O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, proferiu palestra nesta sexta-feira (6 de abril) sobre o tema “A questão hídrica e o desenvolvimento socioeconômico regional”, durante a abertura da 53ª Reunião do Conselho de Representantes da Associação dos Funcionários do Banco do Nordeste do Brasil (AFBNB), em João Pessoa (PB).
O evento, que é realizado semestralmente, reuniu trabalhadores de todas as unidades do BNB, eleitos por seus pares para representá-los junto à AFBNB, além de presidentes de sindicatos e diretores de entidades da região Nordeste e de estados como Espírito Santo e Minas Gerais.
No painel de abertura do encontro, o presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda, destacou que o meio ambiente e os recursos hídricos são questões fundamentais para desenvolvimento sustentável do Brasil. Segundo ele, toda estratégia de crescimento deve levar em consideração algum nível de disponibilidade hídrica. “A água é o principal insumo. Não só da vida, como também da economia. Ela é essencial para a produção e a reprodução das condições de existência das pessoas. Então, conciliar as perspectivas de crescimento econômico com a gestão sustentável da água é sinônimo de desenvolvimento”, afirmou.
Anivaldo Miranda ressaltou que as estratégias para a viabilização do desenvolvimento variam de acordo com o país e com a região. Para o Nordeste, destacou, o ideal seria a elaboração de um projeto nacional específico para a região semiárida, que possui aproximadamente um milhão de quilômetros quadrados e ainda não dispõe de estratégias voltadas para o seu pleno desenvolvimento.
“A cada estiagem prolongada, os impactos negativos são muito grandes, mas não estamos condenados a vivenciar tantas perdas econômicas nos períodos de seca. É possível promover um tipo de desenvolvimento adaptado às características e aos potenciais da própria região. Um projeto permanente tornaria o problema da estiagem uma oportunidade, porque o nosso semiárido é bastante viável”, declarou Anivaldo Miranda.
O presidente do CBHSF ressaltou a importância do evento promovido pela AFBNB, uma vez que o rio São Francisco representa 70% da disponibilidade hídrica da região Nordeste e ainda atende o norte de Minas Gerais. Essas áreas (onde está inserido o semiárido) são o foco de operações do BNB e também o recorte territorial de atuação do CBHSF. Para Anivaldo Miranda, qualquer estratégia de desenvolvimento que o BNB contemple tem, inevitavelmente, que ser articulada com a gestão sustentável dos recursos hídricos na Bacia do São Francisco.
“O BNB é uma grande instituição, feita por pessoas extremamente competentes e essa iniciativa da AFBNB, de trazer o Comitê para expor aqui o nosso trabalho, enquanto colegiado que representa a luta pelo uso sustentável da água e gestão dos recursos hídricos, foi um casamento muito feliz. Daqui para frente teremos uma trajetória conjunta muito proveitosa para os interesses de todos os habitantes da região Nordeste e do Norte de Minas Gerais”, afirmou o presidente do CBHSF.
A diretora-presidente da AFBNB, Rita Josina, destacou a relevância das discussões acerca da questão hídrica associada ao desenvolvimento regional. Segundo ela, há 32 anos a AFBNB está inserida no debate regional referente às questões relacionadas ao Nordeste, ao semiárido, à redução das desigualdades, à democratização do crédito, da água e das melhores condições de vida da população.
“Trazer essa temática para esse evento é um importante momento de capacitação, de debate e de aprofundamento. Nossos trabalhadores são habitantes da região do semiárido e trabalham com o crédito, com financiamentos. Eles precisam ter o conhecimento das questões que são transversais à questão da água, do Nordeste, do clima e das condições de vida da população”, declarou Rita Josina.
A mesa de palestras e debates da abertura da 53ª Reunião do Conselho de Representantes da AFBNB foi composta pelo presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda e pelo professor titular da Universidade Estadual do Ceará, Alexandre Costa. Esta sexta-feira, primeiro dia do encontro, foi dedicada à realização de painéis. No sábado (7 de abril), dia do encerramento, o foco serão atividades inerentes à agenda interna dos trabalhadores.
*Texto: Juliana Brito
*Fotos: Juliana Brito