Curso de mediação auxiliará na resolução de conflitos na bacia do Velho Chico

20/08/2018 - 12:00


Vinte e dois ambientalistas participaram do curso de Mediação de Conflitos com ênfase socioambiental, promovido pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF). Entre os dias 13 e 17 de agosto, aconteceu a fase presencial do curso que contou com a participação de membros do CBHSF, da Câmara Técnica Institucional e Legal (CTIL), das Câmaras Consultivas Regionais (CCRs), dos Comitês Afluentes e da Agência Peixe Vivo.
O vice-presidente do CBHSF, Maciel Oliveira, participou do curso de mediação que teve como objetivo capacitar os membros do Comitê e convidados a entenderem os conflitos de uma forma diferenciada. “O curso trouxe para nós, uma oportunidade de aprender e desenvolver as técnicas de mediação de conflitos pelo uso dos recursos hídricos. Fomos treinados a compreender os métodos adequados para cada tipo de conflito vivenciado dentro do Comitê e a usar a comunicação na resolução deles”, disse.
Para o coordenador da CCR Baixo São Francisco, Honey Gama, o desenvolvimento da mediação é importantíssimo para a mudança de paradigma. “O curso de mediação foi instigante e me fez sair da zona de conforto para agir de forma diferente. Quando as pessoas e as instituições não conseguem resolver diferenças por meio de negociações, o próximo passo é procurar um mediador. Com certeza vou utilizar as técnicas de mediação tanto na minha vida profissional como pessoal”, explicou.
O curso foi ministrado pela advogada e mediadora de conflitos Dulce Maria Martins do Nascimento, que é natural de Lisboa, licenciada em Direito, pós-graduada em Gestão de Recursos Humanos, capacitada em arbitragem, conciliação e mediação de conflitos, com especialização em Mediação Laboral e Mediação Familiar e com certificação internacional do International Mediation Institute (IMI).
Conflito pelo uso da água em Correntina
Um dos principais conflitos pelo uso da água na Bacia do Rio São Francisco acontece em Correntina, no extremo Oeste baiano, onde existe a disputa pela água do Rio Arrojado, integrante da bacia do Rio Corrente, um afluente do São Francisco. A polêmica do uso da água se arrasta, pelo menos, desde 2015, quando o Comitê da Bacia do Rio Corrente expediu uma deliberação para que não houvesse novas concessões para uso de recursos hídricos da bacia.
O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Corrente, João Batista Soares Ferreira, participou do curso de mediação de conflito e explicou que o conflito pelo uso da água na bacia do rio Corrente tem acontecido por conta da liberação de captação de enormes quantidades de água para a irrigação de grandes empreendimentos do agronegócio, a despeito da escassez hídrica que há décadas vem extinguindo córregos e baixando a níveis alarmantes o nível dos rios da bacia. A escassez de água abaixo desses pontos de captação tem assustado as comunidades do entorno do rio Arrojado e elas vêm questionando as outorgas para captação de água concedidas pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema).
“Administrar o conflito pelo uso da água na Bacia do Rio Corrente é um grande desafio. Minha preocupação é com um meio ambiente em harmonia e disponível igualitariamente à sociedade atual e suas futuras gerações. Pude aprender no curso que a mediação é uma alternativa para solucionar conflitos de forma eficaz, rápida e transparente, evitando a judicialização de demandas. Espero colocar em prática os conhecimentos”, afirmou João.
Veja as fotos do curso: 

*Texto: Luiza Baggio
*Fotos: Ohana Padilha