Empresa apresenta andamento de obras de recuperação hidroambiental em Alagoas

02/08/2017 - 17:05

Texto e fotos: Delane Barros
Agricultores, representantes de órgãos ligados à área ambiental e do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) participaram do seminário de acompanhamento das obras do projeto de recuperação hidroambiental nas porções Média e Baixa do rio Piauí, nesta quarta-feira (2 de agosto) em Alagoas. A equipe técnica da empresa Engenatus, contratada por meio de licitação para a realização das obras, apresentou o projeto de forma abrangente e também explicou cada etapa atual das intervenções.
De acordo com o contrato firmado com a empresa, estão previstas a recuperação de 352 nascentes; plantio de 130 mil mudas nativas da região; adequação de estradas rurais; instalação de 71,5 mil metros de cerca; aplicação de estruturas em solo cimento e promoção de mobilização social.
De acordo com o engenheiro ambiental Max Müller, a empresa sempre procura orientar os proprietários de terras sobre a forma correta para manter e preservar as ações, principalmente quanto às nascentes. “De nada irá adiantar se não conscientizarmos esses proprietários, porque poderemos sair e tudo ser desfeito. Por isso, conversamos bastante e orientamos quanto a melhor forma para preservar as intervenções promovidas. Com isso, os proprietários de terras se tornam nossos aliados”, garante Müller.
Membro do CBHSF, Antônio Jackson Borges aproveitou a oportunidade para falar sobre os impactos ambientais registrados atualmente, devido a ação humana. “A natureza está gritando. Não é à toa que enfrentamos seis anos ininterruptos de seca”, alertou. Ele também abordou questões relacionadas à legislação e a importância da preservação de rios, tanto na calha principal quanto seus afluentes. “Daí vem a importância da preservação das nascentes, para que tenhamos mais quantidade e qualidade de água”, complementou ele.
Ainda falando em nome do CBHSF, Antônio Jackson Borges aproveitou para se reportar às discussões sobre a transposição das águas do São Francisco. “Quando a transposição foi iniciada pelo governo, havia o impacto ambiental, mas não era motivo de morte do rio. Hoje, é, então estamos num momento grave. Bem pouco tempo atrás, em Traipu (AL), o nível do São Francisco era de aproximadamente seis metros de profundidade. Atualmente, não vai muito além de um palmo, cerca de 20 centímetros, devido ao assoreamento”, ressaltou Jackson Borges.
A secretária da Câmara Consultiva Regional (CCR) do Baixo São Francisco, Rosa Cecília Lima Santos, explicou que as obras de recuperação hidroambiental são formas do CBHSF dar respostas à comunidade. Ela chamou atenção para a necessidade dos proprietários preservarem as intervenções promovidas pelo Comitê.
Proprietários de terras no município alagoano de São Sebastião, Maria Quitéria Vieira e o esposo, José Antônio Santos, aprovaram as intervenções promovidas em suas propriedades. “Porque temos as nascentes, mas não podíamos garantir a preservação desse bem natural e esse trabalho significa garantir água com mais qualidade, ou seja, garantir vida”, relatou Quitéria.
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Além de proprietários de terras, representantes de secretarias estaduais de Meio Ambiente de Alagoas e Sergipe também participaram do seminário. Marcos Domingos, da Semarh de Sergipe, acompanhou a apresentação da Engenatus para conhecer a metodologia da empresa a fim de aplicar no trabalho de ampliação de unidades de conservação no Estado. Segundo ele, o governo sergipano está ampliando de quatro para sete as unidades de conservação. Outros órgãos, como a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), entre outros, prestigiaram o encontro.
As porções Média e Baixa do rio Piauí abrangem os municípios alagoanos de Coruripe, Feliz Deserto, Junqueiro, Penedo, Piaçabuçu, São Sebastião e Teotônio Vilela.