Aberturas dos projetos de recuperação das nascentes de Mulungu do Morro e Itaguaçu da Bahia

03/11/2020 - 18:13

Quem passa desavisadamente por Mulungu do Morro e Itaguaçu da Bahia pode não imaginar as preciosas nascentes guardadas sob os territórios desses municípios baianos integrantes da região hidrográfica do Médio São Francisco.

As duas cidades estão entre as 24 contempladas pelo Edital de Chamamento Público CBHSF Nº 01/2018, voltado para projetos com aderência ao Eixo V do Caderno de Investimentos do Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, correspondente à Biodiversidade e Requalificação Ambiental. Ambas demandaram projetos hidroambientais de recuperação de nascentes.

Em Mulungu do Morro, a abertura do projeto ocorreu no dia 26 de outubro, quando estiveram reunidos na sede da prefeitura Ednaldo Campos, coordenador da Câmara Consultiva Regional (CCR) Médio São Francisco, Rayssa Balieiro Ribeiro, coordenadora técnica da Agência Peixe Vivo, Fredson Cosme de Andrade, prefeito de Mulungu do Morro, Sinvaldo José Alves, secretário municipal de Meio Ambiente, Marcos Miranda Souza, secretário municipal de Administração, Julio Souza Santos, presidente da Câmara Municipal de Vereadores, Maria da Paz Fratel dos Anjos, coordenadora da Escola Municipal José Tiago de Oliveira e profissionais da FAVENI– Consultoria, projetos e serviços LTDA, empresa vencedora do ato convocatório nº 0152020 e contratada para elaboração do termo de referência necessário à execução e monitoramento do projeto apresentado ao CBHSF.


Veja as fotos da visita técnica e reunião em Mulungu do Morro:


Rayssa Ribeiro, da Agência Peixe Vivo, destacou a importância do documento que será produzido pela FAVENI e entregue nos próximos dois meses: “A qualidade da execução do projeto está diretamente relacionada à qualidade do termo de referência”. A importância dessa etapa é compartilhada por Ednaldo Campos, coordenador da CCR: “Um bom planejamento como esse que estamos fazendo aqui é fundamental para decisões mais assertivas e bem executadas”. Alessandro Loreto, coordenador-geral da FAVENI, completa: “Esperamos ao final ter um termo de referência viável economicamente e executável pela próxima empresa responsável.”.

A reunião de abertura buscou promover o alinhamento entre os agentes envolvidos no projeto de recuperação da nascente do Feijão, localizada em Várzea do Cerco, distrito de Mulungu do Morro com aproximadamente dois mil moradores. Entre as ações esperadas estão a construção de barraginhas, readequação de estradas vicinais/rurais com atenção à captação das enxurradas e a implantação e operação de viveiros de mudas nativas. Tudo com o objetivo de revitalizar a nascente que durante muito tempo foi a única fonte de abastecimento de água dos moradores de Várzea do Cerco – só em 2011 o povoado começou a receber os serviços de abastecimento da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (EMBASA).

“Essa nascente está na divisa da minha propriedade, mas ela é da comunidade. Durante toda minha vida usei a água daqui, que é uma água de muito boa qualidade. Como proprietário estou disposto a contribuir com todas as ações necessárias para recuperar isso aqui”, conta Eder Jofre Souza Fratelis, um dos proprietários da área onde está a nascente.

O engajamento da população local também se mostra nas ações da Escola Municipal José Tiago de Oliveira, sediada em Várzea do Cerco: em 2018, a escola apresentou o projeto “Água fonte de vida: Recuperando e preservando nascentes da comunidade de Várzea do Cerco”, construído coletivamente por professores, alunos e coordenação pedagógica. O título é autoexplicativo. A ideia foi tão boa que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente incorporou a proposta e ambos, prefeitura e comunidade, são os proponentes do projeto apresentado ao CBHSF.

