Começou nesta terça-feira (06 de novembro), na cidade de Campinas (SP), a 20° edição do Congresso Nacional de Águas Subterrâneas.O objetivo é debater os usos, qualidade e preservação de uma das fontes, que já ocupa lugar fundamental para a produção seja de alimentos, seja da indústria, e principalmente abastecimento de cidades. O evento, que conta com a participação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), acontece até a próxima quinta-feira (08), quando será realizada mesa redonda com a presença do presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda.
Para o presidente da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS), José Paulo Neto, assim como o problema enfrentado pelos rios, as águas subterrâneas, desempenhando papel essencial na manutenção da umidade do solo e fluxo dos rios, precisam de maior cuidado a fim de evitar sua escassez. Além da poluição, que pode provocar sérios danos e prejuízos, o uso inadequado e ilegal das águas subterrâneas ameaçam a existência de diversas fontes.
“Precisamos reforçar a importância da legalização do uso de águas subterrâneas e sua fiscalização. É assim que é possível associar a utilização desse recurso à preservação”, explicou José Paulo. Segundo o presidente da comissão científica do congresso, Ricardo Hirata, “sem água subterrânea, o país não teria segurança hídrica”. De acordo com os dados apresentados durante o primeiro dia do encontro, de 100% dos municípios brasileiros que já utilizam das águas subterrâneas, 47% utilizam essa fonte exclusivamente para o abastecimento humano.
O grande desafio agora é fazer com que esse recurso seja utilizado de forma adequada e sustentável, de modo a garantir sua recarga. A água subterrânea ocorre abaixo da superfície da terra, preenchendo os poros ou vazios intergranulares das rochas sedimentares, ou as fraturas, falhas e fissuras das rochas compactas.
O uso das águas subterrâneas é crescente em todo o país e isso se deve ao avanço das técnicas de construção de poços e métodos de bombeamento, que permitem a extração de água em volumes e profundidades cada vez maiores. No Nordeste do Brasil são muitas as experiências aprovadas que auxiliam para o abastecimento humano.
Acompanhando as discussões, o vice-presidente do CBHSF, Maciel Oliveira ressaltou a importância do encontro para o Comitê que já levanta as discussões sobre a retirada de água dos aquíferos Urucuia e Bambuí. “O primeiro dia do XX Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas foi muito importante, tivemos a abertura oficial e em seguida uma Palestra Magna, onde conhecemos as experiências de outros países em relação à gestão da água subterrânea. O CBHSF se faz presente neste evento pela primeira vez, com o objetivo de conhecer a situação atual e discutir a nossa preocupação em relação a retirada de água dos aquíferos Urucuia e Bambuí, importantes para o escoamento de base das águas do Velho Chico”.
Segundo pesquisas, existem diversos exemplos no mundo de esgotamento de aquíferos por sobrexploração. A expansão de áreas agrícolas é um dos exemplos que sinalizam o uso intensivo das águas subterrâneas, além do uso habitual das fontes superficiais.
Confira as fotos do evento:
Dados
De acordo com o censo de 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aproximadamente 61% da população brasileira é abastecida por águas subterrâneas para fins domésticos. Desse total, 6% se abastece das águas provenientes de poços rasos, 12% de nascentes ou fontes e 43% de poços profundos. O número de poços tubulares em operação no Brasil é estimado em 300 mil, com um número anual de perfurações de aproximadamente 10 mil poços. Os estados com maior número de poços perfurados são: São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul, Ceará e Piauí.
*Texto: Juciana Cavalcante
*Foto: Juciana Cavalcante