Uma significativa representação dos municípios que compõem a Câmara Regional do Submédio São Francisco, instância do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, esteve reunida nesta quarta-feira (11/11), na cidade de Rodelas (BA) para a consulta pública do Plano de Bacia do Velho Chico. A cidade, que fica às margens do rio, sediou o último encontro da segunda etapa do processo de atualização do Plano Decenal, sob responsabilidade da Nemus Consultoria, que apresentou a uma plateia de mais de 200 pessoas ‘Cenários de Desenvolvimento e Prognósticos da Bacia’. Entre as 20 cidades representadas no encontro estavam Paulo Afonso-BA, Floresta-PE, Santa Maria da Boa Vista-PE, Abaré-BA, Chorroró-BA, Juazeiro-BA, Jacobina-BA, Morro do Chapéu-BA, Itacuruba-PE, Ibimirim-PE, Afogados da Ingazeira-PE e Petrolina-PE.
“O objetivo desses encontros é compartilhar o conhecimento levantado sobre a bacia, e registrar opiniões da sociedade para o Plano, que determinará ações fundamentais nos próximos dez anos”, explicou o engenheiro sanitarista e ambiental Emiliano Santiago, da Nemus, que conduziu a consulta pública, apresentando informações sobre o Submédio São Francisco. A região, que abrange áreas da Bahia e de Pernambuco, é composta de 11 sub-bacias, entre as quais se destacam as dos rios Salitre, Curaçá e Rodelas – rios intermitentes que apresentam cenários de comprometimento da quantidade e qualidade das suas águas. “70% das águas subterrâneas do Submédio são impróprias para o consumo humano. A região representa 21% do consumo das águas da Bacia, e desde o último Plano, elaborado em 2004, apresentou um aumento de 87% no consumo”, destacou Emiliano Santiago.
Ainda de acordo com a Nemus, os principais conflitos registrados no Submédio estão relacionados à dinâmica de funcionamento das hidrelétricas na calha do rio em relação aos outros usos, e o aumento crescente da agricultura irrigada nas sub-bacias. “Os conflitos precisam ficar mais evidentes no Plano, que deve destacar o direito ao território dos povos tradicionais da Bacia”, cobrou a promotora de Justiça Luciana Khoury, que coordena o Núcleo de Defesa da Bacia do São Francisco do Ministério Público do Estado da Bahia.
“Estamos muito satisfeitos em abrigar este debate fundamental, que é a preservação do rio São Francisco, pois se hoje Rodelas ocupa lugar de destaque nacional na produção de côco é graças ao rio. A nossa economia gira em torno do rio”, ressaltou o prefeito da cidade, Emanuel Rodrigues, lembrando que 90% da população do município é formada por agricultores. Ele aproveitou para lembrar a dívida histórica que o Brasil tem com os povos indígenas da cidade. “O povo Tuxá de Rodelas foi relocado pela CHESF e não recebeu terras até hoje. Os indígenas não estão podendo produzir porque não têm terra”, criticou o prefeito.
“É muito importante que, a partir do nosso cotidiano e da nossa vivência com rio, possamos dar a nossa contribuição, garantindo que este Plano de fato possa contribuir para enfrentar as grandes dificuldades que o rio passa”, ressaltou o coordenador da CCR Submédio, Uilton Tuxá, que representa as comunidades indígenas no Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco.
ASCOM – Assessoria de Comunicação do CBHSF