O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Anivaldo Miranda, voltou a cobrar uma melhor gestão das águas do país. A fala do ambientalista foi destaque durante o Painel São Francisco, que integrou a programação do XXI Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos (ABRH), que acontece até sexta-feira (27.11), em Brasília.
Para ele, essa eficácia na gestão dos recursos hídricos vai desde o fortalecimento dos comitês de bacias até a mudança na operação das usinas hidrelétricas instaladas ao longo do território do rio São Francisco. “Hoje, o que vemos é uma falência no sistema de recursos hídricos do Brasil. Será preciso repensar o modelo de operação desses reservatórios. As empresas de geração de energia não podem ser o usuário hegemônico. São os usos múltiplos que necessitam se adaptar à bacia como unidade de planejamento, e não o contrário”, lembrou.
Anivaldo Miranda conta que essas recorrentes restrições têm alertado para aparecimento de um novo problema. “O fantasma da qualidade da água do rio. Os prejuízos causados por uma mancha de algas entre Alagoas e Sergipe, no Baixo São Francisco, inviabilizando a captação de água na região, foi um dos exemplos. Precisamos ter uma agenda estratégica a médio e longo prazo para que o São Francisco se prepare para o futuro. Não podemos viver apenas a lógica da demanda, onde todos retiram água, muitas vezes de forma ilegal. Temos que pensar na lógica da oferta”, disse.
O presidente do CBHSF recordou que os trabalhos de atualização do Plano de Recursos Hídricos, iniciado no final de 2014, deverá agregar todas as sugestões dos atores da bacia, caso contrário “a orquestra continuará desafinada”, destacou, em referência ao desconhecimento de muitos órgãos sobre o trabalho, que teve investimentos de aproximadamente R$7 milhões. “Trata-se de um estudo da bacia, e não do Comitê”, ressaltou.
Miranda afirmou também que será necessário investir, sobretudo, em conhecimentos técnico-cientifico dos CBHs. “Conhecimento é poder. O CBHSF tem a obrigação de deter esses conhecimentos. São eles que determinarão as escolhas políticas de crises hídricas que ainda estão por vir”, pontuou. Por fim, reiterou a necessidade da assinatura do decreto de criação do Conselho Gestor de Revitalização da bacia do São Francisco, de posse da Casa Civil da Presidência da República.
ASCOM – Assessoria de Comunicação do CBHSF