A época é de piracema (período de desova dos peixes) e os pescadores estão longe das águas do Rio São Francisco e dos demais cursos d’água brasileiros. Mas, em qualquer tempo, permitido ou não pelas leis ambientais, o técnico em segurança do trabalho Gilson Maia, de 39 anos, se mantém afastado da localidade de Volta Grande. “Há uns 10 anos não consigo ver aquele lugar. Na última vez em que estive lá, chorei de tristeza”, diz Gilson, que sempre gostou de uma pescaria animada ao lado dos amigos. “Quando criança, era bom passear, mas agora ficou difícil. Que natureza vamos deixar para nossos filhos e netos?”, pergunta o pai de Arthur, de 8 anos, lembrando-se da degradação ambiental do trecho do Velho Chico.
Ao lado do amigo e colega de profissão Ricardo Leopoldino, de 45, pai de João Ricardo, de 13, Gilson espera que as autoridades e empreendedores responsáveis recuperem Volta Grande. Nessa localidade, a empresa, então de propriedade de Antônio Luciano Pereira, construiu, na década de 1980, um canal de 250 metros de extensão, com 50 a 80 metros de largura, para fazer um atalho para os seus caminhões e aumentar a área de plantio de cana em 164 hectares. O desvio tornou reto o curso d’água, destruindo as curvas e o ecossistema hídrico num trecho de 7,5 quilômetros.
Os tempos são outros, e a sede de preservação do Rio São Francisco, por parte da comunidade de Lagoa da Prata, continua a mesma, intensa e diversificada. Mas a recente decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), favorável ao Movimento Ambientalista Casca D’Anta, representado pelos advogados de Luz Gustavo Ferreira Carvalho e Mateus Botinha Oliveira – para indenização por desvios no rio na região -, não serviu para animar os integrantes da Associação dos Pescadores Amadores do Alto São Francisco (Aapa).
“Queremos ação efetiva. Já estamos cansados de esperar, de promessas. A nossa grande vitória será o dia em que o Rio São Francisco voltar ao leito normal, como era antes. Disso não abrimos mão”, afirma, com veemência, o presidente da Aapa, Saulo de Castro. Há ações impetradas pelo Ministério Público (MP) estadual, mas nenhuma conseguiu ainda barrar a degradação do Velho Chico ou determinar a recomposição do curso d’água.
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Fonte: Estado de Minas