O município de Pesqueira, em Pernambuco, com uma população estimada em 68 mil habitantes, deu um passo importante para a sustentabilidade ambiental e a segurança hídrica. No dia 11 de novembro, foi realizado o seminário de abertura das obras de requalificação ambiental na bacia do Alto Ipanema, no Vale do Mimoso.

O projeto é financiado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), órgão colegiado responsável pela gestão descentralizada e participativa dos recursos hídricos da bacia. As obras são executadas pela empresa RM Agroflorestal, contratada pelo CBHSF através da Agência Peixe Vivo.

As obras representam um investimento significativo de R$ 1.483.244,72, recurso proveniente da cobrança pelo uso da água da bacia do Rio São Francisco e tem prazo de 14 meses, sendo 12 meses dedicados à execução dos serviços.

O objetivo central é a revitalização das nascentes e o plantio de cordão de palmas na bacia hidrográfica do rio Ipanema, região do Submédio São Francisco. Isso visa incrementar as recargas naturais, proteger os aluviões do rio, e, de forma sustentável, melhorar e conservar a qualidade ambiental para garantir a quantidade e qualidade da água para a sociedade do entorno e a jusante.

Para Vivaldo José Tavares de Araújo, um dos beneficiários do projeto, o sentimento é de esperança. “É uma honra para as comunidades Serra da Cruz e Nossa Senhora do Rosário receberem uma iniciativa tão importante. Este projeto de reflorestamento, com o plantio de mudas nas cacimbas e a instalação de tampas nos poços é vital para nossa área de irrigação, pela qual zelamos muito. Nós, do Assentamento Nossa Senhora do Rosário, ficamos muito honrados. Principalmente eu e minha família, que trabalhamos diretamente com a produção de hortaliças nesta área”.

Representando o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, o professor Abelardo Montenegro destacou a importância do início das obras com o seminário que teve ampla participação social. “Contamos com a presença de usuários, lideranças locais e, em especial, comunidades tradicionais como os quilombolas da comunidade Negro do Osso e representantes da etnia Xukuru de Cimbres. Destacamos também a presença de agricultores da região, como a Associação Nossa Senhora do Rosário, que utiliza as águas das nascentes para irrigação. A participação ativa de todas as comunidades é de extrema importância, pois além de dar visibilidade a estes grupos, ela fortalece a gestão descentralizada e participativa dos recursos hídricos, incrementando as condições de garantia de acesso à água de qualidade para todos os usuários da região”.

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Ações prioritárias

A área de intervenção foi delimitada à bacia hidrográfica do Alto Ipanema. As ações foram definidas em parceria com a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), a administração municipal e as comunidades do Vale do Mimoso e da microbacia do Riacho Jatobá, refletindo a importância da conservação do solo e da recuperação de áreas degradadas no semiárido.

As ações integradas previstas incluem:

• Cercamento e Recomposição: Isolar as áreas de intervenção com cercamento para restringir o acesso de animais e favorecer a regeneração natural da vegetação nativa em Áreas de Preservação Permanente (APPs), especialmente nas regiões de nascentes.
• Proteção Hídrica: Recuperar e proteger as nascentes do rio Ipanema para assegurar a continuidade dos fluxos hídricos. Além disso, serão instaladas tampas de vedação em cacimbões particulares para possibilitar o uso racional da água subterrânea.
• Combate à Erosão e Forragem: Construção de cordões de palma para contenção e controle da erosão e transporte de sedimentos. Os cordões de palma forrageira também servirão como barreiras naturais e fonte de alimento para os rebanhos.
• Dessedentação Animal: Implantação de sistemas de dessedentação animal (bebedouros) nos pontos onde o abastecimento hídrico dos animais depende diretamente das nascentes, evitando a degradação dessas fontes.
• Educação e Mobilização: Realização de atividades de mobilização social e educação ambiental.

A implementação dessas ações se mostra fundamental para a sustentabilidade ambiental e a segurança hídrica na região, contribuindo para a adaptação sustentável às condições climáticas adversas do semiárido e para o fortalecimento das condições de vida da população local.

O evento contou com a participação da sociedade, do poder executivo, das associações comunitárias e ainda da Agência Peixe Vivo. “O evento foi muito participativo, com a presença dos beneficiários, o que é fundamental e imprescindível para o sucesso do projeto. A gente sempre reforça que o acompanhamento direto das comunidades faz com que o projeto reflita a realidade local e atenda, de fato, suas demandas”, afirmou o Coordenador Técnico da Agência Peixe Vivo, Paulo Sérgio da Silva.

Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Juciana Cavalcante
*Foto: Paulo Sérgio