Membros da CTCT fazem capacitação em Geotecnologias no município de Delmiro Gouveia (AL)

31/08/2022 - 17:35

No período de 23 a 27 de agosto aconteceu, no auditório da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), no Campus de Delmiro Gouveia, a capacitação em Geotecnologias voltada para os membros da Câmara Técnica de Comunidades Tradicionais (CTCT). O curso, demandado pelos membros da Câmara, tem o apoio do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) e foi realizado em parceria com a universidade.


O coordenador da CTCT, Uilton Tuxá, pontuou que a experiência no curso foi positiva, pois promove um certo tipo de empoderamento para todos os participantes. “Estamos aprendendo a fazer o georreferenciamento de uma área e isso será imprescindível para utilizar quando eu retornar à minha aldeia, bem como vai ser excelente para os demais membros, pois irá favorecer no processo de luta pela regularização fundiária nas regiões de indígenas e quilombolas. Tem a lei que assegura essa proteção, mas a falta de vontade política existe e nós precisamos estar capacitados, com embasamento técnico, para saber lidar com as adversidades que, por ventura, apareçam. Aproveito a oportunidade para agradecer ao Maciel Oliveira, presidente do Comitê, que viabilizou a capacitação, bem como ao Melchior Nascimento, que foi nosso ponto de intermediação entre o Comitê e a UFAL, e a Agência Peixe Vivo que auxiliou na logística dos membros da CTCT para que participassem da capacitação”.

Segundo o professor da Universidade Federal de Alagoas, Kleython Monteiro, que trabalha ao lado de Melchior, a capacitação tratou especificamente sobre base cartográfica para os membros indicados pela CTCT. “Essa base cartográfica permitirá que a gente inicie uma capacitação voltada para o sistema de informações geográficas, sensoriamento remoto e geoprocessamento que foi a segunda parte do curso, onde efetivamente os membros tiveram acesso às atividades práticas entendendo sobre imagem de satélite, produção de mapas, interpretação de mapas, locais de vivências que estão atrelados a essas representações, então a gente tem todo um conjunto inicial introdutório de capacitação teórica e prática, inclusive com o uso de software, como de equipamentos de mapeamento”, explicou.

Monteiro reforçou que os membros poderão usar isso a favor deles, pois irão adquirir conhecimento espacial juntamente com suas comunidades. “Além disso terão agora maior capacidade técnica para fiscalizar e acompanhar todos os desenvolvimentos espaciais feitos em seus territórios, entendendo sobre demarcação de terras, obras que poderão ser realizadas, sobre a necessidade maior ou menor de certos equipamentos sociais, públicos, a partir do entendimento de quais são as variações dos equipamentos que eles já possuem e a população que suas comunidades têm. Eles poderão construir dentro da ideia de sistemas de informações geográficas uma espécie de senso comunitário para cartografar isso de forma prática e fazer comparação com aquilo que é trazido por prefeituras, governos de Estado e essa comparação fará com que eles tenham maior capacidade de saber do que precisam ou não”.


Confira mais fotos da capacitação:


Hawaty Arjer, membro da CTCT que atualmente preside a Associação dos Professores Indígenas Norte e Oeste da Bahia (APINOBA) e representa o Centro de Estudo e Pesca de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais da Universidade Estadual da Bahia, comentou: “Como viemos de uma educação escolar indígena e mobilizações pela terra temos dificuldades de confrontar o governo sobre territórios e essa falta de informação pode ser prejudicial para nossas comunidades. Com a capacitação teremos mais facilidade em identificar o que pode ou não ser benéfico para nós, e tendo mapas e estudos atuais, conhecimento em cartografia poderemos realizar ações e conquistar territórios. Essa ferramenta de contribuição social é de grande relevância e nos qualifica inclusive para as conquistas com relação ao rio São Francisco”.

“Como integrante da CTCT reforço o que foi dito pelos demais membros em relação à importância dessa capacitação. Todos os conteúdos ministrados foram extremamente necessários e contribuirão para que tenhamos maior conhecimento. Poder delimitar espaços e demarcar os locais onde vivemos com embasamento técnico nos traz mais segurança para reivindicar o que for preciso. O método didático de repassar o conteúdo tem sido imprescindível para que consigamos aprender sobre os assuntos ligados à Geotecnologia”, pontuou Rita Ferreira.

De acordo com o professor da UFAL, Melchior Nascimento, a capacitação tem como objetivo qualificar os membros das comunidades tradicionais para uso prático das geotecnologias, especialmente das técnicas de geoprocessamento. “A iniciativa é resultado da parceria da UFAL, por meio de docentes do Instituto de Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente, do seu Programa de Pós-Graduação e do Campus do Sertão”, finalizou.



Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Deisy Nascimento
*Fotos: Deisy Nascimento