Reunidos nesta terça-feira (05.05) no município mineiro de Pirapora, mais de 50 representantes de comunidades indígenas e quilombolas expuseram as principais dificuldades enfrentadas hoje por seus integrantes tendo em vista a realidade da bacia do São Francisco. No debate, que faz parte das atividades de atualização do Plano de Recursos Hídricos do rio São Francisco, a má qualidade da água foi pontuada como um dos principais problemas nos quilombos. “A água só chega salgada para nós. Além disso, acho que a quantidade de cloro é muita porque a água borbulha quando sai da torneira e a gente tem que esperar um tempo para beber”, afirma Elzina Fernandes de Souza, da comunidade Bem Viver, que fica no distrito de Vila Nova, município de Janaúba.
Alguns dos problemas em comum mencionados pelos quilombolas e indígenas foram o uso excessivo de agrotóxico pelas grandes empresas e por agricultores; as queimadas; o desmatamento; o assoreamento do rio e a estiagem prolongada.
O sociólogo Rafael Arantes, integrante da equipe técnica da empresa Portuguesa Nemus Consultoria, contratada pelo Comitê do São Francisco para atualização do plano, destacou como ponto relevante observado nessa etapa do diagnóstico o fato de existirem 1.023 comunidades quilombolas já reconhecidas ou em processo de reconhecimento, sendo que, destas, 320 comunidades ficam em Minas Gerais.
Já sobre os indígenas, o levantamento parcial da Nemus demonstra que existem 64 terras indígenas em toda a Bacia do São Francisco, seis delas em Minas Gerais. Uma observação feita é a de que apenas 23% do total das terras indígenas da bacia estão em situação regular.
O coordenador da Câmara Consultiva Regional do Alto São Francisco, Marcio Pedrosa, marcou presença na oficina, juntamente com a representante do Comitê de Bacia dos rios Jequitaí e Pacuí, Sirléia Drumond, que deu apoio local para a realização do evento. Na oportunidade, estiveram reunidos também povos quilombolas de Gorutubanos, área urbana de Janauba; representantes da Associação dos Pequenos Produtores e Familiares Quilombolas Alegres, de Januária (MG), além dos povos indígenas Xakriabás, da cidade mineira de São João das Missões.
Veja o calendário completo das ações para atualização do Plano de Bacia do Velho Chico.
ASCOM – Assessoria de Comunicação do CBHSF