Encontro digital contou com participação do CBHSF e defendeu gestão integrada das águas

O Webinar ‘Gestão dos recursos hídricos subterrâneos: olhando além de poços e rios’, promovido pela Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS), foi realizado gratuitamente no dia 11 de março, trazendo à tona importantes discussões. Com patrocínio do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), a videoconferência foi marcada por debate e exposição de diferentes perspectivas sobre o tema.

A experiência do Velho Chico

O presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda, marcou presença e falou sobre a experiência da Bacia do Rio São Francisco. Destacou, entre outros pontos, a importância da gestão integrada entre as águas superficiais e subterrâneas e da maior articulação entre os diferentes atores envolvidos: “há uma tendência de que as instâncias trabalhem de forma isolada. Isso dificulta, assim como a resistência do poder econômico e a falta de visão estratégica”.

Ainda nesse contexto, ele falou sobre o Pacto das Águas, documento construído pelo Comitê para a proposição de ações coordenadas que deve prever a distribuição da água de toda a bacia, garantindo a sua qualidade e quantidade, evitando conflitos e estabelecendo compromissos e ferramentas de monitoramento e revisão ao longo do tempo.

Entre as metas do Pacto está a definição de uma base georreferenciada comum para a determinação das disponibilidades hídricas (Estados e União), observando as particularidades regionais.

Anivaldo apontou também que “é inútil falar de gestão de recursos hídricos sem a implantação consistente e continuada dos instrumentos de gestão”, tais como sistemas confiáveis de outorga, redes de monitoramento amplificadas, cobrança pelo uso, enquadramento dos rios e comitês de bacias empoderados.

A necessidade de atenção a aquíferos como o Urucuia, que responde pelo escoamento de base do São Francisco boa parte do ano, foi lembrada. Para isso, pediu “vontade política e maior interação das gestões”.

Integração

A Especialista em Regulação de Recursos Hídricos e Saneamento Básico da Agência Nacional de Águas (ANA), Letícia Lemos de Moraes, foi a primeira palestrante do Webinar. Ela frisou que apesar de não ter como atribuição a regulação de águas subterrâneas, a integração dos aquíferos e dos rios tem sido o foco de atuação da entidade.

“Temos interesse nessa gestão integrada bem feita e para isso a gente depende muito da articulação com órgãos gestores estaduais. A própria Lei das Águas 9.433 já coloca isso”, reforçou, destacando o artigo 4º que diz que a União deve se articular com os estados tendo em vista o gerenciamento de recursos hídricos de interesse comum.

Sobre o porquê defender a gestão integrada das águas, pontuou que essa medida contribui para evitar futuros conflitos de disponibilidade entre usos e usuários e, também, para reduzir a possibilidade de danos ambientais importantes, como esgotamento de cursos d’água, salinização em áreas costeiras e colapsos estruturais em regiões cársticas.

Estudo de caso e tecnologia

O presidente do Water Services and Technologies, Nilson Guiguer, apresentou um estudo de caso sobre um aquífero importante do Recôncavo Baiano, área que inclui o norte da Região Metropolitana de Salvador, palco de um expressivo crescimento populacional. O uso dessas águas é intensivo, com previsão de aumento e concentrado em alguns pontos.

Pesquisador e referência na área, Guiguer falou da importância do estudo para quantificar a potencialidade do aquífero e entender o quanto ainda pode ser utilizado, informação fundamental para avançar com uma gestão eficiente das águas.

O fechamento do Webinar ficou a cargo de Fernando Mancini de Oliveira, fundador da G Hidro Monitoramento. De olho nas possibilidades da tecnologia, ele destacou ferramentas para uma gestão integrada e falou sobre a importância da inovação nesse processo contínuo de aprendizado.

“Quando falamos de um poço inteligente, uma captação inteligente, entendemos que isso está sendo monitorado a partir de informações que chegam automaticamente para a plataforma. A capacidade de controle, personalização e otimização aumentam muito numa gestão inovadora”, encerrou.

Assista

O Webinar Gestão dos recursos hídricos subterrâneos: olhando além de poços e rios ainda pode ser assistido gratuitamente no YouTube da ABAS.

O evento faz parte do Congresso Mundial de Águas Subterrâneas 2021 que será realizado pela ABAS, de forma híbrida, em agosto deste ano.

Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Andréia Vitório
*Foto: Léo Boi