O sorriso largo estampado no rosto de Carlos Pereira de Almeida simboliza a importância do rio São Francisco para o município de Bom Jesus da Lapa, no oeste da Bahia. Também, não é por menos, o líder quilombola – representante da comunidade Lagoa do Peixe – se diz um legítimo lapense, por causa do rio que é uma das figuras mais ilustres da cidade.
“Assim como grande parte dos moradores da Lapa, fui criado à beira do São Francisco. Levo as suas essências como referência para minha vida”.
Com os seus “maduros” 60 anos, só esconde o sorriso para expressar a triste e atual situação do Velho Chico.
“Era de uma riqueza imensurável. Não apenas para nós ribeirinhos, que sobrevivíamos das ofertas do rio, mas para quem estava de visita à cidade e se encantava em ver as jorrantes águas são-franciscanas. Hoje, a realidade é totalmente outra. É triste ver lentamente a sua morte”.
Pescador profissional há mais de 40 anos, Carlos Pereira critica a falta de intervenção do governo, seja ele municipal, estadual ou federal, no enfrentamento da severa seca que castiga o local há mais de três anos consecutivos.
“Nunca vimos uma situação como esta. Só querem cuidar e resolver o problema quando não há mais solução? Se continuar deste jeito por mais dois anos, o rio São Francisco irá parar de correr em Bom Jesus da Lapa”.
O Velho Chico ainda tem muita história pra contar. E você? Qual a sua história com o rio?