Parceria entre CBHSF e instituições do Distrito Federal está revitalizando canais no Rio Preto, afluente do São Francisco

17/07/2024 - 18:23

Com o objetivo de aumentar a disponibilidade hídrica na bacia do rio Preto, afluente do rio São Francisco no Distrito Federal, e minimizar conflitos pelo uso da água na região, uma parceria formada entre o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco,  a Agência Peixe Vivo, a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (ADASA/DF), a Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri-DF) e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/DF) resultou no projeto de revitalização dos canais rudimentares de irrigação e construção de reservatórios lonados.

Com alta atividade agropecuária e produção de grãos, pequenas propriedades que dispõem de barragens, reservatórios e canais de condução e distribuição de água para apoiar o desenvolvimento da atividade agrícola, além de pequenos barramentos e captação direta nos mananciais superficiais feitos pelos produtores que fazem uso de canais rudimentares para irrigação de hortaliças, pecuária e agroindústria, enfrentam dificuldades com o acesso à água, e conflitos socioambientais são registrados pela retirada de água dos mananciais acima da capacidade suporte, provocando sobre-exploração e conflitos pelo uso da água entre os irrigantes.

De acordo com o técnico da Emater, Edvan Ribeiro, a ação de revitalização dos canais no Distrito Federal acontece desde 2013. “Essas ações de operação dos canais começaram no ano 2013 e já atendemos 150km, totalizando 65 canais. A maioria desses canais são de pequeno porte e já foram totalmente revitalizados. Eles foram construídos na época da construção da capital com a finalidade de suprir as demandas de água para a irrigação, isso porque temos problema de escassez hídrica: são seis meses do ano em que chove e seis meses que não há chuvas. Então, para produzir alimentos na capital, na época, uma das soluções encontradas foi através desses canais escavados a céu aberto entre as décadas de 1960 e 1980”, explicou Edvan, lembrando que os canais, com o passar do tempo, sofreram degradação nas estruturas provocando problemas de infiltração, contaminação e conflitos entre os usuários.

Ainda de acordo com a Emater, com a nova ação de revitalização será possível eliminar as perdas em 100%. “Com essa parceria a gente vai conseguir tubular 100% dos canais na bacia do Rio Preto, onde existem sete canais. Na maioria ainda não foi feita nenhuma obra de revitalização e em outros falta um pequeno trecho para concluir. Além disso, também vamos realizar uma obra complementar com a revitalização dos reservatórios, instalando uma membrana para evitar as perdas e conseguir maior eficiência. Além do ganho para os produtores que vão conseguir produzir mais, gerar empregos e renda, a gente tem também uma questão ambiental, diminuindo a pressão sobre os mananciais, onde na maioria das vezes, nos canais abertos se costuma tirar uma vazão superior às vazões outorgadas para compensar as perdas, e com essa obra além dos ganhos econômico e social, também tem o ganho ambiental”.

O superintendente de Recursos Hídricos da Adasa, Gustavo Antônio Carneiro reforça que a ação vai atender a única bacia hidrográfica afluente do São Francisco no Distrito Federal, assegurando água para os múltiplos usos, inclusive nos períodos de estiagem. “Essa experiência é a primeira intervenção em parceria com o Comitê do São Francisco na melhoria do rio Preto, por isso é muito significativa, muito importante. Desde que assumi a superintendência da Adasa e participando do Comitê, das reuniões da CCR Alto, percebi que tínhamos uma grande oportunidade de realizar uma ação para essa porção da bacia do São Francisco fazendo com que os usuários entendam a importância do Comitê e dos recursos do pagamento pelo uso dos água. Dessa forma, essa aproximação é importante também do ponto de vista da bacia hidrográfica, onde apresentamos a demanda do projeto para melhorar os canais que derivam quantidade significativa de água dos rios, que já têm baixa vazão, e a ação vai viabilizar o melhor manejo nesses canais. Além disso, se trata de uma demanda que outras bacias têm e esse projeto vai demonstrar sua viabilidade principalmente por assegurar o uso eficiente da água através da união do tripé poder público, usuário e sociedade civil representada pelo Comitê”.

A parceria entre as instituições vai atender diretamente as comunidades de Lagoinha, Curral Queimado, Veredinha, Vereda, Rio Preto, Taquara, Capão Seco e Capão Rico totalizando 22.340 metros e atendendo 70 usuários buscando o engajamento dos produtores rurais beneficiando os mais vulneráveis com maior participação social. Além da otimização do uso dos recursos hídricos com redução das perdas por infiltração e por evapotranspiração e maior controle das retiradas, o projeto visa melhorar a qualidade da água com controle de sedimentos e da poluição, também promovendo maior autonomia e segurança hídrica para produtores com a reservação em micro reservatórios.

O coordenador da Câmara Consultiva Regional do Alto São Francisco, Altino Rodrigues, explica como se deu o início da parceria. “A CCR Alto na busca de integrar todo seu território, esteve inicialmente com o representante da ADASA, o Sr. Gustavo Carneiro, que é membro do CBHSF e, a partir daí, buscamos desenvolver um trabalho conjunto no território do Distrito Federal onde a ADASA apresentou a proposta, que foi levada à CCR Alto, e depois de aprovada por unanimidade, seguiu para avaliação da Diretoria Colegiada do Comitê, que por sua vez avaliou o projeto e o parecer técnico da Agência Peixe Vivo. Fizemos uma visita de campo para conhecer melhor a proposta no final do ano passado e após todo este rito, o projeto foi definitivamente aprovado e seguiu-se para a assinatura do acordo de cooperação técnica dando início às ações que já estão em franco desenvolvimento. Vale destacar que parcerias como esta, envolvendo a ADASA, SEAGRI, EMATER e usuários é fundamental para que o CBHSF possa atingir um de seus objetivos. Esta ação tem por objetivo instalar lonas nos tanques escavados e substituir os canais rudimentares por tubulações, que reduzirão a perda por infiltração e evaporação em mais de 50%, garantindo uso racional e segurança hídrica aos produtos da agricultura familiar, que são a grande maioria no território, além de garantir a vazão ecológica do manancial”, afirmou Altino, destacando que “o investimento feito pelo CBHSF de aproximadamente R$ 5 milhões é pouco frente aos desafios que temos. Entretanto fica evidente que estes acordos dão resultado e atendem as vertentes econômicas, sociais e ambientais, além de serem um bom exemplo de como o pagamento pelo uso dos recursos hídricos está sendo utilizado na bacia do São Francisco”.

 

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco financiou os materiais e o DF está realizando os serviços.

 

 


Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Juciana Cavalcante
Foto: Thiago Lana