Fotógrafo e ambientalista apresenta série de registros da nascente do rio Samburá, considerada a nascente geográfica do rio São Francisco; buscando trazer reconhecimento e proteção para a região, seus povos e sua cultura, fotolivro será lançado no dia 19/11, em BH, e no dia 23/11, em Medeiros (MG)
“Sinto como uma missão. É preciso mostrar essa nascente geográfica às pessoas. Como é possível que ninguém conheça a verdadeira nascente do Velho Chico?” Foi a partir desse questionamento que o fotógrafo e ambientalista Fernando Piancastelli se debruçou sobre a realidade do rio Samburá, localizado na cidade mineira de Medeiros. Piancastelli, que conhece a região desde 2001, realizou quatro viagens ao local entre 2018 e 2021, cada uma com média de três dias de exploração pela região. O resultado da empreitada é o fotolivro “Samburá: à sombra de um rio”, que será lançado em Belo Horizonte e em Medeiros, nos dias 19 e 23/11, respectivamente.
Sua investigação parte da descoberta de pesquisadores, que comprovaram que a nascente do Velho Chico não está no Parque Nacional da Serra da Canastra, como é amplamente reconhecida e, sim, em Medeiros, a 49 km de São Roque de Minas, uma das cidades que abrigam o Parque Nacional. Desde a validação da descoberta pela ciência, a nascente da Serra da Canastra passou a se chamar nascente histórica, sendo a nascente de Medeiros denominada geográfica.
A jornada de Piancastelli até a nascente do rio Samburá teve como destino a Serra d’Água, na região do Planalto de Araxá, no município de Medeiros, cidade com pouco mais de 3.600 habitantes, a 22 km dos limites do Parque Nacional da Serra da Canastra. Boa parte da região compreende área particular destinada à agropecuária, como pastagem e plantações. Uma recente placa instalada no exato ponto da nascente exibe os dizeres: “nascente geográfica do rio São Francisco/Samburá: preservar é saber que haverá futuro para sonhar”.
A importância do registro se deve ao fato de que o Rio São Francisco, o maior totalmente brasileiro, atravessa cinco estados – Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe –, por 2.863 km de extensão. O principal objetivo do livro foi revelar o rio Samburá e elucidar os motivos técnicos que levaram a essa definição da nascente. Com isso, espero pelo menos impulsionar alguma ação que resulte em desenvolvimento turístico e maior proteção das nascentes da região”, avalia.
Na confluência entre os rios Samburá e São Francisco, os pescadores têm conhecimento, pela prática milenar do ofício, de qual é o rio principal. Isso se deve, especialmente, ao volume d’água, notadamente maior, do rio Samburá. Apesar disso, foi apenas em 2002, por meio de um estudo realizado pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), que ficou atestado, por meio de análises de satélite e geoprocessamento, que o pouco conhecido rio percorria 49 km a mais do que o São Francisco, antes do ponto de confluência dos dois cursos d’água.
Na prática, a descoberta chancelou cientificamente que o rio São Francisco é, na verdade, um afluente do rio Samburá. “Certamente o Samburá comporta três vezes o volume do São Francisco, no seu encontro. Então, faz toda a diferença como contribuição de volume de água. Aliás, todo e qualquer riacho, córrego e nascente são de extrema importância para a constituição desse imenso rio”, diz o fotógrafo.
Piancastelli encontrou, na região, cachoeiras, nascentes, córregos e pequenas praias no leito do rio, acompanhadas por extensas formações de cânions. Mesmo diante dessa exuberância, ainda não há um movimento consciente de ações que visem resguardar a região. “Senti que o pessoal da cidade não tem contato próximo com a nascente. Talvez pela grande distância, fica a 1h30 da cidade, com acesso por estradas de terra”, diz Piancastelli. Durante o tempo em que esteve na região, o fotógrafo registrou o rio Samburá, desde a nascente até a confluência com o Velho Chico, incluindo boa parte do ecossistema e dos modos de vida que dependem da bacia hidrográfica, a exemplo dos moradores locais, ao longo dos quase 1.800 km² de área pertencente à Bacia do Rio Samburá. “Busquei mais as paisagens no entorno do rio e em seus afluentes. Claro que as pessoas fazem parte daquele ambiente, então, não poderia deixar de fotografá-las junto à cultura local”.
Abordando esse cenário, foram selecionadas 110 fotos para o livro, distribuídas em 144 páginas, que também incluem textos do jornalista Luiz Guilherme Ribeiro, especialista em gestão ambiental, e responsável por elaborar as análises sobre os contextos ambientais e sociais das Bacias do rio Samburá e do rio São Francisco. A maioria das fotografias são coloridas e expostas em página inteira, valorizando a amplitude deste patrimônio a céu aberto, distribuído em formato de um complexo labirinto de cursos d’água, que atravessam e enriquecem a vida do país.
Sobre Fernando Piancastelli
Fotógrafo desde 2002, Fernando Piancastelli atuou em diversas publicações no segmento de Ecoturismo. Realiza trabalhos fotográficos para os Comitês das Bacias do Rio das Velhas, São Francisco e Rio Pará. Sua formação em Turismo, com pós-graduação em Meio Ambiente, somados à experiência profissional na área, proporcionaram a prática da fotografia de natureza aliada à conservação ambiental. Atualmente vive em Lagoa Santa, onde também trabalha com fotografia de estúdio.
Serviço:
Lançamento “Samburá: à sombra de um rio”, de Fernando Piancastelli
*Belo Horizonte – 19/11, sábado – Das 11h às 15h
Livres Livraria – Mercado Novo (Av. Olegário Maciel, 742, Centro – 3°andar, corredor E, loja 3085) – Entrada franca
*Medeiros (MG) – 23/11, quarta-feira – A partir das 8h30
Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) (Praça José de Faria Leite, 154, Centro) – Entrada franca
Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Fotos: Fernando Piancastelli