A Bacia do São Francisco em destaque: Pesquisas locais ganham palco mundial

22/09/2025 - 16:44

A representatividade do Rio São Francisco no cenário global foi um dos destaques da 11ª Conferência Internacional de Geoparques Mundiais da UNESCO, realizada no Chile. A professora Thaís Guimarães, da Universidade de Pernambuco (UPE) e membro do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, apresentou duas pesquisas que colocam a região em evidência, reforçando seu potencial geológico, cultural e socioeconômico.


A professora Thais Guimarães, que é pesquisadora do Centro de Geociências da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (Portugal), levou ao evento, que reuniu especialistas de diversos países, o resultado de dois projetos de doutorado desenvolvidos no Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental (PPGCTA/UPE). Um, focado no Projeto Geoparque Vale do São Francisco, explora as potencialidades das regiões do médio e submédio para se tornar um futuro geoparque da UNESCO. A pesquisa, conduzida pela doutoranda Karine Castro, busca mapear e valorizar os sítios geológicos e a rica herança cultural da região. O outro estudo, da doutoranda Andreza Figueredo, aborda o Projeto Geoparque do Pajeú, em uma área que também é parte da bacia, mostrando a relevância geológica e cultural do local.

Os projetos contam com parcerias internacionais estratégicas, incluindo o professor doutor Artur Sá, presidente da Rede Global de Geoparques, e a professora doutora Emmaline Rosado, coordenadora da Rede de Geoparques da América Latina e Caribe.

Visibilidade e Sustentabilidade para a Bacia do São Francisco

A participação da professora Thais Guimarães na conferência não se limitou à apresentação de pesquisas. Como membro do Comitê da Bacia, sua presença no evento reforçou a visão de que a gestão do Rio São Francisco pode e deve ser integrada a estratégias de conservação e desenvolvimento sustentável, alinhadas ao conceito de geoparques.

“No aspecto de visibilidade internacional, a exposição no evento coloca o São Francisco como um território de destaque global, atraindo atenção para suas particularidades geológicas, ambientais e culturais. Já pelo viés da articulação de saberes, o intercâmbio com especialistas de diferentes continentes permite trazer novas abordagens para a gestão da água, o turismo sustentável e a conservação do patrimônio natural e cultural, desafios comuns em diversas bacias hidrográficas”, afirmou a professora, que completou ainda: “No que diz respeito a gestão integrada, o conceito de geoparque, que une natureza, cultura e sociedade de forma participativa, converge diretamente com os objetivos do Comitê da Bacia, que busca um uso da água mais sustentável e holístico”

A professora Thais Guimarães ressalta que o reconhecimento como geoparque mundial da UNESCO pode se tornar um catalisador para a economia regional, especialmente no Semiárido. Essa abordagem, que parte do princípio de uma gestão “de baixo para cima”, fortalece as comunidades locais e pode gerar alternativas econômicas por meio do turismo sustentável, da educação ambiental e da conservação dos recursos hídricos, beneficiando diretamente as populações que dependem do Rio São Francisco.



Conceito de geoparque

Os Geoparques Mundiais da UNESCO (UGGp) são áreas geográficas únicas e unificadas onde sítios e paisagens de importância geológica internacional são geridos com um conceito holístico de proteção, educação e desenvolvimento sustentável. Sua abordagem combina conservação com desenvolvimento sustentável e envolve as comunidades locais está se tornando cada vez mais popular. Atualmente, existem 229 Geoparques Mundiais da UNESCO em 50 países.

Um Geoparque Mundial da UNESCO utiliza seu patrimônio geológico, em conexão com todos os outros aspectos do patrimônio natural e cultural da região, para aumentar a conscientização e a compreensão sobre questões-chave que a sociedade enfrenta, como o uso sustentável dos recursos do nosso planeta, a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas e a redução dos riscos relacionados a desastres naturais.


Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Juciana Cavalcante
*Foto: Cedidas por Thaís Guimarães