Presidente do CBHSF faz relato de reunião pública durante encontro da ANA

03/09/2018 - 16:57


O sucesso da primeira reunião pública realizada pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) em Propriá (SE) para discutir os impactos de uma enchente no São Francisco foi relatado pelo presidente do colegiado na manhã desta segunda-feira (3 de setembro) durante reunião realizada pela Agência Nacional de Águas (ANA), em Brasília (DF). A atividade do CBHSF foi executada para alertar a população sobre os impactos da ocupação irregular no chamado rio da integração nacional diante de uma elevação brusca do nível do manancial.
A reunião da ANA acontece quinzenalmente com o objetivo de discutir as condições hidrológicas da bacia do São Francisco e é transmitida por videoconferência para os estados inseridos na bacia. Anivaldo Miranda participou da reunião através de videoconferência a partir do escritório do CBHSF em Maceió. Ele relatou o espanto inicial quando iniciaram as divulgações sobre o evento. “Inicialmente, as pessoas riam, mas fizemos um trabalho intenso de divulgação, as pessoas compareceram à reunião e entenderam o nosso alerta”, disse Miranda, que também agradeceu a participação dos parceiros que estiveram presentes no evento, a exemplo da própria ANA, da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Defesa Civil, entre outros.
Miranda também fez uma ligação com o caso do incêndio do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, consumido pelas chamas no final da noite de domingo, dia 2. “Fomos surpreendidos por essa triste notícia no final de semana. Trata-se de um patrimônio da humanidade. Também tivemos o incêndio no laboratório brasileiro na Antártida, ou seja, os acidentes acontecem e a ação preventiva do Comitê do São Francisco tem esse objetivo, de nos prepararmos para eventos adversos, então nosso objetivo foi atingido e estão todos de parabéns”, disse o presidente do CBHSF. Anivaldo Miranda reforçou que programação idêntica será realizada pelo colegiado no próximo dia 17, em Petrolina, e no mês de outubro, em Pirapora (MG).
O superintendente de Operações e Eventos Críticos da Agência Nacional de Águas, Joaquim Gondim, assumiu o compromisso de que, encerrado o calendário das reuniões públicas, seja feito um resumo ou relatório contendo o resultado de tais atividades e, a partir daí definir os próximos passos. “Num período de crise, esse fórum que realizamos aqui quinzenalmente é essencial”, considerou ele. Como exemplo, Gondim citou o caso da bacia do Rio Madeira que, devido a enchentes, eram realizadas reuniões quase diariamente.
A procuradora do Ministério Público Federal (MPF) de Sergipe, Lívia Tinoco, também presente à videoconferência, teceu elogios à iniciativa do Comitê, mas fez uma ressalva. “Quero aproveitar para solicitar que, nas futuras reuniões, sejam utilizados menos termos e informações técnicas, porque a população não alcança. Faço esse apelo a fim de proporcionar mais qualidade ao debate”, argumentou Lívia. A professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Yvonilde Medeiros, também parabenizou a ação do Comitê. “Aprendemos a conviver com a crise”, resumiu ela.
Sem Chuva
Ainda durante a reunião que analisa as condições hidrológicas da bacia do Velho Chico, a equipe técnica do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) apresentou o levantamento quanto ao registro de chuvas na bacia hidrográfica. De acordo com Marcelo Seluchi, coordenador-geral de Modelagem, até o início do período úmido da bacia, previsto para meados de outubro, não há previsão de precipitação considerável no São Francisco.
Ele explicou que período chuvoso se caracteriza com o registro de, pelo menos 3mm (milímetros) de chuva, por no mínimo cinco dias seguidos. “E essa previsão só existe para meados do próximo mês”, ressaltou Seluchi.
Diante do cenário exposto, o Operador Nacional do Sistema Elétrico reforçou que as premissas na bacia do São Francisco são de uma defluência de 267 metros cúbicos por segundo (m³/s) no reservatório de Três Marias, em Minas Gerais, devendo aumentar para 275m³/s no final de setembro e para 285m³/s no final de outubro.
Além disso, o reservatório de Sobradinho, na Bahia, opera com 700m³/s e deverá aumentar para 720m³/s no final de setembro, para manter o nível mínimo de 20% em Itaparica, em Pernambuco, enquanto que a média de Xingó, em Alagoas, permanece em de 598m³/s. Diante dos números, até o dia 1º de outubro, o volume útil de Três Marias deve sair de 38,81% atualmente para 35,34%; em Sobradinho, de 28,55% para 25,57%; e Itaparica, de 21,83 para 20,18%.
Para possibilitar que o maior número de entidades participe da próxima reunião pública promovida pelo CBHSF para discutir os impactos da ocupação irregular das margens do São Francisco diante de uma enchente, o superintendente da ANA, Joaquim Gondim, alterou o calendário das reuniões promovidas pela agência federal. As reuniões que analisam as condições hidrológicas do Velho Chico, nesse mês, serão realizadas nos próximos dias 10 e 24, sempre a partir das 10h, horário de Brasília. As reuniões contam com representações dos mais diversos segmentos ligados às causas do Rio da Integração Nacional.

*Texto: Delane Barros