Entre Alagoas e Sergipe, mais precisamente no sertão e às margens do Rio São Francisco, ocorre a competição mais bela e dura do Nordeste, a Xingó Trail Run, que está em sua 4ª edição e trouxe, no dia 17 de julho de 2022, mais de 350 atletas de todo o país.
A prova, que possui quatro categorias, a de 7km, 10km, 27km e a de 50km, começa bem cedo, antes do sol nascer. Os percursos são realizados dentro das trilhas, em contato total com a natureza, com o Velho Chico, suas cachoeiras, por dentro da hidrelétrica e com muitas subidas e descidas de serra.
Segundo André Souza, professor de Educação Física e idealizador da prova, a Xingó Trail Run surgiu em 2017. “Fizemos um evento teste para 30 pessoas que acabou crescendo e chegou a ter 100 participantes. Após a repercussão decidimos organizar algo maior e entramos em contato com vários órgãos da região para a realizar a prova. Em 2018 já fomos mais ousados e lançamos uma ultramaratona. Montamos essas trilhas dentro dos treinos que realizo para as provas que corro fora do Estado. Fui ligando trecho por trecho até formar as quatro modalidades da Xingó Trail Run. O evento esportivo foi crescendo e tornou-se competitivo em 2018 com mais de 200 atletas, tendo participantes inclusive da seleção brasileira”, contou.
Souza acrescentou que a competição está tomando novas proporções e, com a inclusão da categoria de 50km, bem como a participação de atletas da seleção brasileira, a provao agora faz parte do International Trail Running Association (ITRA). “Recebemos a chancela de uma associação que é uma das vertentes mundiais que administra e rege a modalidade no mundo, então Xingó passou a ter dois pontos ITRA e o atleta que conquistar estes dois pontos na prova daqui obtém o passaporte para correr o mundial da Ultra Trail du Mont Blanc“.
André Souza falou sobre a organização da prova, que acontece desde 2017
Atualmente, dentre as centenas de atletas que participam da prova há também competidores de outros países, como Portugal e Argentina, conforme informou André Souza. “Em 2020 e 2021 a pandemia acabou levando ao adiamento da prova, mas com o retorno das competições em 2022, esta edição chegou ao seu ápice, com um número muito bom de atletas em um evento que requer muita dedicação e entrega”, pontuou o organizador.
Lídia Oliveira, atleta de Camaçari, na Bahia, correu os 50km e escolheu fazer a prova porque soube que o percurso era bem pesado, puxado, desafiador. Ela ficou em 1º lugar nos 50km e revelou: “esta foi a primeira competição de 50 km que realizei e eu não tinha a intenção de ficar entre os primeiros, mas chegar pelo menos entre os 10 mais bem colocados. O percurso estava duro, difícil, mas eu faria de novo por conta da boa organização, pela prova desafiadora e por ter conhecido um cenário tão lindo que proporciona paz”, disse a campeã.
Lídia escolheu a prova pelo desafio e sagrou-se vencedora
Enil Ramos, campeão nos 50km, começou a correr como uma brincadeira com amigos e há cinco anos resolveu procurar orientação de um profissional de Educação Física para realizar a atividade de forma correta. Adepto das provas que exigem maior superação, Enil diz ter gostado da Xingó Trail Run e, que apesar de muito dura, a competição é incrível. “É uma prova bem técnica que coloca em teste todos os aspectos do atleta. Há muita subida, pedras e algumas surpresas, aspectos esses onde tenho uma boa desenvoltura, sendo assim pude realizar todo o percurso com bom desempenho e fui contemplado com a primeira colocação. Em relação à escolha da distância ultra, esta já vem de bastante tempo, pois gosto do desafio das longas distâncias. Meu corpo responde bem e passei a perceber que tenho uma recuperação rápida, não fico tão dolorido e cansado no pós-prova. Mas para chegar a essa percepção, experimentei provas menores e, apesar de correr bem, sentia que faltava algo. Esta foi minha primeira participação na Xingó Trail Run e parabenizo a organização pela escolha do local. E, em 2023 pretendo retornar, a fim de participar da próxima edição”, revelou.
Enil Ramos destacou perfil técnico da prova
Apaixonado pelo Rio São Francisco, André Souza disse que sabe o quanto ele representa para todo país, inclusive para os sertanejos que fazem uso da sua água para beber, cozinhar e para a agricultura familiar. “O Velho Chico é vida e com esse cenário, a Xingó Trail Run ficou ainda mais bela”.
Em relação ao troféu deste ano, a organização decidiu fazer a Carranca, dada sua simbologia para o Rio São Francisco. Os troféus foram produzidos pelo artesão Seu Haroldo e os vencedores foram contemplados com esta bela e forte lembrança. Hoje, a prova tem como símbolo a Carranca que significa proteção de atletas nas trilhas durante o percurso e no Velho Chico. “Eu sempre quis atribuir troféus, medalhas, camisas à figura da Carranca e consegui encontrar essa possibilidade, agora carregaremos a Carranca em todas as próximas edições”, finalizou.
Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Deisy Nascimento
*Fotos: Jardel Matos