ONS apresenta estudo de controle de cheias na bacia do Rio São Francisco

20/08/2018 - 18:20


O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresentou um estudo na manhã desta segunda-feira (20 de agosto) a respeito do controle de cheias no Sistema Interligado Nacional e em particular, na bacia do Rio São Francisco. A apresentação foi realizada pela equipe técnica do órgão durante a reunião promovida quinzenalmente pela Agência Nacional de Águas (ANA), em Brasília (DF), e transmitida por videoconferência para os estados da bacia, na qual analisa as condições hidrológicas do manancial. As explanações confirmam a preocupação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) com o tema.
De acordo com o estudo do ONS, desde 1931 acontece o acompanhamento de cheias no sistema Três Marias/Pirapora, em Minas Gerais, e em Sobradinho/Itaparica, entre Bahia e Pernambuco. De acordo com explicações da equipe técnica, a presença dos sistemas de reservatórios é importante como forma de amortecer cheias e evitar danos por inundação em locais a jusante, ou seja, no fluxo normal da água.
O documento apresentado na reunião aponta, ainda, que a proteção desejada aos locais sujeitos a inundações implica no estabelecimento de restrição de vazão máxima, as quais devem ser atendidas por um ou mais reservatórios situados a montante. “O tempo de recorrência de uma cheia é o inverso do risco de sua ocorrência”, indica o estudo.
O ONS também confirmou a existência de seu Plano Anual de Prevenção de Cheias, no qual estabelece configuração dos sistemas de reservatórios para operação de cheias; volume de espera para cada reservatório; e executa a avaliação dos impactos energéticos no sistema. Há, ainda, uma programação semanal e diária da operação hidráulica no período de controle de cheias, o que possibilita definir a situação de operação dos reservatórios.
Os dados constantes no estudo são encaminhados para a Agência Nacional de Águas, que disponibiliza em seu endereço eletrônico na internet todas as informações. O estudo foi apresentado a pedido do CBHSF e reforça a necessidade e a importância da realização da reunião pública promovida pelo colegiado a partir do dia 31 de agosto, em Propriá (SE). “O objetivo maior é esclarecer as populações ribeirinhas sobre os impactos da ocupação das margens do rio, e não a discussão sobre vazões”, informou o diretor técnico da Peixe Vivo, agência delegatária do Comitê, Alberto Simon, que também participou da videoconferência.
Questionado pelos representantes dos perímetros irrigados sobre construção de novos reservatórios, o superintendente de Operações e Eventos Críticos da ANA, Joaquim Gondim, informou que não tramita nenhum processo nesse sentido na agência federal.
Chuvas
Ainda durante a videoconferência, a equipe do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden) apresentou estudo hidrológico da bacia do chamado rio da integração nacional. De acordo com os dados apresentados, a precipitação na bacia foi praticamente zero na semana que passou e nos próximos dias, a previsão é de chuvas apenas no litoral, sem interferência no nível de armazenamento dos reservatórios.
A equipe do ONS também apresentou avaliação de curto prazo e condições de armazenamento dos reservatórios até o início de setembro. De acordo com o estudo, o reservatório de Três Marias, em Minas Gerais, deve permanecer com a operação de 267 metros cúbicos por segundo (m³/s); em Sobradinho, na Bahia, 670m³/s; e em Xingó, entre Alagoas e Sergipe, 608m³/s.
Com isso, o volume útil em Três Marias sai do nível atual de 40,5% de volume útil, para 39% em 1º de setembro; em Sobradinho, o volume útil sai de 30% para 28,8%; e Itaparica, de 22% para 21,1%.
A próxima reunião da ANA relacionada à bacia do São Francisco está marcada para o dia 3 de setembro, a partir das 10h. A reunião conta com a participação de diversos entes ligados às questões do Velho Chico, a exemplo da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), Ministério Público Federal (MPF), Marinha, perímetros irrigados, entre outros. As reuniões são transmitidas por videoconferência para os estados inseridos na bacia hidrográfica.

*Texto: Delane Barros