Durante videoconferência coordenada pela Agência Nacional de Águas (ANA) ocorrida na manhã desta segunda-feira (13) e com a participação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), foi informado que há previsão de retomada de chuvas a partir da próxima quinta-feira, (16).
Diante disso, o governo de Pernambuco informou que vai acelerar os trâmites para concluir o contrato com a empresa que irá executar as intervenções e obras emergenciais, a fim de evitar o rompimento da barragem sobre o Rio Ipanema, em Águas Belas (PE). A reunião em videoconferência foi dirigida pelo representante da ANA, Alan Vaz Lopes, e contou com a presença de representantes da Secretaria de Infraestrutura de Pernambuco, das estruturas de Defesa Civil de Alagoas e Pernambuco, das secretarias estaduais de Meio Ambiente e Recursos Hídricos dos dois estados, além de especialistas em várias disciplinas, sobretudo em engenharia de barramentos.
Anivaldo Miranda, presidente do CBHSF, também acompanhou a reunião, e de acordo com ele, as autoridades pernambucanas disseram que as intervenções emergenciais terão duração de 10 a 15 dias e a intenção é, posteriormente, recuperar a barragem em fundamentos mais seguros. “A princípio a barragem não tem perigo imediato de rompimento, mas existe o temor de que, com a retomada das chuvas possa haver reativação das infiltrações pelo aterro da própria barragem. Esta é a razão pela qual, conforme o Plano de Trabalho já finalizado pelo governo de Pernambuco e que será também encaminhado à Defesa Civil Nacional, que as medidas emergenciais como rebaixamento da soleira, desobstrução da descarga de fundo e outras intervenções imediatas serão levadas a cabo para evitar qualquer possibilidade de que ocorra um desfecho mais grave que é o rompimento”, explicou.
Miranda acrescentou que medidas paralelas, como a melhor definição das manchas de possível inundação, foram passadas em revista. Além disso, tanto do lado de Pernambuco, como do lado de Alagoas foi feito um balanço dos prejuízos causados pela primeira onda no Rio Ipanema, que levou à destruição de casas nos municípios alagoanos de Santana do Ipanema e Poço das Trincheiras. “O empenho agora é manter as famílias que foram desalojadas longe das casas destruídas até que a situação de emergência seja levantada, algo que dependerá muito da intensidade das chuvas previstas para esta semana ainda. Relatos das providências tomadas na área de assistência social aos desabrigados, providências adotadas pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco para preservação de suas linhas de transmissão, monitoramento do tempo de chegada das águas da barragem até as cidades ribeirinhas e diversas outras providências também foram relatadas, permanecendo em pleno funcionamento a articulação de todas as instituições envolvidas no assunto, com nova reunião de avaliação marcada para a próxima sexta-feira (17), às 10 horas”, disse.
Protocolo interestadual de gestão
Em sua participação nas reuniões de monitoramento do problema da barragem e das enchentes no Rio Ipanema, que é um afluente intermitente do Rio São Francisco, o presidente do CBHSF reforçou que já sugeriu às áreas de recursos hídricos de Alagoas e de Pernambuco que já está mais do que chegada a hora dos dois estados fronteiriços analisarem com cuidado a ideia de serem firmados protocolos de gestão conjunta, com a colaboração da ANA, referentes às diversas bacias hidrográficas que lhe são comuns, como é o caso das bacias perenes dos rios Mundaú, Paraíba do Meio e Jacuípe e dos rios federais intermitentes, como é o caso dos rios Ipanema, Traipú e Capiá.
Para Miranda, os dois estados terão muito a ganhar se juntarem esforços nesse sentido tornando suas ações conjuntas mais eficazes para evitar sobretudo que, no que diz respeito aos eventos hidrológicos e climáticos, todos sejam sempre obrigados a agir de maneira emergencial, correndo atrás dos enormes prejuízos causados por fatores como ocupação desordenada das margens dos rios, degradação dos corpos hídricos, deterioração da qualidade das águas, mortes de nascentes, destruição de matas ciliares e inúmeros outros problemas de gestão das águas que precisam ser enfrentados em comum. “A criação dos comitês federais de bacias hidrográficas, a exemplo do Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Mundaú e Paraíba do Meio, que já virou clamor de mais de década e meia de luta, é medida urgente e peça fundamental para essa pretendida colaboração entre Alagoas e Pernambuco na defesa dos seus rios”.
Depois de elogiar a ação competente da ANA, dos governos dos dois estados e da Defesa Civil, entre outros, no monitoramento e solução dos problemas emergenciais causados pela enchente do Rio Ipanema, Anivaldo Miranda citou essa mesma ação como uma prova inequívoca de que essa ampla colaboração pode se transformar em ação, não apenas emergencial, mas sim sistemática, permanente, a ser desenvolvida em tempos de calmaria e normalidade para elevar a gestão dos recursos hídricos de Alagoas e Pernambuco a outros patamares bem mais elevados.
Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Deisy Nascimento