Um sábado de despedida em Penedo (AL), mas também de confraternização para os 66 pesquisadores de 27 instituições e demais integrantes que compuseram as três embarcações que percorreram o Velho Chico por 250km. O dia 12 de novembro marcou a conclusão da 5ª Expedição Científica Baixo São Francisco e a equipe demonstrou tranquilidade e satisfação por ter realizado, em dez dias, um trabalho de dedicação e amor à profissão que se aliou às pesquisas, análises, visitas às comunidades, muito conhecimento, aprendizado, ciência, educação, orientação e reflexão. Centenas de dados importantes foram colhidos.
O encerramento ocorreu no Teatro Sete de Setembro, no centro do município, após a passagem pelos municípios de Piranhas (AL), Pão de Açúcar (AL), Gararu (SE), Traipu (AL), Propriá (SE), Igreja Nova (AL) e o povoado Chinaré, Penedo (AL), Piaçabuçu (AL), Foz do rio São Francisco (AL) e Brejo Grande (SE).
A mesa de encerramento foi composta pelo presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Maciel Oliveira; Josealdo Tonholo, reitor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL); Eliane Cavalcante, vice-reitora da UFAL; Emerson Soares, coordenador-geral da Expedição Científica; Gustavo Alencar, secretário de Gestão e Planejamento de Penedo (AL) e Amélia Fernandes, secretária em exercício da Secretaria do Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Alagoas (SEMARH).
Maciel Oliveira parabenizou toda equipe que integrou a Expedição Científica e agradeceu pelo empenho na realização de um trabalho que tem a educação, a ciência e a saúde como grandes pilares. “Não é fácil para ninguém sair do seu lar e se dedicar a um trabalho durante dez dias. Todos aqui merecem ser reconhecidos por tudo que abdicaram para estar nas embarcações pesquisando, trazendo um olhar diferente e especial em prol do rio São Francisco. Sabemos da importância da comunicação em expandir informações ligadas às ações realizadas no Velho Chico. É uma multiplicação de conhecimento, experiências, vivências e a solução de conflitos com base nas análises e pesquisas feitas pelos expedicionários. É importante afirmar que a expedição não acaba com a conclusão dessa etapa, pois o relatório trará ainda mais colaborações necessárias para o cuidado com o rio São Francisco. Ano que vem iremos, com o relatório em mãos, fazer uma peregrinação em Brasília a fim de mostrar os resultados da expedição. A Expedição Científica transforma vidas e trará pontos que irão ajudar na solução de questões ligadas à qualidade da água”, explicou.
“É com enorme satisfação que agradeço ao Comitê e aos seus membros, em nome do Maciel Oliveira e do Anivaldo Miranda, e também à Agência Peixe Vivo, que desde a primeira edição nos apoiam. Agradeço a todas as prefeituras, instituições, ao reitor e vice-reitora da UFAL, vocês foram essenciais para a concretização de mais essa etapa. Ficamos felizes com a expedição e a sua conclusão. Agradeço, em especial à minha esposa, à Themis Silva, uma das coordenadoras e ao José Vieira que coordenou comigo”, falou com muita emoção Emerson Soares, coordenador-geral da Expedição Científica. Ele trouxe, ainda, os dados prévios desta edição.
A secretária em exercício da SEMARH, Amélia Fernandes, agradeceu a todos por compor a mesa junto a eles e pontuou que Emerson Soares tornou-se uma referência quando se trata da expedição. “Sem dúvida você terá sempre nosso apoio. Parabéns por sua dedicação às pesquisas a favor do rio São Francisco. O Governo de Alagoas está priorizando a política ambiental e isso é apenas a demonstração do quanto podemos trazer à expedição. Reafirmo a parceria, o compromisso com a ciência, a educação e a pesquisa, o cuidado com o meio ambiente e o cumprimento da função social. Estou encantada com tudo que vi. Viva a Expedição Científica!”.
Para Josealdo Tonholo, reitor da UFAL, a expedição não se faz só e precisa de planejamento, trabalho coletivo. “Essa expedição, que hoje está consolidada, impacta todos que participam, seja direta ou indiretamente, como universidades, prefeituras, governo, comitê, ribeirinhos, o próprio rio São Francisco, comunidades tradicionais como indígenas e quilombolas. Esses estudos técnicos são um grande benefício para a população, bem como o fato de reunir competências institucionais para o resgate de um pouco do que era o Velho Chico, tudo de forma científica e com dados precisos. O protagonismo é da causa, não da pessoa. Ratifico aqui que a expedição é multiplicadora do conhecimento”.
