Saneamento Sustentável transforma comunidade indígena Jeripankó em Alagoas: sonho realizado e exemplo de preservação

07/11/2025 - 18:48

A comunidade indígena Jeripankó, no município de Pariconha, em Alagoas, celebrou na quinta-feira (06) a conclusão de um projeto essencial: a implantação de soluções individuais de esgotamento sanitário em 204 propriedades rurais. A iniciativa, financiada pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) e executada pela W2 Engenharia, representa um marco na proteção hídrica, social e ambiental da região.


O projeto utilizou tecnologias sociais sustentáveis e de baixo custo, como o Tanque de Evapotranspiração (TEVAP), Biodigestores e o Círculo de Bananeira para tratamento das águas cinzas provenientes de pias e chuveiros. Para a comunidade, a entrega da obra é a concretização de uma luta de longa data. O líder indígena Adailton Gomes expressou a profunda satisfação com o resultado, que vai além do saneamento básico. “É uma sensação de dever cumprido e um sonho realizado,” disse Adailton Gomes. “A gente sonhou há mais de 20 anos com um projeto desse e hoje se concretizou, dando qualidade de vida ao nosso povo, não só na parte de esgotamento sanitário, mas na produção de alimento.”

O líder ressaltou o benefício direto do Círculo de Bananeira, que utiliza a água tratada para o cultivo: “A bananeira ela veio trazer qualidade de vida na mesa de muita gente do nosso povo, frutos que vão servir a nossa comunidade, nossas crianças. Estamos vendo uma transformação no dia a dia, já vemos o diferencial”.

Investimento estratégico e cobrança política

O Presidente do CBHSF, Cláudio Ademar, enfatizou o significado do projeto no contexto da Bacia, reforçando o compromisso com as populações tradicionais. “Foi um momento importante, mais uma entrega do Comitê de Bacia, um projeto voltado para saneamento rural que tem um aspecto relevante na proteção hídrica, ambiental e social da comunidade,” afirmou Cláudio Ademar.

Ele destacou a prioridade dada a comunidades como a Jeripankó: “É importante focar que o comitê tem investido bastante nas comunidades tradicionais. Em todos os editais que é lançado, uma boa parte do recurso é priorizado para as comunidades tradicionais, que nós entendemos que são justamente as comunidades que mais preservam no São Francisco.”

Cláudio Ademar aproveitou a ocasião, que reuniu diversas autoridades, para também “cobrar compromisso”: “Cobrei a participação da classe política em relação às questões do São Francisco, a integração, aproveitei a presença do prefeito para pedir apoio e que ele convide os deputados estaduais e federais a se integrar à luta pelo Velho Chico, porque o Velho Chico é de todos.”


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A implementação do projeto envolveu um processo de transformação cultural. Elias Silva, Coordenador da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco, destacou a importância das tecnologias sociais e do esclarecimento. “A entrega dessa experiência de saneamento na comunidade Jeripancó vem mostrar de forma clara de que tecnologias sociais com ciência simples e objetiva, atrelado à culturas locais podem resolver problemas muito grandes como é a questão do saneamento em comunidades tradicionais,” explicou Elias Silva.

O Coordenador ressaltou que 204 sistemas foram instalados, alguns com a implementação de unidades sanitárias onde não havia banheiro. Ele também reconheceu a participação direta e crucial do Pagé local nesse processo.

O evento foi prestigiado pelo Ministério da Saúde, através da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), que reconheceu a parceria com o Comitê do São Francisco como um modelo de solução e a articulação já gerou uma nova pauta, incluindo a discussão sobre novos investimentos.

Para a região, onde Pariconha possui quase 40% da população indígena, como destacou o prefeito Tony de Campinhos, a ação na comunidade Jeripankó é representativa para todo o sertão alagoano, levando dignidade e sustentabilidade às comunidades tradicionais.

O evento ainda contou com a presença do engenheiro responsável da W2 Engenharia, Weverton Ferreira; representantes da DSEI, Tanawy de Souza de Tenório – Coordenador Distrital de Saúde Indígena de Alagoas e Sergipe (DSEI/AL SE); Leandro Nepomuceno e Ronaldo Silva, além do Presidente Consello de Saúde, Ervison Araújo, a representante da HidroBR, empresa fiscalizadora e do Coordenador Técnico da Agência Peixe Vivo, Guilherme Guerra.


Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Juciana Cavalcante
*Fotos: Cláudio Gomes