O projeto “Água e vida no semiárido: produzindo alimento e resgatando a autonomia financeira dos agricultores”, que prevê a instalação de cisternas para captação das águas das chuvas em Barra do Mendes (BA), avançou mais uma etapa no último dia 09 de março. Através de plataforma virtual, estiveram reunidos representantes do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Agência Peixe Vivo, Associação Comunitária de Vereda de Baixo, moradores do povoado de Retiro e profissionais da COBRAPE responsáveis pela apresentação do Termo de Referência (TR) para execução do projeto.

A Comunidade Vereda de Baixo está situada no semiárido baiano e é formada basicamente por agricultores familiares, mas a produção é suscetível aos impactos da estiagem, ocorrendo prejuízos frequentes e até falta de água para consumo humano. Para reverter esse quadro, a Associação Comunitária Vereda de Baixo solicitou a construção de 30 cisternas de produção para associados, mas o CBHSF está financiando 25 cisternas de placas de 16 mil litros para consumo humano e 30 cisternas de enxurrada de 52 mil litros para produção, atendendo 03 povoados de Barra do Mendes.

No encontro virtual do dia 09, a COBRAPE fez a apresentação do TR para aprovação dos demandantes do projeto. O documento apresenta o escopo do serviço e as diretrizes a serem seguidas na execução das intervenções e ações previstas com foco na sustentabilidade hídrica da região. Entre os objetivos do TR, além da construção das 55 cisternas, estão a capacitação das famílias em produção agroecológica/orgânica, realização de cursos sobre comercialização da produção e mercados institucionais e inserção das famílias beneficiadas na feira da sede do município. Também estão programadas ações de educação ambiental e capacitação de gestão da água para consumo humano.

Profissionais especializados da COBRAPE estiveram em Barra do Mendes nos dias 15 e 16 de dezembro de 2020 fazendo a vistoria dos locais a serem contemplados com as cisternas, além do cadastramento dos beneficiários. Estes foram definidos pela Associação Comunitária de Vereda de Baixo, Associação Comunitária São Sebastião e Associação Comunitária do Retiro e validados de acordo com critérios técnicos, com diferenças entre as cisternas de produção e aquelas para consumo. Ao todo, serão 55 beneficiários, divididos entre os povoados Vereda de Baixo, Largo da Boa Vista e Lavrado.

Sabrina Araújo, representante da COBRAPE, apresentou o escopo do projeto, descrevendo os serviços a serem realizados, como reconhecimento do solo por sondagem, escavação mecânica, fabricação de placas cimentícias, execução da laje e contrapiso, construção da parede, rebocos interno e externo, montagem da cobertura, aterramento, abastecimento inicial das cisternas de modo a serem entregues com 8 mil litros de água para consumo imediato e 26 mil litros para produção, manutenção dos telhados que não estão em boas condições, instalação de bomba manual e descarte das primeiras águas.

Para informar à população sobre o projeto, sua justificativa e importância, será realizado um Seminário Inicial, com participação de membros do CBHSF, Agência Peixe Vivo, Prefeitura Municipal e famílias beneficiadas. Somente após a realização deste seminário é que as intervenções propostas começarão a ser implementadas. Ainda dentro do escopo de trabalho de mobilização social, estão previstas mobilizações in loco, que consistem em visitas aos beneficiários para validação do Termo de Aceite da instalação das cisternas, esclarecimentos sobre as ações e estreitamento dos laços entre os agentes envolvidos no projeto.

Com o objetivo de capacitar as famílias beneficiadas serão oferecidos dois cursos, com duração de 2 dias cada um, sobre como efetuar a manutenção das cisternas construídas, como cuidar da água reservada e fazer o planejamento das atividades produtivas. Após a conclusão do projeto, será realizado um evento para apresentação dos resultados e sensibilização da população sobre a necessidade de manutenção das estruturas implantadas.

“Esse projeto, que agora avança em mais uma etapa, contribui para a Segurança Hídrica de famílias do semiárido e também para a segurança alimentar e nutricional da comunidade”, observou Ednaldo Campos, coordenador da Câmara Consultiva Regional (CCR) Médio São Francisco. A expectativa é que a execução do projeto dure em torno de 8 meses e beneficie indiretamente toda a população do município com produtos livres de agrotóxicos e com selo agroecológico.

Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Mariana Carvalho
*Foto: Manoela Cavadas