“Essa transformação que a Expedição Científica traz em cada edição só é possível graças ao trabalho em equipe e a gente do barco da saúde fez tudo com muita alegria. Agradeço a cada um de vocês que fez acontecer. Nós transformamos vidas”, reforça Eliana Cavalcante, vice-reitora da UFAL.
Gustavo Alencar, secretário de Gestão e Planejamento de Penedo (AL), sabe da importância dos trabalhos de meio ambiente e social, inclusive para os que não têm tanto acesso. “Estou acompanhando a Expedição Científica há três anos e nesta edição muito mais. Vi na mente de Emerson Soares uma pessoa muito focada, dedicada, cheia de ideias. A cidade de Penedo agradece a presença de vocês que trazem com essa expedição uma nova visão abrindo os olhos para todas as áreas. Encerra-se um ciclo e inicia-se outro. Podem contar comigo na 6ª edição”.
Após as falas dos representantes que formaram a mesa de encerramento, um grupo de pesquisadores da Expedição Científica entregou a Antônio Jackson, que é expedicionário, membro do CBHSF e diretor do Museu Casa do Velho Chico, um cocar da etnia Aconã, que fica em Traipu (AL). Antônio Jackson recebeu o cocar e um livro com as assinaturas de todos os pesquisadores. Ele ficou emocionado com o presente dado para compor seu museu e disse: “Eu não imaginava que aos 76 anos eu iria participar de uma expedição e que estava ganhando uma família, filhos e filhas. Deus é generoso comigo e todos têm participação nesse processo. Estamos nessa luta pelo rio São Francisco e agradeço demais as homenagens”.
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Dados prévios
Os dados colhidos durante a 5ª Expedição Científica foram a chipagem de 300 peixes, entre xiras e piaus, 60 amostras de TOG e pesticidas, o peixamento de 100 mil peixes, de seis espécies, entre eles xira pioa, xira pacu, piau, cari, pacamã e piaba, 60 amostras de água, 66 amostras de microplástico, a histopatologia de 120 peixes, 500 amostras de enzimas, 360 lâminas de genotoxicidade, 264 amostras de fitoplâncton, a pesca de cinco novos registros de espécies, segundo os pescadores, em função das cheias, 403 peixes e crustáceos capturados, sendo 377 peixes.
Na área de saúde foram realizados seis mil exames, 500 pacientes triados, 110 consultas médicas e 45 encaminhamentos de complexidades para o Hospital Universitário. Já na saúde bucal foram cerca de 500 exames e houve a entrega de 700 kits de saúde bucal, sendo 500 da Colgate. Além disso, três palestras científicas foram transmitidas ao vivo pelo instagram da Ufal, totalizando mais de 4 mil visualizações.
Em relação à educação, 15 escolas receberam as visitas dos pesquisadores, 14 computadores (sendo 12 no Chinaré) foram entregues, bem como uma impressora e quatro projetores multimídia e o Oceanário do Sesc DF teve duas mil visitas de estudantes dos municípios da região do Baixo São Francisco. Também ocorreram doações de equipamentos (dois microtratores com implementos agrícolas) nos povoados.
As equipes realizaram também outras atividades como a arqueologia, onde quatro sítios receberam visitas e houve a descoberta de um novo sítio arqueológico na Foz do rio São Francisco. Teve, ainda, a inauguração do Museu Ambiental Casa do Velho Chico, a visita a três fossas agroecológicas, com uma entregue e duas em andamento. Vegetação ciliar com a análise de seis sub-bacias e amostra de mais de 400 indivíduos arbóreos. Outros registros importantes foram as plantas alimentícias não convencionais (PANCs), com cerca de 40 espécies e amostragem de cerca de 25 para identificação. A utilização do VANT (veículo aéreo não tripulado) e geoprocessamento em três áreas, sendo um em São Brás (AL), para o projeto de berçário para repovoamento. A equipe de Antropologia visitou oito comunidades dentre indígenas, quilombolas e de artesãos. Além dessas atividades, foi exibido o trailer do filme ‘O Imperador e o Rio’, da Aventura Produções, a oficina de PANCs, na Associação Aroeira, em Piaçabuçu (AL), oficinas de educação ambiental em nove municípios, pela Semarh (AL), o Projeto Academia e Futebol, do Instituto de Educação Física e Esporte (Iefe) da Ufal, onde 389 crianças e jovens receberam atendimentos em sete municípios, sendo 219 meninas.
Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Deisy Nascimento
*Fotos: Edson Oliveira