Atuando há mais de 20 anos na área de preservação ambiental no Alto São Francisco, na região da Serra da Canastra, Lessandro Gabriel da Costa se destaca na luta pela preservação do meio ambiente. Atualmente, ele é secretario executivo do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio são Francisco (CBHSF) e também secretário de Meio Ambiente de Lagoa da Prata (MG). Lessandro falou ao Travessia sobre sua motivação nessa trajetória.
Qual sua opinião sobre a última resolução da Agência Nacional de Águas (ANA), que institui o “Dia do Rio”?
Lessandro: É importante marcar um dia de defesa para que o rio São Francisco “descanse” das degradações ambientais. A instituição do “Dia do Rio” que suspende a captação de água no Velho Chico todas as quartas-feiras, até o final do período seco, em novembro, é importante como um trabalho preventivo e de conscientização ambiental em toda a bacia.
Em agosto, o CBHSF realizará uma Plenária Extraordinária para debater a atualização da metodologia da cobrança pelo uso dos recursos hídricos na bacia do São Francisco. Qual é a sua opinião sobre essa atualização?
Lessandro: A atualização da metodologia da cobrança vai ao encontro da atual situação que vivemos na bacia. Essa atualização vai nos ajudar na melhoria ambiental já que os recursos serão aplicados em ações de preservação e revitalização da bacia.
O que te influenciou a lutar pela preservação do meio ambiente?
Lessandro: Quando ingressei na área de meio ambiente, atuei em um projeto que elevou Lagoa da Prata a um reconhecimento internacional no Guinness Book (livro dos recordes) com o plantio recorde de 120 mil mudas de árvores para recuperação de matas ciliares das margens do Rio São Francisco, em Lagoa da Prata. A partir daí, me envolvi completamente com a área de meio ambiente e hoje um dos meus objetivos de vida é ver o rio São Francisco vivo.
Desde que você começou a se dedicar ao meio ambiente, o que mudou em sua concepção a respeito do tema?
Lessandro: Vejo que hoje existe uma consciência ambiental nas pessoas; a área de reciclagem melhorou muito e os projetos hidroambientais executados pelo CBHSF estão contribuindo para recuperar e/ou revitalizar a bacia e para uma mobilização e educação ambiental.
Quais são os maiores desafios do CBHSF na defesa do São Francisco?
Lessandro: Hoje, o maior desafio do São Francisco é a escassez hídrica por causa da falta de chuvas. As hidrelétricas estão praticamente paradas, não podendo gerar energia, a agropecuária tem sofrido e o abastecimento humano está de mal a pior. Estamos em um momento de crise nunca visto antes na história e o nosso maior desafio é tentar buscar a melhoria na quantidade e qualidade das águas do São Francisco.
E quais os maiores avanços nessa luta?
Lessandro: O CBHSF teve muitas conquistas! A parte de mobilização e conscientização ambiental, ao meu ver, foi o maior avanço.
Por Luiza Baggio