11/09/2021 - 7:00
No dia 11 de setembro comemora-se o Dia Nacional do Cerrado. A data foi criada em 2003 para marcar a importância do bioma para a biodiversidade do Brasil. Considerado o berço das águas, o Cerrado possui grandes reservas subterrâneas de água doce que abastecem oito importantes bacias hidrográficas, e uma delas é a do Velho Chico.
O Cerrado é central na preservação da água que abastece boa parte do país e tem papel decisivo em um contexto de crises hídricas cada vez mais frequentes, enfrentando a pressão das mudanças climáticas e do desmatamento, que já consumiu 47% da sua vegetação nativa. Em vista disso, especialistas alertam que a conservação do Cerrado é urgente.
Uma das maiores conhecedoras do Cerrado, Mercedes Bustamante é professora da Universidade de Brasília (UnB) e voz ativa na defesa do bioma. Para ela, a conservação do Cerrado, que perde sua vegetação nativa cinco vezes mais rápido que a Amazônia, é um tema urgente que deve ocupar espaço central no debate público. “Só assim as decisões serão tomadas em tempo hábil para mudar a realidade atual, que já traz consequências como a falta de água, além dos serviços ambientais que se perdem com o desmatamento, colocando em risco o futuro de um bioma essencial para o abastecimento de todo o país e que é considerado a savana mais rica do mundo, com 5% da biodiversidade do planeta”, disse.
No entanto, entre repetidas promessas de um modelo de desenvolvimento sustentável, essa região estratégica para o futuro do país tem sua vegetação nativa diariamente consumida, ora pelo desmatamento, ora pelas queimadas. Só não mudam os motivos: ampla margem legal para desflorestamento (80% das propriedades rurais), extração ilegal de madeira e de carvão, avanço desregrado da agropecuária, da urbanização e da geração de energia.
Mercedes Bustamante afirma que existe um censo de urgência para que as devidas atitudes sejam tomadas.
“Muitas pessoas ponderam que é preciso tornar a agricultura sustentável, porque diminui a pressão das áreas agrícolas, e isso é essencial, mas me preocupa o tempo. A gente precisa trabalhar muito mais rapidamente para proteger o Cerrado. O Código Florestal diz que em áreas de Cerrado pode se desmatar até 80%, mas é ‘até’. O desmatamento legal passa por um agente ambiental. É preciso trabalhar com os órgãos ambientais nos estados para que eles percebam esse ‘até’ e ajam em relação a isso, falando, por exemplo: “Olha, você pode desmatar até 80%, mas eu vou te dar autorização só até 50%”. Além, é claro de expandir a rede de áreas protegidas no Cerrado.
O geógrafo Yuri Salmona, diretor do Instituto Cerrados, ONG focada em conservação do bioma esclarece sobre o que pode ser feito para diminuir o desmatamento. “O Cerrado é a savana mais biodiversa do mundo e isso significa oportunidades. A fauna e a flora desse bioma são riquíssimas. O Cerrado produz sementes, frutos, cascas, castanhas, enfim, várias coisas que podem ser produzidas sem desmatar o bioma. Olhar os conhecimentos tradicionais é uma boa forma de manter o Cerrado vivo e ter uma boa relação com ele”, explicou.
Yuri Salmona acrescentou que as comunidades tradicionais desenvolveram modos de vida que valorizam o Cerrado de pé! “O cidadão comum pode refletir sobre a sua forma de consumo: será que o seu tipo de consumo alimenta o desmatamento?”, finalizou.
Assessoria de Comunicação CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: Luiza Baggio
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