O “Estudo de visibilidade da implantação do plano de ações e intervenções da Lagoa de Itaparica”, elaborado e apresentado pela empresa Cosominas ao Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) no final do mês de agosto, em Xique-Xique (BA), elencou 26 pontos de intervenção para a revitalização da Lagoa de Itaparica. Trata-se de um plano extenso que prevê uma série de ações coordenadas para a proteção e revitalização ambiental, social e econômica desta Lagoa, que é o maior berçário de peixes e outras espécies nativas às margens do Rio São Francisco.

Porém, após a primeira apresentação pública e apreciação de especialistas, analistas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), pescadores e pesquisadores, notou-se que o plano de ação apresentado necessitava de uma nova priorização para a execução das suas ações iniciais. Em outras palavras, foi sinalizado a necessidade de se estabelecer os primeiros passos para a intervenção. Assim, a partir desses passo seriam atendidas de maneira mais eficaz as demandas consideradas mais urgentes no âmbito do Plano SOS Itaparica, que, há mais de dois anos reúne esforços do Ministério Público da Bahia, por meio do Núcleo de Defesa do Rio São Francisco (NUSF), CBHSF, Prefeituras de Xique-Xique e Gentio do Ouro e representantes do IBAMA, Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA), Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF) e da comunidade local.

Com o objetivo de estabelecer esse processo de priorização, o CBHSF, em parceria com a prefeitura de Xique-Xique, realizou, na última quarta-feira, 25, uma reunião para debater quais seriam as ações mais imediatas e urgentes para o referido plano de ações e intervenções. Desse encontro foram escolhidas oito intervenções prioritárias que se desdobrarão em atividades para a recuperação da Lagoa. Tais ações vão desde a melhoria da estrutura das secretarias municipais envolvidas; desassoreamento do canal de Itaparica; elaboração de um projeto de educação ambiental até a criação de um programa de monitoramento contínuo das lagoas marginais.

A reunião pode, de maneira participativa, estabelecer quais os caminhos para que se inicie o leque de ações integradas para a melhoria ambiental da região. Mais do que isso, se estabeleceram os agentes responsáveis pela execução das mesmas. “Sabemos dos problemas, das questões relacionadas à insegurança hídrica da região. Então, esse é o momento de menos falas e mais ações”, afirmou o prefeito de Xique-Xique, Reinaldo Braga Filho.

Para o coordenador da Câmara Consultiva Regional (CCR) do Médio São Francisco, a reunião representa um norte para que as diferentes Instituições envolvidas iniciem seus investimentos em prol do imperativo salvamento da Lagoa. De acordo com Ednaldo, o CBHSF entende ser urgente o início das ações em parceria com a CODEVASF e prefeituras municipais, uma vez que o período chuvoso deve se iniciar nos próximos dois meses e dificultar a atividades previstas. “Nós viemos aqui para saber, a partir do conhecimento de todos, quais serão nossas prioridades imediatas para que possamos começar o trabalho de revitalização o mais rápido possível”, explicou campos.

Desassoreamento urgente

Dentre as ações colocadas como prioritárias, o desassoreamento do canal de Itaparica foi elencado como o principal desafio a se vencer nos próximos meses, uma vez que, conforme demonstrado nos diagnósticos ambientais, com o período chuvoso, pode ser gerado um grande movimento de perda de sedimentos e solos que agravam tal processo de assoreamento nos cursos de água que abastecem a lagoa.

O risco, segundo especialistas, é que, com o início das chuvas se perca a oportunidade de revitalizar o canal e de se recompor o movimento de abastecimento hídrico, que fornece água à Lagoa de Itaparica a partir de uma conexão importante com o Rio São Francisco. “Nós ficamos muito satisfeitos em saber que o recurso para o desassoreamento do canal da Itaparica já está alocado pela CODEVASF e que em breve esse importante trabalho será iniciado”, afirmou Ednaldo Campos.

De acordo com o Secretário Municipal de Meio Ambiente de Xique-Xique, Roberto Rivelino, a obra é questão de tempo e depende de alguns andamentos burocráticos para que a ação prioritária seja iniciada. “Já existe convênio com o município para que seja realizado o trabalho de limpeza do canal e a construção de uma nova barragem na altura do povoado de Saco dos Bois”, explicou.

A ideia é que o canal de Itaparica, que tem 19 quilômetros de extensão, possa retomar sua função e permitir a alimentação de águas da lagoa no período de cheias, sanando assim uma parte importante do problema de escassez hídrica que atinge a região.

Veja as fotos da reunião: 

Educação ambiental

Para além das obras de engenharia executadas para o salvamento da lagoa, outro conjunto de ações consideradas prioritárias é a realização de um projeto consistente de educação ambiental junto às comunidades e demais agentes sociais inseridos na região. Nesse sentido, serão promovidas oficinas de educação ambiental, que, acompanhadas de material de comunicação específicos, promoverão um processo de ressignificação do papel da lagoa e da importância da sua preservação.

Pensado para ser executado nas comunidades ribeirinhas, escolas municipais ou nas sedes da área de atuação, tal projeto educacional prevê, dentro do plano de intervenções, ações para a disseminação das informações ligadas ao diagnóstico socioambiental realizado na região. Para esse fim, poderá ser utilizada a metodologia de cartografia social, que servirá para apresentar o contexto ambiental da área estudada. As três dimensões do estudo, segundo a empresa Consominas, poderão ser utilizadas: a do meio físico, do meio biótico e do meio antrópico.

Dessa forma, o trabalho a ser desenvolvido terá uma maior possibilidade de participação das populações não só no trabalho de revitalização e preservação das riquezas ambientais na região, mas na construção de novos valores, habilidades e conhecimentos voltados para uma ação futura mais consciente e positiva para a Lagoa de Itaparica, o Rio São Francisco e o meio ambiente como um todo.

Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Henrique Oliveira
*Fotos: Henrique Oliveira