Texto: Mariana Salazar e Fotos: Bianca Aun
Uma parceria entre o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), a Agência Peixe Vivo, o Instituto Estadual de Florestas (IEF) e Prefeitura de Patos de Minas vai triplicar a produção de mudas destinadas à recuperação do Velho Chico. O viveiro, localizado em Patos de Minas, vai passar por reforma ganhando uma capacidade muito maior de produção. O projeto, encabeçado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco, finalmente vai ser colocado em prática. Depois de oito anos de trabalho, foi assinado na quinta-feira (20 de julho), um Termo de Cooperação Técnica entre as quatro entidades. Trocando em miúdos, o viveiro pertencente ao IEF vai ganhar força com investimentos do CBHSF, com recursos da Cobrança pelo Uso de Recursos Hídricos e gerenciados pela Agência Peixe Vivo.
Intitulado “Plantando árvores, produzindo água, vamos matar a sede dos nossos rios”, o projeto vai favorecer a recuperação de matas ciliares, nascentes, áreas degradadas, recarga hídrica e programas de educação ambiental para as comunidades rurais, visando à conservação do solo e, consequentemente, a produção de água.
Para o sucesso do programa é preciso sensibilizar os produtores rurais para a importância do reflorestamento. A coordenadora da Câmara Consultiva Regional (CCR) Alto São Francisco, Sílvia Freedman, é categórica ao afirmar que sem floresta não teremos água. O viveiro produz uma variedade de 491 espécies do cerrado. Hoje, a produção é de 200 mil mudas/ano e a nossa expectativa é de aumentar para 700 mil/ano. Precisamos, a partir de agora, incentivar os produtores rurais para que plantem essas mudas em suas nascentes e nas cabeceiras”.
O início do trabalho de mobilização se deu ontem mesmo. Uma equipe composta por representantes de todas as entidades envolvidas realizou uma visita à fábrica de laticínios Cemil, também localizada em Patos de Minas. A cooperativa, que gasta em torno de 1,5 milhão de litros de água por dia em sua produção, disse, através de seu vice-presidente, Silas Pacheco, que irá participar, mas que ainda vai avaliar de que forma a indústria vai apoiar e colaborar com o projeto.
De acordo com Wilson José da Silva, membro do CBHSF e autor do projeto, “temos que manter água dentro dos cursos d’água. Para isso temos que reflorestar. Estamos investindo R$6 mi para manter o projeto pelo menos nos primeiros cinco anos, tendo possibilidade de dobrar a produção de mudas de acordo com a demanda”.
O diretor-geral do IEF, João Paulo Sarmento, comemora a parceria. De acordo com ele, é um convênio extremamente importante para ambos os lados. “O Comitê vai incrementar a nossa produção, contratando mão de obra, que hoje é um dos nossos maiores problemas, e reestruturando a parte física. E nós vamos passar para o Comitê todo o conhecimento técnico. Hoje, para se fazer restauração ambiental é necessário firmar parcerias. Juntando esforços vamos conseguir melhorar a qualidade e a quantidade das nossas águas”, afirma.
Espera-se, com essa cooperação, recuperar aproximadamente 750 hectares de áreas onde a revitalização é necessária e estrategicamente importante para a melhoria da oferta hídrica. A Agência Peixe Vivo vai executar o projeto. Para a diretora geral da Agência, Célia Fróes, “tornar realidade os sonhos do Comitê e da comunidade da bacia é uma honra. É um projeto maravilhoso que teremos o maior prazer em executar”.
Viveiro
O viveiro localiza-se em terreno cedido pela prefeitura de Patos de Minas e possui uma área de 2,2 hectares. É composto por seis taludes, utiliza sistema de irrigação automatizado e conta, hoje, com apenas oito viveiristas. Produz 491 espécies nativas do Cerrado, além de plantas ornamentais para áreas urbanas. Qualquer pessoa pode adquirir mudas gratuitamente no viveiro. O endereço do viveiro é Rodovia MGT – 354, Km 177 – Fazenda Canavial, Patos de Minas.