“Além de ser do Comitê há muitos anos, eu aprendi a amar o rio tomando banho e pescando no quintal da minha casa, desde criança. Lembro de um São Francisco que era farto”, Jackson Lima recorda com emoção.
Nativo das margens do Velho Chico, Jackson enxerga no Comitê do São Francisco uma forma de estar colaborando para a minimização dos impactos ambientais causados ao rio, por causa da ação do homem e das frequentes e prolongadas reduções de vazão.
“A degradação do rio é o que mais me chama a atenção. Fico angustiado com essa situação e espero morrer antes dele (rio).”
A história de criação do Museu Ambiental Casa do Velho Chico vem de muito tempo. Desde menino, Jackson gostava de guardar peças que lembrassem o São Francisco, desde utensílios e equipamentos a objetos de uso doméstico, passando por recortes de jornais e embalagens de produtos.
Em 2001, já com uma quantidade significativa de materiais guardados, resolveu fazer uma exposição, que logo de cara foi visitada por cerca de seis mil pessoas. Nascia aí o museu e uma das maiores paixões de sua vida.
“Vi que tinha nas mãos um patrimônio que não era só meu e pensei em criar algo permanente e itinerante”.
Hoje, Jackson já perdeu a conta de quantos objetos tem em seu acervo do museu itinerante, que percorreu diversos estados nordestinos.
Jackson Lima acredita que uma situação ameaçadora para o rio é o assoreamento.
“O rio está morrendo pela terra. Precisamos ter um olhar diferenciado inclusive para os rios intermitentes, porque eles levam toneladas de terras e pedras em períodos chuvosos para o São Francisco. Isso prejudica muito a navegação. Para se ter uma ideia, passei esses últimos cinco dias navegando no São Francisco e, agora, voltando para casa, fiquei encalhado e passei um transtorno até chegar ao sítio.”
Ainda assim, Jackson acredita na possibilidade de dias melhores para o Velho Chico. É o que o faz persistir nos projetos em que se engaja a favor da revitalização e conservação da bacia do São Francisco, reservando parte do seu tempo para cuidar do museu, garantindo a memória do rio farto e próspero que nunca saiu de sua cabeça.
O Velho Chico ainda tem muita história pra contar. E você? Qual a sua história com o rio?