Mancha identificada no Rio São Francisco em Sergipe é de decomposição natural

08/10/2018 - 16:45
A mancha escura e com mau cheiro, identificada em meados de setembro na região da foz do Rio São Francisco, em Brejo Grande (SE), é de origem natural, proveniente do material vegetal oriundo de acúmulo de macrófitas aquáticas submersas. A informação foi transmitida pela equipe técnica do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) na manhã desta segunda-feira (8 de outubro), durante reunião promovida pela Agência Nacional de Águas (ANA) para analisar as condições hidrológicas da bacia do São Francisco e transmitida por videoconferência para os estados da bacia.
A mancha escura foi identificada por um empresário do setor de turismo da região e as imagens em vídeo foram encaminhadas para o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) e para Ministério Público Estadual de Sergipe (MP/SE). Diante da informação, o presidente do Comitê, Anivaldo Miranda, solicitou uma posição por parte do Ibama. “É um alívio saber que se trata de uma decomposição de material orgânico e vegetal. Entretanto, é importante conhecer outros fatores, como identificar qual a possível influência da cunha salina para aprofundar essa questão”, afirmou Miranda durante a videoconferência. O presidente do CBHSF aproveitou a oportunidade para ressaltar a importância do acompanhamento dos fatos dentro da cultura de agir antecipadamente.
Ainda de acordo com a apresentação feita pela equipe do Ibama, os pontos em que houve o surgimento dessa decomposição serão acompanhados com frequência e o resultado, divulgado para a população. A reação, conforme atesta o documento encaminhado para a ANA e divulgado na reunião, não altera de forma significativa a qualidade da água. O superintendente de Recursos Hídricos da Secretaria de Meio Ambiente de Sergipe (Semarh/SE), Ailton Rocha, reforçou a necessidade de um acompanhamento permanente do problema.
Representante do Ministério das Minas e Energia (MME) na reunião, Carlos Novaes pediu para identificar se o material encontrado e que provocou a mancha é próprio do local ou se é oriundo de outro ponto do rio. O objetivo é conhecer os motivos que levaram a forma como o material se decompôs, se há influência externa, como o lançamento de esgotos, por exemplo.
Chuva
Como sempre ocorre a cada encontro, a equipe do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) apresentou o resultado da avaliação hidrometeorológica para a bacia do chamado rio da integração nacional. De acordo com os dados exibidos, a estação chuvosa na bacia começa a sinalizar o seu início.
Diante disso, a equipe do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresentou a projeção para o índice de acumulação nos principais reservatórios instalados na bacia hidrográfica. A previsão até o final de outubro é de uma defluência de 295 metros cúbicos por segundo (m³/s) no reservatório de Três Marias, em Minas Gerais, a partir do próximo dia 19 e de 305 m³/s depois de 30 dias. Para Sobradinho, na Bahia, a previsão é de uma defluência de 730 m³/s e a manutenção dos 600 m³/s para o reservatório de Xingó, em Alagoas.
Durante a reunião, o superintendente de Operações e Eventos Críticos da ANA, Joaquim Gondim, adiantou que a indicação é de que a acumulação em Três Marias fique num nível adequado, bem como em Sobradinho que deve também apresentar uma recuperação, de até 41% do volume útil do reservatório. Gondim voltou a lembrar da nova resolução que estabelece novos níveis das vazões defluentes e que a mesma só entrará em vigor após acordo entre todos os participantes da reunião.
O encontro é promovido quinzenalmente pela ANA e transmitido para os estados inseridos na bacia através de videoconferência. Participam todos os envolvidos nas questões do Velho chico, a exemplo de irrigantes, pescadores, poder público, Marinha, Ministério Público, Comitê, entre outros. O próximo encontro está marcado para o dia 22, a partir das 10h, horário de Brasília.
*Texto: Delane Barros
*Foto: Divulgação