Gestores da Ufal e do CBHSF mostram em Brasília plano para a 6ª edição e garantem apoio do novo ministro da Pesca
A 6ª edição da Expedição Científica do Baixo São Francisco, maior ação do gênero em todo o país, acaba de ganhar um grande aliado. Nesta quarta-feira (25), o novo ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula, ganhou um colete de expedicionário-pesquisador, “vestiu a camisa” e garantiu que fará tudo que for possível para colaborar com a ação, que estuda – e beneficia – dezenas de municípios às margens do Velho Chico entre Alagoas e Sergipe.
O evento (previsto para novembro) é promovido pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) com apoio do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) e outras instituições, como a Agência Peixe Vivo. A apresentação do projeto para a edição deste ano foi feita em Brasília pelo reitor da Ufal, Josealdo Tonholo, e Maciel Oliveira, presidente do CBHSF.
O ministro André de Paula se mostrou ao mesmo tempo feliz com as propostas e preocupado com algumas informações já coletadas ao longo de cinco anos – até pelo fato de seu ministério ser parte da solução.
Uma delas, por exemplo, dá conta de que as águas daquela região específica não têm mais peixe nativo – e que predomina por lá a pirambeba e o pacu, espécies de baixo valor comercial, segundo Emerson Soares, pesquisador da Ufal e coordenador da expedição. Embora, valha ressaltar: na expedição de 2022 chegou-se a registrar a presença de piau-cutia, há tempos ‘desaparecido’.
Outra ‘notícia’ ruim foi exposta pela vice-reitora da Ufal, e também expedicionária, Eliane Cavalcanti: boa parte da população das margens passou a ter sérios problemas renais (além de outras doenças possíveis de serem evitadas e tratadas) em função da concentração de vermes e bactérias na água do rio, resultado das más condições sanitárias.
Vários projetos e minutas de ações foram apresentados ao ministro. Um deles, para o repovoamento de peixes a partir de um projeto-piloto: o uso de uma bacia natural do Velho Chico no município de São Brás (AL), com represamento e controle controlados e seguindo as temporadas de chuva e de seca. Ela serviria de berçário e teria capacidade para até 4 ou 6 milhões de alevinos de espécies mais nobres e melhor valor comercial.
Maciel Oliveira, presidente do CBHSF, lembrou que as ações dos pesquisadores não se limitam aos 10 ou 12 dias de expedição. “É só um ponto de partida. A partir dele, estamos desenvolvendo outros tantos, como a implantação de fossas agroecológicas e banheiros rurais, por exemplo”.
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No fim do encontro, o ministro André de Paula prometeu aos dirigentes da Ufal e do CBHSF que irá participar de um encontro, em junho, em Propriá (SE), com os prefeitos dos municípios da região. Seria uma forma de engajar ainda mais na expedição os gestores públicos. “Nossa ação, hoje, é técnica e voltada diretamente para a população. Mas precisamos dar um salto também político”, diz o reitor Josealdo Tonholo.
Nesta quinta-feira, os organizadores da expedição visitam a ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, e terão encontros de trabalhos na Agência Nacional de Águas (ANA).
Ações/5ª edição
- A expedição levou um barco específico com profissionais de saúde (médicos, biomédicos, enfermeiros, biólogos, farmacêuticos);
- Centenas de exames, triagens (500), consultas (120) e até encaminhamentos de pacientes ao Hospital Universitário da Ufal foram realizados;
- Setecentos kits de higiene bucal foram entregues às crianças das comunidades locais;
- Quatrocentas amostras de água foram coletadas para análise;
- As pesquisas também incluíram estudos específicos sobre os peixes, meio ambiente (mata ciliar e assoreamento) e até arqueologia subaquática.
Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Renato Ferraz
*Fotos: Ascom/Ministério da Pesca