Na última terça-feira (05), a Agência Nacional de Águas (ANA) promoveu a videoconferência mensal que tem a finalidade de discutir as condições hidrológicas da bacia do Rio São Francisco. A reunião teve a presença do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), usuários, órgãos do governo, irrigantes, entre outros.
A equipe técnica do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) apresentou todo monitoramento do último mês, bem como previsões e projeções para a Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. A avaliação ocorreu com base nas chuvas dos últimos 15 e 30 dias. Gráficos dos reservatórios de Três Marias e Sobradinho também foram apresentados pelos técnicos.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) trouxe para a videoconferência uma avaliação das condições hidrológicas na Bacia do Rio São Francisco e uma simulação até o final de junho de 2020. Em Três Marias (MG), nas premissas de defluências da simulação, o reservatório da UHE Três Marias está, atualmente, com armazenamento verificado acima dos 60% de volume útil, posicionando-se, portanto, na faixa de operação normal. Nessa faixa de operação, não há restrições de defluências máximas médias mensais. Para as simulações apresentadas a seguir, tendo em vista o elevado armazenamento do reservatório, foram consideradas defluências médias de 450m3/s de 06/05/2020 a 30/06/2020, observando, com folga, o atendimento à demanda do projeto Jaíba. Em Xingó neste mês de maio, as defluências médias mensais serão de 1.300 m3/s, respeitando o valor mínimo estabelecido pela resolução ANA 2.081/2017 e seguindo definição da sala de crise do São Francisco em 07/04/2020. Em junho/2020, as defluências médias mensais vão ser de 1.100 m3/s, respeitando também o valor mínimo estabelecido pela resolução ANA 2.081/2017. Já em Sobradinho, as defluências médias considerando os usos consuntivos mais evaporação da água no trecho Sobradinho-Xingó, garantirão o armazenamento de Itaparica em valor maior ou igual a 30%.
Joaquim Gondim, superintendente de Operações e Eventos Críticos da Agência Nacional de Águas (ANA), destacou a importância dos dados apresentados: “no imaginário de todos ficou que este seria um ano muito chuvoso, mas a parte chuvosa do ano não conseguiu compensar o começo da estação chuvosa que foi muito ruim, então em média ficamos em torno de 90% como colocado pelo Cemaden. Ficamos muito melhor que nos últimos anos, porém em torno de 90% de média”, pontuou.
O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Anivaldo Miranda, atendendo à solicitação do coordenador da Câmara Consultiva Regional do Médio São Francisco, Ednaldo Campos, mencionou a situação da Lagoa de Itaparica (BA) durante a videoconferência. Anivaldo fez um apelo ao IBAMA e ao INEMA para que enviem uma equipe que possa fazer uma fiscalização e a implantação do período de defeso na lagoa com o objetivo evitar que a pesca seja feita de forma errada, já que atualmente a lagoa recebeu água em grande quantidade e justo neste momento os peixes começam a se reproduzir. “É importante evitar que a população de peixes ainda muito jovens sejam pescados. Os especialistas precisam se mobilizar para determinarem o período de defeso, até que os peixes estejam em idade e peso para a pesca. Alguns pescadores são conscientes, mas há outros que não colaboram, por isso pedimos uma maior fiscalização a fim de que tudo seja feito de forma organizada e sustentável. Os representantes do INEMA e do IBAMA se colocaram à disposição para trabalhar de forma conjunta em prol desta ação”, explicou.
Miranda citou também que a Lagoa de Itaparica é a maior lagoa marginal da calha do São Francisco, e ela não existe isoladamente, mas em um mosaico junto a outras lagoas de menor porte, constituindo de fato um berçário importante para a vida aquática, sobretudo no Submédio São Francisco. “O Comitê inclusive já vem agindo no contexto da Lagoa de Itaparica. Infelizmente, há três anos a Lagoa sofreu um processo de seca que ocasionou a morte de milhares de peixes, um dos piores acidentes ambientais na calha do São Francisco. A partir disso, o Comitê fez uma articulação com diversos órgãos parceiros e ficou definido na época um protocolo de providências e ações que seriam executadas por todos os envolvidos”.
No que se refere a esta reunião, Anivaldo Miranda a considerou bem produtiva, pois, segundo ele, “todos nós concordamos com as regras operacionais que foram estabelecidas tanto pela ANA, como pelo Operador do Sistema Hidrelétrico, evidentemente em cumprimento a resolução de 2017 que regulamente a operação dos reservatórios”.
No dia 02 de junho, a partir das 10h, ocorrerá mais uma videoconferência que terá o intuito de avaliar as condições hidrológicas da bacia do Velho Chico. Esta reunião é promovida pela Agência Nacional de Águas e será transmitida para os estados da bacia.
Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Deisy Nascimento
*Foto: Imagem cedida