Na manhã desta sexta-feira (26), os membros da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco realizaram a primeira reunião ordinária do ano de 2020 por videoconferência. Devido à pandemia e disseminação do vírus Covid-19 o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco vem adotando todas as recomendações da Organização Mundial da Saúde e evitando reuniões e eventos presenciais.
A reunião foi aberta pelo coordenador da Câmara Consultiva Regional, Julianeli Lima, que destacou que enquanto houver a necessidade de isolamento social, as reuniões deverão ser realizadas através de videoconferência. Em entendimento ainda do momento de pandemia, o coordenador ressaltou que, como o processo eleitoral que elegeria a nova diretoria do CBHSF, os membros e as coordenações das câmaras consultivas foi suspenso, há a expectativa pela reunião do Conselho Nacional de Recursos Hídricos que deve definir o organograma dos mandatos das CCRs e do Comitê.
Parte da programação prevista para este ano, a edição da Campanha Eu viro carranca para defender do Velho Chico foi avaliada pelos membros da CCR com o positiva mesmo considerando a impossibilidade das atividades presenciais. “Ficamos satisfeitos com a campanha esse ano, que mesmo nesse molde virtual conseguiu atingir muitas pessoas e instituições. Acredito que com toda a dificuldade enfrentada em relação a pandemia, o resultado foi extremamente positivo e penso que essa dinâmica pode continuar, porque expande a maneira como atingimos as pessoas mostrando o potencial que existe nas redes sociais para o engajamento das populações sobre a urgência de cuidar e revitalizar o Velho Chico, mantendo ele vivo, o que é vital para todos nós, ribeirinhos”, destacou o coordenador Julianeli Lima.
Por outro lado, com projetos que desagradam boa parte da população ribeirinha, o Governo Federal também prevê para a região do submédio a construção de uma usina nuclear. O secretário da CCR, Almacks Luiz, abriu a temática sobre a obra que, de acordo com ele, representa mais riscos do que vantagens. O membro da CCR Johann Gandlinger acrescentou que as diversas experiências no mundo demonstram a inviabilidade do projeto. Segundo ele, os exemplos de mostram prejuízos ao meio ambiente e, em especial, à água, já que o funcionamento das turbinas demanda pelo menos 253 mil litros por segundo.
De acordo com o Plano Nacional de Energia 2050, elaborado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), nove localidades nas regiões Nordeste e Sudeste do país estão sendo estudadas para abrigar usinas. Uma delas ficaria localizada na cidade de Itacuruba, em Pernambuco. Segundo a Eletronuclear, estudos indicam, desde 2011, que a área de Itacuruba apresenta condições ideais para a construção do empreendimento que custaria em torno de R$ 30 bilhões. Além da contrariedade da população, a legislação do estado de Pernambuco proíbe a instalação de usinas atômicas em seu território, de acordo com o Artigo 216 da Constituição Estadual. No entanto, está em tramitação uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC nº 09/2019) que modifica a Constituição pernambucana para permitir a instalação de usinas nucleares.
O coordenador Julianeli Lima ressaltou que está prevista a realização de um seminário sobre a temática que deverá ser realizado, preferencialmente, de modo presencial, por isso deve-se aguardar o período de pandemia para avaliar uma data, caso contrário será realizado de modo virtual. “A Academia Pernambucana de Ciências, através de seus pesquisadores já se colocou à disposição para apresentar, em uma mesa redonda, os desdobramentos desse projeto. Vamos aguardar mais um período sobrecomoficará a resolução da pandemia para agendar a data”.
A reunião foi encerrada após a apresentação do status dos projetos previstos para o Submédio São Francisco.
Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
Texto: Juciana Cavalcante