Desmatamento, assoreamento, poluição aquática, uso indiscriminado de agrotóxicos, presença de espécies fora do ambiente natural são alguns dos problemas identificados pela expedição realizada na região do Baixo São Francisco, entre Alagoas e Sergipe em outubro do ano passado. O trabalho, realizado por pesquisadores, professores e estudantes da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), com participação de diversas instituições, contou com o apoio do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF). O resultado da expedição foi transformado em documento e será entregue ao Comitê, no qual aponta soluções, ações a serem desenvolvidas a curto, médio e longo prazo e poderá servir de base para criação de um programa de monitoramento do Rio São Francisco.
O coordenador da expedição e professor da Ufal, Emerson Soares, explica que os problemas identificados surpreenderam a todos pelos altos índices de agressão ao Velho Chico. Ele confirmou que já conseguiu apoio financeiro do governo federal para repetir o levantamento na região no mês de novembro. Com isso, será possível comparar os resultados após o intervalo de um ano e saber o que mudou, após algumas modificações de cenário, a exemplo do aumento da vazão defluente, entre outros. “O aumento da salinidade provocou a mudança de cultura para muitos agricultores, que plantavam arroz e isso impactou, inclusive, na saúde dessas pessoas, porque passaram a manusear agrotóxicos. Como aumentou a vazão, vamos fazer o comparativo com o quadro atual”, explica Emerson Soares.
De acordo com o professor da Ufal, outra situação de grande preocupação é o lançamento de esgotos no rio. A equipe que atuou nessa área constatou um índice altíssimo de coliformes fecais, em todas as cidades estudadas, desde Piaçabuçu, até Traipu, em Alagoas. Os estudos apontaram parâmetros físico-químicos acima dos aceitáveis, como nitrato, substância cancerígena.
Com tantos problemas identificados, não é novidade o surgimento de conflitos de toda ordem. “Como o assoreamento aumentou bastante na região, isso tem ocasionado problemas. Há conflitos agrários entre pescadores e agricultores e que mais causam prejuízos às populações que vivem no entorno do rio”, explica Emerson Soares. Na próxima etapa do trabalho, o pesquisador pretende entrar numa outra área, que é a de micro plásticos. Isso porque, no ano passado, foram coletadas amostras de peixes vendidos nas feiras e que se apresentam como sendo de má qualidade.
A suspeita é de que sejam encontradas as pequenas partículas de plástico no interior de espécies lacustres que são levadas ao consumidor. “Falta muita ação de educação ambiental”, comenta Soares. A próxima expedição, garante ele, trará subsídios para a criação de monitoramento do Rio São Francisco e ambientes aquáticos de Alagoas e Sergipe. Segundo ele, isso vai gerar informações confiáveis e em tempo real e poderá apontar a eficácia das ações. Ele reforçou que os resultados estão sendo organizados e impressos para ser entregue ao CBHSF na forma de documento para nortear decisões do colegiado e iniciativas futuras em favor do rio.
Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Delane Barros
*Fotos: Edson Oliveira