Câmara Técnica fez a primeira reunião do ano nesta quarta (13), em Brasília
A Câmara Técnica de Comunidades Tradicionais (CTCT), do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF), vai propor à Diretoria do Comitê a realização de capacitações voltadas às populações tradicionais da região de influência do Velho Chico. As atividades deverão focar no desenvolvimento socioeconômico sustentável das comunidades nas quatro regiões fisiográficas da Bacia, de acordo com a proposta, em cooperação com instituições de ensino superior. A sugestão foi apresentada durante a primeira reunião do grupo deste ano, realizada nesta quarta-feira (13), em Brasília.
Segundo o coordenador da Câmara Técnica, Uilton Tuxá, os conteúdos das primeiras ações de capacitação serão definidos após consultas dos integrantes da CTCT junto às comunidades tradicionais. “Identificamos que é possível trabalhar esse processo de formação dos povos e comunidades tradicionais no âmbito de toda a Bacia, aproveitando as instituições que estão presentes, como as universidades, inclusive como forma de não onerar tanto o custo para o próprio Comitê”, afirmou.
Os membros da CTCT ressaltaram a importância de as ações estarem relacionadas com a recuperação de áreas degradadas, a preservação ambiental e a produção sustentável. A integrante da Câmara ngela Damasceno, indicada pela Colônia de Pescadores Z-12, lembrou que o Plano de Educação Ambiental da Bacia do Rio São Francisco, lançado recentemente pelo CBHSF, prevê atividades de formação continuada na Bacia. “Se o próprio Comitê tem um Plano que prevê a extensão e o braço na Agroecologia, a gente tem a fundamentação necessária para desenvolver as atividades com esse enfoque”, disse. A Câmara Técnica também defendeu a realização de atividades de formação de educadores quilombolas, para qualificar a atuação dos profissionais nos territórios.
No encontro, os integrantes da CTCT discutiram ainda a apresentação de uma proposta à Diretoria do CBHSF para a elaboração de editais de programas e projetos voltados especificamente para as comunidades tradicionais da Bacia. “Os editais ocorrem hoje de forma geral, e as ações voltadas às comunidades tradicionais chegam de forma muito inferior à demanda que existe. Ao pensar programas voltados para esses públicos, com editais específicos, entendemos que há uma chance maior de atender as necessidades que existem”, destacou Tuxá.
A Câmara Técnica também quer realizar levantamentos de dados e informações sobre as populações tradicionais que habitam a Bacia Hidrográfica do Velho Chico, e sobre as áreas ocupadas por essas comunidades. “Essa primeira reunião do ano vai nortear as ações que serão desenvolvidas nos próximos meses. Nós tiramos importantes encaminhamentos, e as propostas serão dialogadas com a Diretoria, para que possam ser executadas ao longo de 2024.”
Chuvas no oeste da Bahia
Os impactos das chuvas em municípios da Bacia do São Francisco também fizeram parte da pauta do encontro. De acordo com o coordenador da CTCT, Uilton Tuxá, a situação em comunidades indígenas e tradicionais da região do Riacho de Serra Branca, no município de Muquém do São Francisco, no Oeste da Bahia, é preocupante. “Nós estivemos no local, produzimos relatório, e de fato há um assoreamento que vem derrubando o barranco do Rio, o que ameaça uma estrada que dá acesso às comunidades. São mais de 3 mil pessoas que dependem dessa via, e a gente espera que o próprio Comitê tome para si a responsabilidade de iniciar as tratativas internamente, e com outros órgãos, para resolver a situação. A estrada precisa estar assegurada porque é o meio de entrada das políticas públicas que atendem aqueles povos”, afirmou.
Campus Intercultural da UNEB
A instalação do Campus da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) no município de Jeremoabo, voltado para Povos Indígenas, Comunidades Quilombolas e Campesinas — resultado de uma parceria entre a UNEB, a Prefeitura e o CBHSF –, também foi celebrada pelos integrantes da CTCT. A professora da UNEB Floriza Maria Sena Fernandes, integrante da Câmara Técnica, atualizou as informações sobre a estruturação do espaço.
“O Comitê da Bacia, junto com a Agência Peixe Vivo e a Pró-Reitoria de Infraestrutura da UNEB estão fazendo os encaminhamentos para, ainda neste semestre, realizar a licitação e começar as obras. Em relação aos projetos pedagógicos de criação de novos cursos, estamos em articulação com as comunidades indígenas e povos tradicionais, e a reitora já criou no Conselho Superior da UNEB o Campus Intercultural, que é o de número 26 da Universidade”, relatou Fernandes.
Assessoria de Comunicação do CBHSF:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: João Pedro Netto
*Fotos: João Pedro Netto