No dia 27 de outubro, os profissionais da FAVENI, acompanhados do coordenador da CCR, do secretário municipal de Meio Ambiente e de moradores do local fizeram uma visita de reconhecimento ao lugar da intervenção. “O trabalho aqui hoje é fazer um diagnóstico prévio, identificar a área e conhecer as pessoas do lugar, dialogar com percepção delas”, explicou o professor Marcos Magalhães, engenheiro e doutor em Recursos Hídricos integrante da FAVENI. A nascente do Feijão é de grande valia para a segurança hídrica do município, que já enfrentou problemas de escassez de água. “Além da importância histórica da nascente, esse projeto surgiu de uma preocupação da comunidade com o futuro, em ter alternativas para o caso de desabastecimento pela EMBASA”, ressaltou o secretário municipal Sinvaldo José Alves.

A preocupação com a segurança hídrica também está entre os elementos centrais do projeto proposto pela Prefeitura Municipal de Itaguaçu da Bahia ao edital do CBHSF. Trata-se da recuperação da nascente Olho d’Água, localizada na sede do município que abriga 14.450 habitantes. A abertura das atividades aconteceu no dia 28 de outubro, com reunião entre os parceiros envolvidos no auditório da Câmara Municipal pela manhã e visita técnica ao local da nascente durante a tarde.


Veja as fotos da visita técnica e reunião em Itaguaçu:


Na ocasião estiveram presentes o coordenador da Câmara Consultiva Regional (CCR) Médio São Francisco, Ednaldo Campos, a coordenadora técnica da Agência Peixe Vivo, Rayssa Balieiro Ribeiro, o secretário municipal de Meio Ambiente, Joelson Pereira dos Santos, o secretário municipal de Administração, Raimundo Nonato, o secretário municipal de Agricultura, Ernandes Lima dos Santos, o técnico da secretaria municipal de Educação e membro do Conselho Municipal de Meio Ambiente, Evangelista Rodrigues, o representante da associação quilombola Ernestino Martins de Souza – Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, José Deolino, o engenheiro ambiental e sanitarista e assessor técnico do município de Itaguaçu, Rafael Queiroz e os profissionais da FAVENI – a empresa está contratada pelo mesmo ato convocatório nº 0152020 para atender aos dois municípios aqui referidos.

Evangelista Rodrigues, representante da secretaria municipal de Educação, conta que foi no entorno da nascente Olho d’Água que aconteceram as primeiras ocupações que dariam origem ao município de Itaguaçu, antes chamado de Tiririca por causa de uma planta local. “É uma nascente de grande valor histórico, cultural e pedagógico. Fico muito feliz em saber que essa nascente está sendo atendida com esse projeto de revitalização”, diz Rodrigues. “Esse projeto é o projeto mãe dessa cidade. Até 2011, o Olho d’Água era a principal fonte para abastecimento urbano do município. Além de ser uma fonte de segurança hídrica, é um local com potencial turístico, as pessoas merecem conhecer onde nasceu a cidade”, analisa o secretário municipal Joelson Pereira dos Santos, que também é membro titular do Comitê da Bacia Hidrográfica dos Rios Verde e Jacaré.

A visita de reconhecimento para as primeiras avaliações técnicas foi ciceroneada por João dos Reis Neto, popularmente conhecido como Coti, que frequenta o local desde que nasceu. Coti ressalta que a nascente está em processo de degradação acelerado: “Há 40 anos essa nascente jorrava água. Com as queimadas, o desmatamento e outras fontes de água que chegaram, a nascente foi secando e hoje está assim, abandonada”. Para reverter esse quadro, estão previstas ações como recomposição da vegetação, implantação de viveiro de mudas nativas e proteção de matas ciliares e áreas de recarga. “O CBHSF tem uma parceria de sucesso com o município de Itaguaçu da Bahia, onde já realizamos o Plano Municipal de Saneamento Básico, e a recuperação do Olho d’Água será mais um êxito. É compromisso do Comitê e da Agência Peixe Vivo que esse projeto seja bem executado e que possa ser acompanhado pela prefeitura em parceria com empresas e pela própria comunidade”, finaliza o coordenador da CCR, Ednaldo Campos.

 

Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto e fotos: Mariana Carvalho