF e uma das mulheres que preserva e luta por um rio com águas de qualidade e em quantidade. “Conquistamos cada vez mais espaço em todas as áreas e a nossa relação com o meio ambiente é forte, principalmente nas questões que envolvem a sustentabilidade e a preservação”, disse.
Vilma Martins ingressou no CBHSF em 2016. “Sempre lutei em prol do meio ambiente! Minha luta pelo Velho Chico começou quando percebi os impactos que a degradação tem causado. Ingressei no Comitê quando o presidente da Federação dos Pescadores, o Raimundo, me convidou para representar a pesca no colegiado. Nós pescadores temos sofrido com a diminuição dos peixes e podemos, assim como os vazanteiros, ficar sem o nosso sustento. Preservar o meio ambiente é tarefa de todos e nós mulheres temos ido à luta”.
Uma advogada apaixonada pelo Velho Chico
A advogada Larissa Cayres é natural de Salvador e atualmente ocupa a função de especialista em Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Secretaria do Meio Ambiente do Estado da Bahia (SEMA). Sua paixão pelo São Francisco teve início em 1998, quando ainda cursava a faculdade de Direito. “Assisti a uma palestra do professor Paulo Afonso Machado sobre Direito Ambiental e foi quando eu me encontrei. Tive certeza de que a luta pelo meio ambiente era o meu caminho. Formei e fui trabalhar no IBAMA. Em 2003, época em que teve início a mobilização para a criação do CBHSF, fui trabalhar na Secretaria de Meio Ambiente da Bahia e, por uma ironia do destino, minha primeira função foi a acompanhar as ações do Comitê. Daí nasceu uma verdadeira relação de amor”, conta.
Larissa Cayres comenta que o Velho Chico faz parte do seu dia a dia. “A história, cultura e as pessoas da bacia do São Francisco me conquistaram e me encheram de esperança em poder construir um mundo melhor. O CBHSF é uma escola que transforma a vida das pessoas. Poder contribuir para a bacia com um todo e para o meu estado é satisfatório. Atuo no São Francisco há quase 20 anos e a minha inspiração é poder transformar a bacia em algo melhor, buscando diminuir a degradação ambiental e promover um resgate da cultura dos ribeirinhos”.
A professora e pesquisadora da bacia do São Francisco
Renomada pesquisadora da área de recursos hídricos do país, a professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Yvonilde Medeiros, foi uma das fundadoras do CBHSF. Já desempenhou a função de secretária executiva, coordenadora, membro da diretoria colegiada entre outras funções no Comitê. Sempre atuante ela comenta sobre os desafios da mulher. “O que atrapalha a mulher na maioria das vezes é a dupla jornada. Conciliar o profissional com o doméstico é uma tarefa difícil. Como optei por não ter filhos essa não foi uma questão na minha vida”, diz. Mas reconhece que existe essa dificuldade. “Além disso, eu fui criada para ser uma mulher forte e conquistar os meus objetivos”.
Para Yvonilde Medeiros a diferença de gênero não deve existir. “Formei em engenharia, um ambiente com predominância masculina. Mas, nunca sofri preconceito por ser mulher, sempre me impus e fui respeitada. Fui para a área de hidrologia por uma paixão científica pela água. Foi quando iniciei meus trabalhos no Rio São Francisco. O conhecimento científico me inspirou e me levou a lutar pelo meio ambiente. A importância da vida está na água! Na minha opinião, não importa se é homem ou mulher, a posição do ser humano deve ser de proteger o meio ambiente. Vivemos no planeta Terra, tudo que tem nele é nosso e, por isso, nossa obrigação deve ser preservá-lo!”, esclareceu.
A representante da sociedade civil que luta pelos recursos hídricos
Formada em Ciências Biológica e com especialização em Educação Ambiental, Rosa Cecília Santos é representante da ONG OSCATMA, no CBHSF. Nascida e criada em Capela (SE), integra outros colegiados do estado de Sergipe e acredita que a preservação do meio ambiente é uma luta que as mulheres abraçaram. “Somos vistas como o sexo frágil, mas quem deve decidir o que podemos e queremos fazer somos nós mulheres. Preservar o meio ambiente é dever de todos e nós mulheres abraçamos essa causa com orgulho. Em toda a minha vida me envolvi com o meio ambiente. Dentro do CBHSF eu acompanho todas as ações realizadas pela CCR Baixo [Câmara Consultiva Regional do Baixo São Francisco]. É muito gratificante ver as ações do Comitê serem executadas e levarem melhorias para a população da bacia”, afirmou.
Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Luiza Baggio
*Fotos: Manuela Cavadas e Miguel Aun